O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

II SÉRIE-B — NÚMERO 11

4

Assim, não pode a Assembleia da República deixar de manifestar o seu mais vivo repúdio e condenação

pelo bárbaro atentado de Ouagadougou e expressar o seu pesar às famílias das vítimas, nomeadamente à

esposa, filhos e restante família do cidadão português António Basto, a quem o Parlamento português endereça,

consternada e solidariamente, os mais sentidos pêsames.

Palácio de São Bento, 20 de janeiro de 2016.

Os Deputados: Sérgio Sousa Pinto (PS) — José Cesário (PSD) — Carla Cruz (PCP) — Edite Estrela (PS) —

Fernando Anastácio (PS) — Bacelar de Vasconcelos (PS) — Ivan Gonçalves (PS) — Sandra Pontedeira (PS)

— João Torres (PS) — Luís Graça (PS) — Rosa Maria Bastos Albernaz (PS) — Eurico Brilhante Dias (PS) —

Wanda Guimarães (PS) — Tiago Barbosa Ribeiro (PS) — Sofia Araújo (PS) — Pedro Filipe Soares (BE) — Carla

Tavares (PS) — Maria Augusta Santos (PS) — António Eusébio (PS) — Júlia Rodrigues (PS) — José Manuel

Carpinteira (PS) — Ricardo Bexiga (PS) — Diogo Leão (PS) — Marisabel Moutela (PS) — Carla Sousa (PS) —

Vitalino Canas (PS).

———

VOTO N.º 32/XIII (1.ª)

DE PESAR PELO FALECIMENTO DO ARQUITETO NUNO TEOTÓNIO PEREIRA

Em 1948, um grupo de jovens arquitetos, entre os quais Nuno Teotónio Pereira, revoltou-se contra a

imposição pelo regime salazarista de um estilo ‘nacional’. E partiram, sob o impulso de Keil do Amaral, à

descoberta da arquitetura popular, procurando um saber antigo e essencial, onde as formas habitadas nascem

da relação entre o homem e o meio. Mais de meio século depois, escrevia Nuno Teotónio, a liberdade de

expressão arquitetónica continuava ameaçada, já não pela ditadura política mas pela ‘ditadura do mercado’.

Traço essencial da sua obra é o facto de ter conferido absoluta prioridade à dimensão social da arquitetura

e à arquitetura como um serviço à comunidade. Foi um dos pensadores estratégicos do SAAL. A habitação

social sempre ocupou lugar central no seu trabalho, com destaque especial para os projetos dos Olivais Norte,

que elaborou com Nuno Portas e Pinto de Freitas, e diversos projetos por todo o País, de que foi responsável

como consultor de Habitações Económicas na Federação das Caixas de Previdência.

Trouxe para Portugal, nos anos 40, a Carta de Atenas, bandeira do movimento moderno, que era

naturalmente mal visto pela ditadura.

Na sua arquitetura, sobressai o cuidado com o lugar central da convivialidade e do encontro, de que é

exemplo especial o Bloco das Águas Livres (em conjunto com Bartolomeu Costa Cabral).

Foi igualmente um nome cimeiro do movimento de renovação da arte religiosa, marcado pela imbricação do

espaço do sagrado na praça pública, como se vê na Igreja do Sagrado Coração, em Lisboa, que desenhou com

Nuno Portas.

Acompanhava com grande atenção e perspicácia as transformações do território, não hesitando em fustigar

as desordens geradoras de desigualdade social, desde os realojamentos forçados no vale de Alcântara, em

1966, às distorções do mercado imobiliário no final do século XX, o escândalo dos fogos devolutos e o

desordenamento e degradação das cidades.

Reclamou medidas públicas para o fim das barracas, prioridade à reabilitação urbana e ao transporte público,

primazia do peão no espaço público, medidas fiscais severas contra o abuso do direito de propriedade. Em

2015, continuava a dizer que o grande desafio para os arquitetos de hoje era o problema da habitação.

Formou o primeiro atelier em 1949 com Chorão Ramalho, Alzina de Menezes e Manuel Tainha. Em 1954, o

atelier instala-se na Rua da Alegria, em Lisboa e, de certo modo, transforma-se na verdadeira escola da

arquitetura de Lisboa, alternativa ao ensino tradicionalista da ESBAL. Por ali passaram grandes nomes, de Nuno

Portas, Bartolomeu Costa Cabral e Pedro Vieira de Almeida a Gonçalo Byrne, Duarte Nuno Simões, João

Paciência ou Pedro Botelho. Deixou profunda marca em todos quantos com ele trabalharam, embora estivesse

sempre a dizer que o mérito era todo alheio e nunca de si próprio.

Defensor incansável da responsabilidade social dos arquitetos, batalhou pela sua organização profissional,

Páginas Relacionadas
Página 0005:
22 DE JANEIRO DE 2016 5 desde o velho Sindicato Nacional dos Arquitectos à Associaç
Pág.Página 5