12 DE JUNHO DE 2014
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O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado António Braga, uma primeira nota para
lhe dizer que, ao ouvi-lo afirmar na tribuna que o Partido Socialista, nestes quase três anos de legislatura,
esteve sempre muito aberto ao diálogo e aos consensos, reportando-se à intervenção de ontem do Sr.
Presidente da República, julgo que o Sr. Deputado devia estar a viver uma realidade que não foi a nossa.
Queria lembrar-lhe dois episódios e perguntar a sua opinião sobre eles.
Julgo que não deve ter estado sentado na sua bancada aquando do debate sobre a criação da comissão
eventual para a reforma do Estado,…
Vozes do PSD: — Bem lembrado!
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — … porque os Srs. Deputados nesta sede, na sede de excelência
onde se dizem disponíveis para os consensos, se recusaram a indicar os Deputados que constituiriam a
comissão para todos juntos discutirmos a reforma do Estado.
Protestos do PS.
Se esta é a vossa visão sobre consensos, os senhores andam muito distraídos!
Foi assim também quando o Sr. Presidente da República, em junho de 2013, pediu ao CDS, ao Partido
Social Democrata e ao Partido Socialista, para que chegassem a um documento onde consensualizassem um
conjunto de reformas importantes para o País. Recorda-se que, na altura, quem falhou esse compromisso,
quem falhou esse consenso foi, novamente, o Partido Socialista?
Portanto, quero dizer ao Sr. Deputado António Braga que não vale a pena. Os portugueses já perceberam
que os senhores dizem uma coisa, mas, na prática, fazem sempre, mas sempre, o seu contrário.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Muito bem!
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Sr.ª Presidente, queria também pronunciar-me relativamente às
decisões do Tribunal Constitucional.
O Partido Socialista, há uns tempos a esta parte, considera que as decisões do Tribunal Constitucional não
podem ser atacadas. Ninguém pode discordar das opiniões do Tribunal Constitucional, ninguém pode colocar
em causa sequer o sistema político em Portugal, ninguém pode discordar ou criticar as decisões do Tribunal
Constitucional. Mas — espanto, Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados — só quando elas são conformes à
opinião do Partido Socialista,…
Vozes do PSD. – Muito bem!
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — … porque quando o Partido Socialista, como já aconteceu nesta
Legislatura, não concorda com as decisões do Tribunal Constitucional, aí está o Partido Socialista a discordar
profundamente e a dizer que elas são manifestamente erradas e desconformes à Constituição.
Ora, queria fazer uma pergunta ao Sr. Deputado António Braga: quando um Sr. Juiz do Tribunal
Constitucional escreve que, neste acórdão do Tribunal Constitucional, se ultrapassa aquilo que é a
conformidade à Constituição e se entra no julgamento da opção e da bondade do legislador, ou seja, há um
juiz do Tribunal Constitucional que diz que este acórdão não conforma a norma à Constituição mas entra no
campo político — o Tribunal Constitucional, na opinião daquele Sr. Juiz, fez política —, qual é a opinião do Sr.
Deputado António Braga? São só os Deputados deste partido que não podem avaliar as decisões do Tribunal
Constitucional?
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Já agora, pergunto: concorda o Sr. Deputado António Braga com a
opinião do eminente constitucionalista — de resto, candidato ao Parlamento Europeu, nas últimas eleições,
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, o Governo rouba nos salários, rouba nas reformas, ataca a contração coletiva, ataca os serviços
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do Orçamento do Estado para 2014 está a tornar-se insuportável. Refiro alguns exemplos
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em encetar uma verdadeira reforma estrutural de um Estado que cresceu desmesuradamente, acumulando
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de médio prazo sobre a sustentabilidade da dívida pública e sobre as reformas para estimular
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do Estado, há reformas dos sistemas públicos —, o que aqui dissemos foi o seguinte: «Há um calendário
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realmente contará deste incidente. No primeiro Orçamento do Estado, quando o Governo, ao arrepio
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