O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

[1049]

A este tempo entrou o senhor Soares Franco, e pedio ser informado do que se tratava.

O senhor Borges Carneiro informou, e decidio-se - que os Requerimentos fossem remettidos á Commissão para lhes dar a direcção que entendesse.

Tornou-se a discutir sobre a Acta, e disse:

O senhor Pinto de Magalhães, que não se devia tomar já resolução sobre a Acta, pois que era huma Ley regulamentar, que se devia tratar com madureza.

O senhor Castello Branco oppoz-se a esta opinião.

O senhor Presidente propoz- se havia de tomar-se já resolução sobre aquelle artigo da Acta, ou se ficava adiado? e decidio-se que ficasse adiado para a Sessão immediata - E se devia marcar-se dia para comparecer o Ministro? ao que disse

O senhor Brito. - He preciso formar os artigos sobre que deve ser interrogado. A Commissão que está encarregada de ver o processo, que já cá está, he que deve formar os artigos.

O senhor Annes de Carvalho; - Quem accusou he que deve formar os artigos.

O senhor Borges Carneiro. - Ainda que o fim da minha moção de hoje não era esse, eu o farei por escrito sendo preciso.

O senhor Baeta. - He innegavel que o Ministro, tem perdido a opinião Publica, ou parte della; por isso a Assemblea póde hoje decidir: huma vez que lhe foi livre o escolher, assim lhe será livre admittir, se á vista de perder a opinião Publica elle deve ser ouvido.

O senhor Brito. - O illustre Preopinante suppôe que elle tem perdido a opinião Publica: eu sempre aconselharei que nunca se decida cousa alguma sem conhecimento de causa.

O senhor Moura. - A cousa tem chegado a termos que, vindo o Ministro a este Congresso, se ha de verificar huma de duas; isto he, ou elle ha de reduzir a poeira todos os argumentos contra a sua reputação, ou quando sahir já não ha de ser Ministro. O Publico está informado claramente do que se tem tratado neste Congresso. Ou militão ou não militão as accusações contra elle: se militão he consequencia necessaria que deve seguir-se a sua demissão: daqui não ha tergiversação. A minha opinião he que elle venha, e seja ouvido: se elle reduzir a poeira todos os argumentos que se lhe oppuzerem, que gloria! que credito não ganha! mas se os não destruir, quando descer as escadas desta Salla já não deve ser Ministro.

O senhor Borges Carneiro. - Peço que o dia que se assignar para a vinda do Ministro seja depois de a Commissão de Constituição ter dado o seu voto sobre os papeis que lhe forão confiados.

O senhor Freire. - Depois de o negocio ter chegado a este ponto, eu sou de opinião que não se deve demorar, nem metter dias de permeio.

O senhor Presidente propoz se devião apparecer as indicações por escripto?

O senhor Borges Carneiro. - Eu não tenho duvida em trazer essas indicações, ainda que este não era o meu fim (como já disse) porque eu o que queria era dar de comer ao pobre Mestre de Primeiras Letras, e que se attendesse á injustiça, que fazião os Magistrados: depois incidentemente vim a tratar do Ministro. Em consequencia, se quizesse promover a discussão, talvez não fosse obrigado a trazer as indicações por escripto; no entanto, huma vez que seja necessario, eu o farei.

O senhor Castello Branco. - Eu não terei tambem duvida de associar-me ao meu Illustre Collega o senhor Borges Carneiro, com muito gosto o farei sendo necessario; muitos dos Illustres Deputados seguirão o mesmo partido; entretanto acho a cousa mais indecorosa que o Ministro seja chamado para responder a accusações, e que seja, hum Membro da Assemblea que se levante, e se erija em Accusador da mesma Assemblea. O que vejo em todas as Assembleas da natureza desta, he, que se expõe os artigos da accusação, e que a Assemblea decide sobre elles; isto he, se elles são dignos de contemplação, se o Ministro deve ser perguntado sobre elles ou não. Decidido que os artigos são dignos de contemplação, que o Ministro deve ser perguntado sobre elles, julgo que se designa hum individuo da Assemblea para interrogar, não como Accusador de curiosidade, mas como sendo aquelle acto hum acto de ofiicio, sendo o In-terrogente o orgão da Assemblea: de sorte que se considere sempre que a Assemblea toda he que pergunta; e como não pode perguntar tumultuariamente, he hum dos seus Membros que a faz em nome della. Entretanto se o Congresso decidir o contrario, eu sou o primeiro com muito gosto que me associo ao Illustre Preopinante.

O senhor Presidente tornou a propor se devião lançar-se por escripto as accusações contra o Ministro dos Negocios do Reyno, e apresentar-se no Congresso para ser por ellas interrogado? decidio-se que sim, e que se apresentassem na proxima Sessão.

O senhor Borges Carneiro, dizendo que não podia comparecer, ficou de as enviar.

Fes-se chamada nominal e achou-se faltarem os senhores - Gyrão -Antonio Pereira - Canavarro - Bispo de Castello Branco - Trigoso - Jeronymo José Carneiro - João Vicente da Sylva - Ferreira Borges - Xavier de Araujo - Ribeiro Saraiva - Re-bello da Sylva - Paes de Sande= e estarem presentes 90 dos senhores Deputados.

Procedeo-se ás eleições, e em 1.° escrutinio por absoluta pluralidade de 51 votos, sahio eleito Presidente o senhor Moura.

Não houve no 1.° escrutinio pluralidade absoluta na eleição de Vice-Presidente, tendo por maioria o senhor Vaz Velho 29, e os senhores Castello Branco, e Trigoso 14 votos: pelo que entrarão em 2.° escrutinio os senhores Vaz Velho e Trigoso, e concorrendo com o senhor Castello Branco, sahio eleito por sorte com 55 votos o senhor Vaz Velho.

Sahirão eleitos Secretarios os senhores Felgueiras e Ribeiro da Costa por 57, o senhor Freire por 52, e o senhor Falcão por 48 votos - sendo-lhe immediatos o senhor Rodrigo Ferreira da Costa com 25, e o senhor Queiroga com 17 votos.