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II SÉRIE-B — NÚMERO 48

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VOTO N.º 191/XII (3.ª)

De pesar pelo falecimento do crítico de arte Rui Mário Gonçalves

Morreu no passado dia 2 de maio de 2014, aos 79 anos de idade, Rui Mário Gonçalves, um dos críticos de

arte mais importantes da segunda metade do século XX em Portugal.

Rui Mário Gonçalves nasceu em Penafiel, em 1934. Irmão do pintor Eurico Gonçalves interessou-se desde

cedo pela arte, apesar de ter começado por estudar ciências físico-químicas na Universidade de Lisboa. No

início dos anos 60, vai para Paris como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, tendo estudado com

Pierre Francastel, um dos precursores da sociologia da arte.

Em 1967, iniciou a sua carreira como professor no curso de formação artística na Sociedade Nacional de

Belas-Artes e ensinou ainda nos anos 70 nas escolas de teatro e de cinema do Conservatório Nacional de

Lisboa. Era professor catedrático jubilado da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, no

departamento de literaturas românicas, onde entrou em 1974.

Se a arte portuguesa contemporânea goza hoje de justo prestígio em Portugal e no estrangeiro, tal resulta

não só do mérito dos seus protagonistas como também da ação de um grupo de intelectuais que

persistentemente têm contribuído para a sua divulgação e valorização. De entre esses intelectuais, onde seria

justo lembrar o papel de José Augusto França, pioneiro da crítica e da moderna história de arte em Portugal,

destaca-se Rui Mário Gonçalves como um promotor da crítica séria e fundamentada, especialmente enquanto

Presidente da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA), da qual era membro fundador, entre 1971 e

1973 e entre 1998 e 2001.

Acompanhou e estudou profundamente os artistas da sua geração tendo sido decisivo para a divulgação

dos grandes movimentos artísticos que marcaram o século XX.

Por entre a sua bibliografia podem destacar-se: Pintura e Escultura em Portugal, 1940-1980 (1980); O

Imaginário da Cidade de Lisboa (1985); Dez Anos de Artes Plásticas e Arquitetura — 1974-84 (em

colaboração com Francisco da Silva Dias, 1985); O Fantástico na Arte Portuguesa Contemporânea (1986);

Pioneiros da Modernidade (1986); De 1945 à Atualidade (1986); Cem Pintores Portugueses do Século XX

(1986); Arte Portuguesa em 1992 (1992); Arte Portuguesa nos Anos 50 (1996); O Que Há de Português na

Arte Moderna Portuguesa (1998); A Arte Portuguesa do Século XX (1998) e Vontade de Mudança (2004).

Homem de esquerda e democrata de espírito aberto sempre e em todas as circunstâncias defendeu os

valores da República, não aceitando fazer a distinção entre a arte e a consciência política.

‘A arte é geralmente a primeira reveladora das transformações que a humanidade deseja. Não é a política.

A boa política é aquela que serve os verdadeiros anseios da Humanidade, e esses verdadeiros anseios são

expressos na melhor arte’, sintetizou Rui Mário Gonçalves numa entrevista em 1997.

Uma razão mais para justificar a homenagem desta Assembleia a um homem que contribuiu para o

prestígio de Portugal.

A Assembleia da República, reunida em Plenário apresenta à sua família e amigos as mais sinceras

condolências

Assembleia da República, 8 de maio de 2014.

Os Deputados, Inês de Medeiros (PS) — Ferro Rodrigues (PS) — Maria Gabriela Canavilhas (PS) — Maria

de Belém Roseira (PS) — Alberto Martins (PS) — José Magalhães (PS) — António José Seguro (PS) —

Miguel Tiago (PCP) — Heloísa Apolónia (Os Verdes) Odete João (PS) — Luís Montenegro (PSD) — Amadeu

Soares Albergaria (PSD) — Michael Seufert (CDS-PP) — Maria Conceição Pereira (PSD) — Eduardo Teixeira

(PSD) — João Semedo (BE) — Catarina Martins (BE).

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