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II SÉRIE-B — NÚMERO 21

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terrível notícia do que, em Auschwitz, o homem teve coragem de fazer ao homem.»

Decorridos 75 anos sobre o dia, a 27 de janeiro de 1945, em que teve lugar a libertação pelo Exército da

União Soviética do campo de concentração e extermínio nazi de Auschwitz – Birkenau, as palavras de Primo

Levi sobre o destino do mais de milhão e meio de pessoas que ali perderam a vida continuam a ecoar na

História e a confrontar o presente com os crimes contra a Humanidade que marcaram os anos finais da

primeira metade do século XX.

Decorridas sete décadas e meia, é, porém, com sobressalto que pela Europa e pelo mundo fora se verifica

que o registo histórico do sucedido pode não ter ficado suficientemente enraizado na memória coletiva das

democracias, ao sermos confrontados com o aumento evidente de fenómenos de antissemitismo, de ódio

racial, de homofobia, de recusa do outro, por ser estrangeiro ou diferente, assim como assistirmos ao

recrudescimento de discursos negacionistas do Holocausto e das vidas das suas vítimas, cujo testemunho na

primeira pessoa vai, por força da lei do tempo, começando a desaparecer.

Em 2020, é através do exemplo daqueles que então souberam estar à altura dos seus valores e que tudo

arriscaram e perderam que nos podemos inspirar para assinalar esta missão de preservação da memória.

No ano em que se assinalam 80 anos sobre os atos de Aristides de Sousa Mendes, cônsul em Bordéus no

momento da invasão nazi, figura maior do século XX português, justo entre as Nações, há que recordar e

valorizar a sua recusa em acatar as ordens expressas dos seus superiores hierárquicos, colocando a

dignidade e a vida de milhares de pessoas à frente de quaisquer outras considerações e abrindo uma estrada

de salvação que permitiu a tantas pessoas e famílias escapar aos destinos de horror que a Shoah lhes

reservaria.

Os atos e a vida de Aristides, a luz na escuridão que iluminou os seus contemporâneos, pode e deve

continuar a servir de farol em tempos de novas dificuldades e desafios para a memória coletiva, demonstrando

o valor da resistência ao injusto e desumano.

Assim, a Assembleia da República, reunida em sessão plenária, presta a sua homenagem a todas as

vítimas do Holocausto, renovando o seu compromisso de impedir o esquecimento e promover a educação das

gerações mais jovens na observância dos valores fundamentais, da liberdade, da igualdade e da dignidade

humana.

Palácio de São Bento, 14 de fevereiro de 2020.

O Presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues.

Outros subscritores: Paulo Moniz (PSD) — Nuno Fazenda (PS) — José Manuel Carpinteira (PS) — João

Azevedo Castro (PS) — Pedro do Carmo (PS) — Jorge Paulo Oliveira (PSD) — Cristina Sousa (PS) — Ana

Maria Silva (PS) — Ricardo Leão (PS) — Susana Correia (PS) — Maria da Graça Reis (PS) — Joaquim

Barreto (PS) — Anabela Rodrigues (PS) — Palmira Maciel (PS) — Santinho Pacheco (PS) — Elza Pais (PS)

— Sara Madruga da Costa (PSD) — Cláudia André (PSD) — Carla Madureira (PSD) — Isabel Lopes (PSD) —

Francisco Rocha (PS).

———

VOTO N.º 179/XIV/1.ª

DE PESAR PELA MORTE DE UM UTENTE APÓS SEIS HORAS DE ESPERA NA URGÊNCIA DO

HOSPITAL DE LAMEGO

No passado dia 10 de fevereiro, após seis horas de espera para ser atendido na urgência do Hospital de

Lamego, assistência que não se verificou com a celeridade correspondente, pese embora o caso tenha sido

considerado como urgente pela própria unidade hospitalar, o utente em causa acabou por falecer.

Segundo declarações veiculadas por vários meios de comunicação social, o Centro Hospitalar de Trás-os-

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