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17 DE ABRIL DE 2020

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Académica de sólida formação ética e moral, a quem a ciência muito deve, do seu contributo incluem-se

descobertas fundamentais na área da imunologia, referentes à distribuição de linfócitos T nos órgãos linfóides

de mamíferos.

Mas Maria de Sousa era também escritora e mulher de uma enorme cultura e humanidade, que insistia em

sair da academia e abraçar o mundo, visitando museus com os seus alunos e com eles discutindo as obras em

exibição. Não por acaso, a sua última aula teve como mote «Uma escola sem muros». Estas dimensões

refletem-se ainda de forma tocante no poema que Maria de Sousa escreveu poucos dias antes de partir,

intitulado «Carta de Amor Numa Pandemia Vírica».

Ao longo da sua carreira, Maria de Sousa foi objeto de múltiplas distinções, como o Grande Prémio Bial de

Medicina em 1995, o Prémio Estímulo à Excelência em 2004 e a Medalha de Ouro de Mérito Científico em 2009,

ambos atribuídos pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, e ainda o Prémio Universidade de

Coimbra 2011. Mais recentemente, recebeu o Prémio Universidade de Lisboa 2017.

Foi igualmente condecorada por três Presidentes da República: em 1995 por Mário Soares, com o grau de

Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique; em 2012 por Aníbal Cavaco Silva, com o grau de Grande-

Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada; e em 2016 por Marcelo Rebelo de Sousa, com a Grã-Cruz da

Ordem Militar de Sant’Iago da Espada.

A Assembleia da República, reunida em sessão plenária, manifesta o seu pesar pela morte de Maria de

Sousa, prestando homenagem à Mulher de Ciência e de Cultura e à Cidadã exemplar e endereçando aos seus

familiares e amigos as mais sinceras condolências.

Palácio de São Bento, 16 de abril de 2020.

O Presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues.

Outros subscritores: Pedro do Carmo (PS) — Francisco Rocha (PS) — Ana Maria Silva (PS) — Alexandre

Quintanilha (PS) — Bruno Aragão (PS) — Elza Pais (PS).

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PROJETO DE VOTO N.º 211/XIV/1.ª

DE PESAR PELA MORTE DE LUÍS SEPÚLVEDA

Luís Sepúlveda faleceu aos 70 anos no passado dia 16 de Abril, no Hospital Universitário Central das

Astúrias, em Oviedo, depois de hospitalizado devido à doença Covid-19. Nascido em Ovalle, no Chile, a 4 de

outubro de 1949, Luís Sepúlveda destacou-se como escritor, realizador, roteirista, jornalista, ativista político e

ambientalista.

A obra literária de Luís Sepúlveda conquistou em todo o mundo a admiração de milhões de leitores, com a

distribuição de mais de 18 milhões de exemplares em todo o mundo e a sua tradução em mais de 60 idiomas.

A inegável qualidade da sua obra valeu-lhe um conjunto de reconhecimentos internacionais, dos quais se

destacam o Prémio Casa das Américas, em 1970, e o Prémio Eduardo Lourenço, em 2016, e atribuição de

doutoramentos honoris causa pela Universidade de Toulon, em 2004, e pela Universidade de Urbino, em 2005.

O ativismo político também foi uma das marcas de Luís Sepúlveda, merecendo destaque a sua luta contra a

ditadura de Augusto Pinochet no Chile, em nome da qual sofreu com uma pena de prisão por 3 anos e o exílio

forçado da sua pátria.

Em vida, Luís Sepúlveda foi um ambientalista determinado. Foi membro e correspondente da Greenpeace,

defendeu um modelo de desenvolvimento sustentável, os direitos dos povos indígenas, a preservação da

Amazónia. Participou ainda em diversas ações coletivas de defesa e consciencialização para a importância de

priorizar a preservação do ambiente. A sua defesa pelo «único mundo que temos» é patente na sua obra O

Velho que Lia Romances de Amor, um dos seus mais importantes romances, que dedicou ao seu amigo Chico

Mendes, ambientalista brasileiro e defensor da proteção da Amazónia. Em 2017, na obra Live for Something,

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