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outros do almirantado, de 25 de Junho, e de 2 de Julho, que o excitarão. forão desobedecidos pelo auditor, sem que se cansasse em dar a razão disso. Esta lhe foi positivamente mandada dar por o outro do mesmo almirantado, de 5 de Julho, e depois de novos requerimentos no conselho, e ao auditor, apparecerão em fim de a 27 de Julho os suspirados editaes, para a arrematação, omittindo-se porém nelles muitos generos igualmente sujeitos á corrupção, como cincoenta e tantas arrobas de tabaco, e muito sabão avariado pelo calor, e humidade dos panes, e muitos artigos de fardamento depositados no arcenal da marinha, os quaes já ao tempo da factura do inventario começavão a ser tocados da traça. Dos generos contidos nos editaes, se demorou ainda a arrematação ale 5 de Agosto, tempo em que se acharão avariados e corruptos, sendo todos de excellente qualidade: quanto aos outros omissos nos editaes, houve novas representações: o almirantado os mandos tambem arrematar (excepto o sabão, e tabaco, que passou já avariado para os armazens do contracto, e he decrer que nada se approveite) por despacho de 8 de Agosto; porém o auditor demorou o cumprimento até 30 do mesmo mez, o que deu lugar a nova queixa do commandante, e só no meio de Setembro passado apparecerão os editaes para a arrematação, sem com tudo se incluirem nelle os ditos artigos de fardamento, e outros generos mencionados nas representações, nem os animaes que se estão conservando vivos a bordo da corveta, e despendendo mais do que valem. Para a ruina dos generos, causada pelas referidas demoras, concorreu tambem a circunstancia de que, fazendo a corveta pelos calores do estão aberto as costuras, e caindo as chuvas por toda a parte, ao ponto de não poder abrigar-se a guarnição, o conselho do almirantado permaneceu surdo as partes que lhe dava o commandante.

As mesmas demoras soffre a causa principal da presa, tomando-se por pretexto a falta de dinheiro para o pagamento dos sellos e custas, corno se causas nacionaes, e publicas podessem retardar-se por tal motivo, ou como se do producto dos generos vendidos não podesse supprir-se aquella falta; porém tudo depende da trapaça, e de minuosas formalidades, com que ministros traparceiros tudo embrulhão, e paralisão contra a expressa disposição das citadas leis.

Os ultimos resultados desta trapaça, de que não póde prever-se o fim, são: 1.° estar o thesouro nacional dependo miais de dois contos de reis por mez com as rações dos prisioneiros, soldos, comedorias, e rações dos officiaes de patente, tropa, e guarnições, que foi necessario augmentar-se a bordo da corveta, e da não S. Sebastião, as quaes tropas poderião ser empregadas ultimamente em outro serviço : 2.° testar a Nação privada da corveta Heroina: 3.° demorar-se o processo dos prisioneiros, que se devera ter remettido as competentes varas do crime da corte, para serem julgados; dando-se-lhe occasião de se munirem de certificados falsos, como se costuma fazer em taes casos: 4.° perderem os officiaes, o a tripulação da fragata Perola, os generos apresados, que a que a lei concedera para estimular as tripulações a cometter tão honrosos feitos.

Peço por tanto se diga ao Governo, que faça effectiva a responsabilidade daquelles, que infringindo as leis, tem dado causa aos referidos damnos, e que faça reparar pelos bens dos causadores. - Borges Carneiro.

Lida segunda vez esta indicação por se declarar urgente, foi admittida á discussão, e se determinou que imediatamente se pedissem ao Governo informações, e explicações a este respeito.

O Sr. Soares Franco, por parte da Commissão de saude publica, leu o seguinte

PARECER.

O curso de estudos da faculdade de medicina na Universidade de Coimbra lie o mais longo que ha na Europa, e ainda que o estatuto que o regula tenha merecido elogios dos sabios, e particularmente dos da escola de Pariz, he com tudo verdade que tem algumas aulas que nem forão adoptadas na nova forma, que se deu áquella Universidade, nem existem em outra alguma; taes são as aulas de medicina, e hydraulica, que formão o objecto do terceiro ano mathematico. Quando pela reforma feita em 1772 se determinou que estas aulas fossem um preparatorio para medicina, houve uma a forte razão, que? ha muito tempo não existe para assim se fazer. Prevalecia então na Etiropa o systema de Boerhaave, que era fundado na mecanica, e na hydraulica: nada havia mais consequente do que fazer preceder aquelle estudo, que dava a explicação dos problemas theoricos da sciencia, segundo o systema então predominante; e qualquer se pode convencer desta verdade, lendo a longa introdução ao estatuto da faculdade de medicina Universidade. Porém no fim de alguns annos começou aquelle systema a caducar, e hoje entra na lista dos que estão inteiramente abandonados. Além disto, pela forma a botanica estava unida ás outras duas partes da historia natural, e a chimica era a unica aula do quarto anno filosofico, chimica que não tinha comparação alguma com a actual, porque os seus progressos desde os tempos de Lavoisier para cá tem sido pasmosos, e extraordinarios. Ha alguns annos a esta parte, a botanica separou-se do primeiro anno filosofico, e veio a formar aula distincta, e collocar-se no mesmo anno em que se dava a chimica, e a phoronomia. Como porém a chimica, e a botanica são preparatorios essenciaes, e indispensaveis para o estudo da medicina, tem sido pratica constante de muitos annos dispensar-se o estudo do terceiro anno mathematico aos estudantes medicos, porque assim não ser assim, era necessario que completassem a sua carreira, não em oito, mas em nove annos, o que é quasi a vida de um homem, e não tem exemplo em Universidade alguma do mundo.

A Commissão de saude publica, tomando em consideração os motivos expendidos, propõe ao soberano Congresso:

Que os estudantes que se destinão para a faculdade de medicina na Universidade de Coimbra, não só são obrigados ao estudo do terceiro anno mathematico.