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Europa, até porque sabemos que muitas das nossas exportações continuam a ser feitas através de camião.
Portanto, a proximidade com o resto da Europa existe no interior, o que não existia até agora era capacidade de infra-estruturação, de acolhimento, no fundo, de retenção, quer de empresas quer de pessoal mais qualificado, no interior do País por ausência clara de condições de acolhimento e de qualidade de vida.
Neste momento o Censo reflecte essa dinâmica totalmente, e, de facto, penso que é muito importante que comece a haver soluções de urbanidade no interior. Trata-se de um interior com problemas de desenvolvimento, mas já não carenciado, esquecido, "desinfra-estruturado".
Assim, em termos de uma lógica europeia e de uma lógica ibérica, o esforço que está a fazer-se relativamente à criação de condições de acolhimento no interior, o que começa a notar-se claramente em Viseu, na Guarda, em Bragança, em Vila Real, em Évora, portanto, o facto de todos estes concelhos crescerem claramente mais do que a média nacional, significa a inversão do processo de perda contínua para o interior do País.
O que referi, juntamente com as acessibilidades, a rede de gás e as ligações fáceis ao mercado espanhol, acaba por ser uma pré-condição para os incentivos à localização no interior, nomeadamente a competitividade fiscal em termos de IRC, as vantagens para a criação líquida de postos de trabalho, que ficam isentos de uma série de custos de funcionamento para as empresas, o apoio que vem junto com o "pacote da interioridade", como seja o apoio às câmaras municipais para que façam parques e zonas de acolhimento empresarial de qualidade.
Estes são factores que, em conjugação uns com outros, podem criar dinâmicas absolutamente excepcionais para o acolhimento de empresas no interior, o que começa a ser sentido, às vezes, mais por empresas estrangeiras porque têm uma liberdade de opção muito grande, uma vez que à partida não estão presas à posse de determinados terrenos ou à extensão relativamente a empresas que já existiam.
No interior do País começa a notar-se uma dinâmica completamente nova, sobretudo para aquelas empresas que têm uma opção efectiva de localização, isto é, que olham para o território europeu e procuram o melhor sítio para se instalarem. Aí, de facto, o preço dos terrenos, a existência de universidades ou de politécnicos onde há mão-de-obra altamente qualificada, o facto de haver acessibilidade e uma qualidade urbana que já permite a retenção de gestores, de quadros técnicos que conseguem aí criar os seus filhos, viver bem e, portanto, instalar-se de uma maneira confortável, viver bem, o facto de haver já nestes pólos funções terciárias e urbanas razoáveis, constituem um "pacote" que começa a ser altamente interessante, sobretudo no contexto europeu.
E aí gostaria de sublinhar que não é necessário, relativamente ao interior, seguir toda a trajectória que foi adoptada para o litoral, isto é, não há que aguardar, por exemplo, para introduzir vectores ao nível da ciência e tecnologia, da utilização de novas tecnologias, não tem de se seguir um processo gradualista, digamos, como o que se seguiu no litoral.
Aliás, isto começa a acontecer e eu posso dizer-vos que, neste momento, numa dessas AIBT, nas aldeias históricas, se uma pessoa se instalar em Linhares da Beira dispõe de Internet em banda larga e pode consultar tudo o que quiser a nível internacional sem estar num grande pólo urbano.
Neste momento isto começa a acontecer em todas as zonas do interior, onde se dá, de facto, um salto, e só esperamos que as políticas urbanas tenham preocupações de qualidade e evitem o crescimento desordenado que às vezes acompanham estes surtos rápidos. Foi isso o que aconteceu no litoral e é importante que no interior não ocorra nada de semelhante, porque não teremos fundos posteriormente para fazer a correcção dos erros que neste momento cometermos.
Sobre essa dimensão penso que há, de facto, alguma coisa a mudar no País e aproveito para responder já ao Sr. Deputado sobre o que é isso de interioridade e de ruralidade.
Sr. Deputado, relativamente à posição do Governo, não há posições recentes nesta matéria. O discurso do Governo tem-se mantido consistente e, sobretudo desde que eu ocupo esta pasta, tem havido uma constância de intervenção, de apoio e de política coerente no interior do País, o que vem na linha daquilo que o colega que me antecedeu, o ministro João Cravinho, tinha já definido - e lembro que as AIBT foram definidas por ele.
Houve alguns ajustamentos, alguns preenchimentos de lacuna etc., precisamente virados para a interioridade, tais como as opções sobre as redes de ligação ao interior, que são uma pré-condição de desenvolvimento, já que sem isso não há política que se ajuste, porque a fluidez dos contactos é uma pré-condição.
O Plano Nacional Rodoviário existe de uma forma substantiva desde essa altura, o mapa das redes de gás para o interior foi definido pelo Governo anterior, também ele do Partido Socialista e, portanto, desde o início isto tudo e a dinâmica do desenvolvimento vêm junto com opções instrumentais que acabaram por ser rejeitadas pelo povo português, nomeadamente o processo de regionalização.
Portanto, a preocupação com o interior, com a aproximação das políticas dos cidadãos é algo que vem de trás, quer dizer, é uma maneira de estar, assa, é outra maneira de ler a política de coesão, que não é só uma coesão social é também uma coesão territorial, mas que, para além disso, não tem, no que diz respeito à coesão territorial, nenhuma lógica assistencialista, porque isso é, no fundo, não resolver um problema. Logo, o que se pretende é intervir, de uma forma sistemática, em cima de dinâmicas emergentes e estimulando aquilo que estes territórios podem produzir e não dando para lá dinheiro com a ideia de que atirando dinheiro para cima dos problemas eles se resolvem.
Portanto, toda esta política convergente é uma política de desenvolvimento do interior e o rural tem de vir, a meu ver, em torno de dinâmicas onde se vão fixando algumas funções de índole urbana, mas de urbana no interior. Por isso o mapa que nos preocupa, o nosso mapa de referência, é o da interioridade, que o Sr. Deputado com certeza conhece. Como sabe, há legislação relativa ao apoio à interioridade, isto é, às zonas que foram seleccionadas para nelas se fazerem as intervenções preferenciais de taxa de benefício fiscal em relação ao IRC, que vem junto com um conjunto de outras intervenções.
Portanto, o nosso mapa é o da interioridade e fizemos questão de dele não excluirmos pólos - e referi vários - que, estando numa zona de interioridade, têm até em si, isoladamente, indicadores de desenvolvimento bastante razoáveis. Se olharmos para os indicadores de Viseu ou de Castelo Branco, o normal seria excluí-los e nós incluímo-los

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