O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

16 DE MARÇO DE 2016

7

VOTO N.º 47/XIII (1.ª)

DE PESAR PELO FALECIMENTO DE ANA VIEIRA

Quando o País perde um artista, perdemos todos uma parte insubstituível da nossa voz. Ana Vieira, artista

plástica, nascida em Coimbra em 1940, foi uma das vozes subtis, mas perseverantes, que falou pelos

portugueses ao longo da sua vida, através da sua obra, deixando um trabalho original e inspirador que marcou

a arte portuguesa contemporânea.

Faleceu a 29 de fevereiro de 2016, aos 75 anos de idade. De origem açoriana da parte do pai, Ana Vieira

viveu toda a infância nos Açores, facto que irá distinguir de forma indelével o seu trabalho.

Nas suas palavras: ‘Lembro-me que nos Açores, quando chegava da escola, (…) dirigia-me a uma parte da

propriedade mais perto do mar. Nessa zona existiam grandes muros de pedra que abrigavam a vinha da

maresia. Absorvi aquele espaço, a ambiguidade de ser aberto e simultaneamente fechado, de ter passagens,

de implicar um tempo e uma cadência, e, finalmente, as pulsações de um percurso’.

A perceção do mundo e das suas barreiras, a transformação dos espaços em metáforas poéticas, o recurso

a dinâmicas alegóricas sobre iconografia familiar, sobre a habitabilidade, a transgressão, a condição feminina e

a subversão das convenções da arte, fazem da sua linguagem artística um caso singular de originalidade,

destacando-se no cruzamento das diversas disciplinas artísticas.

Expunha desde 1965, realizando a primeira mostra em 1968, onde revelou, desde logo, o seu interesse em

superar a dimensão pictórica do trabalho criativo. Em 1977, Ana Vieira foi uma das participantes na exposição

Alternativa Zero; em 1991 recebeu o prémio da AICA/SEC. Serralves dedicou-lhe a sua primeira exposição

antológica em 1998; em 2010, o Centro de Arte Moderna da Gulbenkian, em colaboração com o Museu Carlos

Machado, apresentou a maior retrospetiva na carreira da artista.

Ana Vieira foi uma artista ousada e inconformada que rompeu muros — os de basalto atlântico e os

metafóricos — da criatividade portuguesa no último quartel do século XX, com o rasgo da sua arte.

A Assembleia da República, reunida em plenário, no dia 16 de março de 2016, manifesta o seu pesar pelo

falecimento de Ana Vieira e endereça aos seus familiares, amigos e admiradores as suas sentidas condolências.

Palácio de São Bento, 16 de março de 2016.

Os Deputados: Gabriela Canavilhas (PS) — Maria Augusta Santos (PS) — Sofia Araújo (PS) — Palmira

Maciel (PS) — João Azevedo Castro (PS) — Wanda Guimarães (PS) — Elza Pais (PS) — José Manuel

Carpinteira (PS) — Vitalino Canas (PS) — Lara Martinho (PS) — Bacelar de Vasconcelos (PS) — João Torres

(PS) — Berta Cabral (PSD) — Rosa Maria Bastos Albernaz (PS) — Carlos Pereira (PS) — Santinho Pacheco

(PS) — Ana Passos (PS) — António Ventura (PSD) — Carlos Cesar (PS) — Edite Estrela (PS) — Júlia Rodrigues

(PS) — Carla Tavares (PS) — António Eusébio (PS) — João Pinho de Almeida (CDS-PP) — Susana Amador

(PS) — Diogo Leão (PS) — Carla Sousa (PS) — Pedro Delgado Alves (PS) — Fernando Jesus (PS) — Rui Riso

(PS) — André Silva (PAN) — Sandra Pontedeira (PS) — Susana Lamas (PSD) — Helga Correia (PSD) — Luís

Moreira Testa (PS) — André Pinotes Batista (PS).

A DIVISÃO DE REDAÇÃO E APOIO AUDIOVISUAL.

Páginas Relacionadas
Página 0002:
II SÉRIE-B — NÚMERO 20 2 VOTO N.º 41/XIII (1.ª) DE PESAR PELO
Pág.Página 2
Página 0003:
16 DE MARÇO DE 2016 3 Nicolau Breyner nasceu em Serpa, a 30 de julho de 1940, e mui
Pág.Página 3
Página 0004:
II SÉRIE-B — NÚMERO 20 4 Gonçalves (PSD) — António Ventura (PSD) — Ab
Pág.Página 4