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2 | II Série B - Número: 234 | 16 de Junho de 2012

VOTO N.º 68/XII (1.ª) DE PESAR PELO FALECIMENTO DA ARTISTA PLÁSTICA MARIA KEIL

Numa entrevista dada a um jornal, em 2007, Maria Keil dizia: ‗Fundamental é ter-se respeito a si próprio. A gente vai pela vida fora, vai fazendo coisas quando vem a propósito. Tem cuidado para não ser chata para os outros. Dá muito trabalho. E depois chega-se ao fim e a gente vai-se embora. Depois começa-se a pensar: o que é que vai ser de mim debaixo do chão? Vou-me transformar em qualquer coisa. Não sei em quê, mas aquilo tudo junto, se calhar há ouro por causa disso, das pessoas boas que foram enterradas. O ouro, as pedras preciosas são as pessoas boas que morreram e se transformaram. As outras desaparecem.‘ Maria Pires da Silva Keil do Amaral nasceu a 9 de agosto de 1914 e faleceu em Lisboa no passado dia 10 de junho de 2012.
Viúva do arquiteto Francisco Keil do Amaral, Maria Keil nasceu em Silves e estudou pintura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa.
Com uma extensa e diversificada obra em várias disciplinas, Maria Keil distinguiu-se na pintura de painéis de azulejo, tendo realizado, na década de 50 do século passado, a decoração da rede de Metropolitano de Lisboa, obra de responsabilidade de Francisco Keil do Amaral. Voltaria a trabalhar para o Metropolitano de Lisboa em 2009 na decoração da extensão da estação de S. Sebastião.
Participou em várias mostras individuais e coletivas e certames, destacando-se a decoração do Pavilhão de Portugal na Exposição Internacional de Paris, em 1937, a participação na exposição do Mundo Português, em 1940, e na exposição Maioliche Portoghesi, em Florença, em 1970.
Foi ilustradora para publicidade e em 1941 foi distinguida com o prémio Souza-Cardoso pelo seu Autoretrato.
Publicou cinco livros — O Pau-de-Fileira, Os presentes, As três maçãs, para crianças, e Árvores de Domingo e Anjos do mal, para adultos — e ilustrou publicações de autores como Matilde Rosa Araújo e Aquilino Ribeiro, ou coletâneas sobre Bernardim Ribeiro, Castro Alves, Olavo Bilac e Tomás António Gonzaga.
Artista atenta e comprometida com o seu povo, foi uma resistente antifascista, tendo colaborado com a Comissão de Socorro aos Presos Políticos.
Sobre a sua passagem pelas prisões fascistas, Maria Keil dizia: ‗Estive presa em Caxias, porque isto era tudo um exagero. Fomos 50 pessoas ao aeroporto esperar D. Maria Lamas, que vinha de um congresso da Paz. Parece que era um crime terrível (…). Havia lá mulheres completamente isoladas, mas sabíamos muito bem o que lhes faziam. É uma coisa horrível. Aquela gente não merecia o mais pequeno respeito. Aquilo marcou-me, porque entrei no sítio e vi as coisas como elas eram.‘ A Assembleia da República, reunida em Plenário em 15 de junho de 2012, manifesta o seu pesar e expressa a todos os familiares e amigos de Maria Keil as suas sentidas condolências.

Palácio de São Bento, 14 de junho de 2012.
Os Deputados do PCP: João Oliveira — Bernardino Soares — Miguel Tiago — João Ramos — Honório Novo — Paula Santos — Paulo Sá — Bruno Dias — Jorge Machado.

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