O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

II SÉRIE-B — NÚMERO 15

4

VOTO N.º 228/XII (4.ª)

DE PESAR PELO FALECIMENTO DE ALBERTO ROMÃO MADRUGA DA COSTA, ANTIGO

PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA E DO GOVERNO REGIONAL DOS AÇORES

Alberto Romão Madruga da Costa, nascido na cidade da Horta, ilha do Faial, em 15 de abril de 1940, foi um

dos mais destacados obreiros da autonomia constitucional dos Açores, um dos frutos incontroversos da

democracia estabelecida em Portugal pela Revolução do 25 de Abril.

Militante empenhado pela social-democracia, logo em 1976 foi eleito Deputado à Assembleia Legislativa da

recém-instituída Região Autónoma dos Açores, encabeçando a lista do PSD pelo círculo eleitoral

correspondente à sua ilha natal.

Vice-Presidente do Parlamento Regional e logo depois Presidente, ainda na I Legislatura, teve um papel

decisivo na arrancada da instituição parlamentar, ajudando, pela sua sensatez e bonomia, que lhe granjearam

natural autoridade, a estabelecer praxes de diálogo e entendimento entre todos os Deputados e os respetivos

grupos parlamentares.

Chamado ao Governo Regional, em 1979, para a delicada pasta dos Transportes e Turismo, Alberto Romão

levou consigo as qualidades já demonstradas e revelou, na abordagem e solução dos problemas a seu cargo,

uma grande prudência, que é a virtude por excelência dos governantes. Foi no seu tempo que arrancou a

execução do programa de construção e equipamento dos portos e aeroportos, com o qual se mudou a face dos

Açores e a vivência do povo açoriano.

Tendo regressado ao Parlamento regional em 1984, exerceu funções como Presidente do Grupo Parlamentar

do PSD. Em 1991, foi eleito, em difíceis circunstâncias de crise, Presidente da Assembleia Legislativa, e depois

novamente em 1992, no início da nova Legislatura. Em 1995, assumiu as funções de Presidente do Governo

Regional.

Sempre discreto, recusando exibicionismos de qualquer espécie, Alberto Romão teve altos cargos e deixou

de os ter, soube subir e descer, com requintada elegância e sóbrio desprendimento. Com humildade

democrática, a sua atitude constante foi de inteira disponibilidade para servir onde quer que a sua presença

fosse julgada útil à causa dos Açores.

Foi, até agora, o único açoriano que ocupou sucessivamente os cargos de Presidente da Assembleia

Legislativa e de Presidente do Governo Regional. Recebeu prestigiadas distinções honoríficas nacionais: a Grã-

Cruz da Ordem do Mérito, a Grã-Cruz da Ordem do Infante Dom Henrique; e regionais: a Insígnia Autonómica

de Valor. Mas isso em nada modificou o seu estilo de vida, modesto e simples, nem a sua irradiante simpatia

que tanta admiração e amizades lhe foram conquistando ao longo da vida, entre pessoas oriundas de todas as

ilhas dos Açores, de todas as classes sociais e de todos os quadrantes político-partidários.

Nos últimos anos, já retirado de funções públicas — que, da política, um político nunca se retira —, Alberto

Romão mantinha-se como arguto observador e partilhava com gosto os seus comentários, nem sempre isentos

de alguma apreensão e até amargura, mas sempre, isso sim, motivados pelo seu grande amor aos Açores e ao

regime autonómico democrático, como instrumento de liberdade e de progresso para o povo açoriano.

O seu último combate foi contra a doença que o vitimou e que aliás enfrentou, amparado por sua mulher,

filhos, netos e incontáveis amigos, com exemplar nobreza de caráter.

A geral consternação pela sua morte, ocorrida a 14 do corrente, no Hospital do Divino Espírito Santo, em

Ponta Delgada, foi assumida pelo Governo da Região Autónoma dos Açores, que decretou luto regional por três

dias.

A Assembleia da República, reconhecendo os muitos méritos cívicos e políticos de Alberto Romão Madruga

da Costa e a perda do que a sua morte representa para a Região Autónoma dos Açores e para Portugal, curva-

se perante a sua memória e endereça à família enlutada, bem como à Assembleia Legislativa e ao Governo

Regional, de que foi Presidente, sentidas condolências.

Assembleia da República, 26 de novembro de 2014.

Os Deputados, Luís Montenegro (PSD) — Mota Amaral (PSD) — Carlos Costa Neves (PSD) — Ferro

Rodrigues (PS) — Carlos Enes (PS) — Nuno Magalhães (CDS-PP) — Telmo Correia (CDS-PP).

———

Páginas Relacionadas