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Quarta-feira, 8 de julho de 2015 II Série-B — Número 59
XII LEGISLATURA 4.ª SESSÃO LEGISLATIVA (2014-2015)
S U M Á R I O
Voto n.º 305/XII (4.ª):
De pesar pela morte de Maria de Jesus Simões Barroso
Soares (PS, PSD, CDS-PP, BE e Os Verdes).
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II SÉRIE-B — NÚMERO 59
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VOTO N.º 305/XII (4.ª)
DE PESAR PELA MORTE DE MARIA DE JESUS SIMÕES BARROSO SOARES
Morreu Maria de Jesus Simões Barroso Soares. Com 90 anos de idade, recentemente celebrados, o País
despediu-se hoje de uma mulher que emerge já do seu tempo como uma das figuras femininas mais relevantes
da história contemporânea de Portugal.
Nascida na Fuseta a 2 de maio de 1925 e falecida em Lisboa a 7 de julho, Maria Barroso, como era de todos
conhecida, deixa-nos o testemunho de uma vida ímpar, exemplo de talento, de coerência, de integridade e
coragem cívica, de pedagoga dedicada e de mulher permanentemente atenta e solidária com as causas do bem
comum.
Maria Barroso, mulher e companheira de vida de Mário Soares, com quem casou estando ele na prisão do
Aljube, deixa nos seus filhos, Isabel e João Soares, nosso colega Deputado, o legado de uma vasta missão de
dedicação ao ensino e à valorização da cultura e da elevação cívica da sociedade portuguesa. Revelou-se,
igualmente, um exemplo de mãe coragem que soube atravessar todas as adversidades sem nunca desistir dos
seus princípios e das suas convicções.
Maria Barroso, atriz cujo talento deixou bem expresso no Teatro Nacional e no cinema, como em «Benilde
ou a Virgem Mãe» do realizador Manuel Oliveira, ou na declamação de uma vasta geração de poetas
portugueses, com destaque para os do «Novo Cancioneiro», que disse como ninguém, marca o estilo de uma
modernidade clássica, comprometida com o seu tempo e com os combates pela liberdade e pela democracia
em nome da dignidade de todas as pessoas, sem exceção de condição ou de credo.
A sua determinação pela defesa da liberdade custou-lhe, durante a ditadura, interrogatórios na PIDE, a
carreira como atriz, a proibição de funções docentes no colégio a que sempre esteve ligada e uma vida de
percalços e de perseguições políticas que, todavia, nunca a fizeram vergar.
Maria Barroso foi voz ativa no Congresso Republicano de Aveiro, fundadora do Partido Socialista, Deputada
após o 25 de Abril e, ao lado do Presidente da República Mário Soares, exerceu as funções inerentes à
representação protocolar com a elevada finura do seu modo pessoal, discreto e distinto, que tanto cativou os
portugueses. Mas, sobretudo, Maria Barroso foi a mulher sempre atenta às necessidades dos outros e disponível
para fazer ouvir a sua palavra em defesa da tolerância, da proteção dos mais necessitados, em particular das
crianças, da igualdade de género e dos direitos humanos.
Maria Barroso, à frente de uma instituição de ensino, marcou indelevelmente gerações de alunos.
Na presidência da Cruz Vermelha Portuguesa contribuiu para o incremento dos valores humanitários e a
melhoria dos cuidados de saúde em Portugal e para o aprofundamento dos fatores de paz e desenvolvimento
em vários países de língua portuguesa.
Na presidência da Fundação Pro Dignitate continuou, sem desfalecer, empenhada na sua causa de sempre
contra todas as ameaças de violência e de opressão na sociedade.
Num mundo carecido de valores e de princípios, Maria Barroso testemunhou até ao fim a sua crença de
sempre nas pessoas e a sua fé religiosa com a simplicidade, a ternura e a dedicação que significativamente a
aproximou do Papa Francisco e das suas mensagens como representações do mundo e da necessidade de
reconstituição, a todos os níveis, da dignidade humana.
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Sendo de todo impossível condensar num voto de pesar a riqueza da sua vida, o testemunho da sua ação,
o mérito da sua obra, a exemplaridade das suas causas, a Assembleia da República endereça ao Dr. Mário
Soares, aos seus filhos e netos, restante família e muitos amigos as suas mais sentidas condolências e exprime
perante a sociedade portuguesa o reconhecimento de que a sua morte não significará uma passagem para o
esquecimento porque Maria Barroso permanecerá viva na memória, no coração e na admiração dos
portugueses.
Palácio de S. Bento, 8 de julho de 2015.
Os Deputados, Ferro Rodrigues (PS) — Vieira da Silva (PS) — Ana Catarina Mendonça Mendes (PS) —
Jorge Lacão (PS) — Elza Pais (PS) — Pedro Filipe Soares (BE) — Pedro Delgado Alves (PS) — Isabel Alves
Moreira (PS) — Heloísa Apolónia (Os Verdes) — Luís Montenegro (PSD) — Hugo Lopes Soares (PSD) — Maria
Gabriela Canavilhas (PS) — Luís Pita Ameixa (PS) — Luísa Salgueiro (PS) — António Cardoso (PS) — Rui
Paulo Figueiredo (PS) — Nuno Magalhães (CDS-PP) — Telmo Correia (CDS-PP) — Hélder Amaral (CDS-PP)
— Luís Menezes (PSD) — Marcos Perestrello (PS) — Vitalino Canas (PS) — Ana Paula Vitorino (PS) — Jorge
Fão (PS) — Miranda Calha (PS) — José Junqueiro (PS) — Alberto Costa (PS) — Filipe Neto Brandão (PS) —
Acácio Pinto (PS) — Inês de Medeiros (PS) — José Magalhães (PS) — Eduardo Cabrita (PS) — Luís Leite
Ramos (PSD) — Paulo Pisco (PS) — Manuel Mota (PS) — Miguel Santos (PSD) — Isabel Oneto (PS) — Sónia
Fertuzinhos (PS) — Celeste Correia (PS) — Rosa Maria Bastos Albernaz (PS) — António Braga (PS) — Miguel
Coelho (PS) — Nilza de Sena (PSD) — Eurídice Pereira (PS) — Nuno Sá (PS) — José Lello (PS) — Catarina
Marcelino (PS) — Hortense Martins (PS) — Maria Antónia de Almeida Santos (PS) — Glória Araújo (PS) —
Laurentino Dias (PS) — Maria de Belém Roseira (PS) — Ana Paula Vitorino (PS) — Sandra Cardoso (PS) —
Jorge Fão (PS) — Carlos Enes (PS) — Miranda Calha (PS) — José Junqueiro (PS) — Odete João (PS) —
Ramos Preto (PS) — Jacinto Serrão (PS) — Miguel Laranjeiro (PS) — Alberto Martins (PS) — Mário Magalhães
(PSD).
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