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17 DE MARÇO DE 2017

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13 ANOS DEPOIS…

Passaram 13 anos desde este estudo. 13 anos em que nada mudou. 13 anos em que a realidade continua

igual ou pior. 13 anos em que o peso excessivo continuou, com implicações na saúde das crianças. Não estará

na mesma, talvez, a maior consciencialização e sensibilização através dos meios de comunicação social, pois

a cada ano letivo surgem novos alertas sobre esta situação. Mas todos sabemos que isso não é suficiente. Não

chega. No ano de 2009, uma tese de mestrado realizada no âmbito do curso de Engenharia Humana, da

Universidade do Minho, revelou que quase dois terços dos alunos se queixavam de dores por causa do peso

que carregam.

A tese intitulada "Transporte de cargas em populações jovens: implicações posturais decorrentes da

utilização de sacos escolares" demonstrou que a maioria dos alunos analisados apresentava alterações

posturais relacionadas com a carga excessiva do material escolar. O estudo avaliou a incidência de desvios

posturais em estudantes dos 6 aos 19 anos (54 rapazes e 46 raparigas), em escolas públicas e privadas,

envolvendo uma amostra de 136 alunos de vários ciclos de ensino.

De acordo com a investigação, a hiperlordose lombar afetava 69% dos estudantes que foram alvo do

inquérito, a antepulsão dos ombros (ombros para a frente) 59% e a projeção anterior do pescoço 49%, motivando

queixas de dor.

A campanha “Olhe pelas Suas Costas”, criada em 2013, pela Sociedade Portuguesa de Coluna Vertebral,

com apoio científico de associações de doentes e sociedades médicas portuguesas, tem como objetivos:

sensibilizar a população em geral para as dores nas costas, alertar para as suas consequências na vida pessoal

e profissional dos portugueses e educar sobre as formas de prevenção e tratamento existentes.

A campanha alerta para o facto de as dores nas costas afetarem 600 milhões de pessoas e de, em Portugal,

sete em dez pessoas já sofrerem deste problema. Outras pesquisas sugerem que 80% das crianças, dos oito

aos dez anos, já têm queixas a este nível. Ainda no início do ano letivo de 2016, a mesma campanha alertou

para algumas medidas que seriam desejáveis para diminuir o peso excessivo das mochilas escolares das

crianças.

Um estudo, realizado no âmbito desta campanha, indica que 28,4% dos portugueses sentem que a sua

atividade profissional já foi prejudicada ou comprometida, de alguma forma, pelo facto de terem dores nas costas

e mais de 400 mil portugueses faltam ao trabalho, por ano, por este motivo.

As crianças são os profissionais de amanhã. As crianças que transportam hoje mochilas muito pesadas

começam cedo a ter problemas de coluna, sendo alguns dos mais conhecidos, a hiperlordose lombar, a

hipercifose torácica, a escoliose, as hérnias discais, entre outras ocorrências.

Quantos mais estudos precisam de ser feitos? Quantas mais evidências científicas serão necessárias?

Quantos mais problemas de saúde as crianças têm de desenvolver? Quantas mais campanhas terão de ser

implementadas? Quantos mais planos ficarão no papel?

As crianças de hoje, adultos de amanhã, representarão gastos ao Estado, tanto no que respeita a consultas

médicas e/ou de especialidade que poderão prolongar-se por vários anos, como no que concerne a baixas

médicas e abstenção profissional.

Sendo um dos objetivos da Direção Geral da Saúde e do Ministério da Saúde a promoção da saúde e a

prevenção de doenças, esta deverá ser uma área de investimento, para garantir que as crianças de hoje sejam

os adultos / profissionais de amanhã, e contribuam para a sustentabilidade económica do país.

Os signatários desta Petição Pública solicitam a intervenção da Assembleia da República, legislando sobre

esta matéria, com caráter de urgência, de modo a resolver este grave problema de saúde pública, tendo em

conta as seguintes propostas:

1 - Uma legislação, com carácter definitivo, que veicule que o peso das mochilas escolares não deve

ultrapassar os 10% do peso corporal das crianças, tal como sugerido por associações europeias e americanas.

2 - A obrigatoriedade de as escolas pesarem as mochilas das crianças semanalmente, de forma a avaliarem

se os pais estão conscientes desta problemática e se fazem a sua parte no sentido de minimizar o peso que os

filhos carregam.

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