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que o Governo não possa evitar uma tentativa sobre o norte: sabemos que o antigo partido devorista intenta alguma cousa; entretanto o Governo entende que será melhor combate-lo no campo, e trata-lo depois sem piedade.

O Sr. Leonel: - Que ha conspirações, sabem mesmo aquelles que não são authoridades, que não são Governo, e que não tem meios officiaes de as conhecer porque anda tanta gente por Lisboa a dizer que se quer conspirar, que todo o mundo sabe que se conspira: agora se essas conspirações serão perigosas ou não, é outra questão; mas como elles dizem que conspiram, entendo que não ha de vir dalli grande mal; já se lhe mostrou tanto quanto era necessario, que se não queria sangue, tem-se-lhes mostrado isso por muitas vezes, mas se elles o desejam, seja seu cangue derramado, para evitar que se derrame o dos outros; a generosidade está esgotada, devem, se for necessario, empregar-se outros meios. Creio que muitos de meus Collegas sabem que uma certa pessoa, que exerceu um emprego importante no Alemtejo, tinha partido para Evora alguns dias antes de passar a lei de suspenção de garantias para aquelles districtos; (Rumor) este homem foi alli vêr se achava alguma raiz antiga a ver se a podia aproveitar para brotar alguma nova semente; porém mal soube que o Governo estava authorisado para suspender as garantias naquelles tres districtos, abalou, correu e não parou senão quando lhe disseram que estava fóra do districto de Evora. Para alguns outros districtos do Sul e do Norte, estão a partir outros emissarios, dizem que para conspirar; pois vão, e depois veremos o que acontece, e eu não duvido asseverar, que se elles conspirarem, tantos hão de, ser os Portuguezes que se hão de levantar contra a conspiração,, que a conspiração ha de ser abafada; e então é preciso faze-lo deveras: senão se conseguirem provas legaes, que isso é difficil, isto é, provas para serem levados diante dos tribunaes, é preciso outros meios, porque inter arma silent leges. Entre tanto, isto que aqui se está dizendo ha de produzir grandes pregações, não tem duvida. - Ha poucos dias disse-se aqui que não havíamos de consentir ministerio que não estivesse compromettido na revolução de Setembro; disseram elles, - pois a Bainha, não póde nomear ministro quem quizer? Póde, mas o Congresso póde fazer-lhe tal opposição que este ministerio deixe de existir num instante. Elles sabem isto muito bem, (porque não tão tolos) elles sabem muito bem que em todos os governos representativos a nomeação, e demissão dos ministros é do Rei, é verdade; mas elles tambem sabem que em o corpo legislativo lhe sendo contrario, que elles cariem, e com isto se não offende a prerogativa real; elles sabem tudo isto, mas parece-lhe que estão fatiando a um povo de brutos, e que hão de aproveitar alguma cousa. Esta linguagem parece-se com a dos miguelistas; os miguelistas pregão com a Religião, e com os direitos, do Throno, e entendem que por isto fazem alguma cousa; os homens das saudades fazem a mesma cousa, muita Religião, (a boas horas se lembraram delia) Religião, direitos do Throno, linguagem dos miguelistas; pretendem assim seduzir a nação: mas não hão de seduzir, e se alguém se deixar seduzir, depois ha de sujeitar-se ao que acontecer. Repito, se houver conspiração, se ella apparecer, tanta gente se ha de levantar contra ella, que ha de ser abafada, e então depois de abafada, serão abafados os conspiradores. Agora não me atrevo a dizer, que desejo appareça uma conspiração, não o desejo, mas se a houvesse talvez não fosse máo. ..

O Sr. Visconde de Fonte Arcada: - Por tudo quanto se tem dito neste Congresso, se mostram as criticas circumstancias em que nos achamos, e que os diversos partidos, que dilaceram a patria, só iraram de disputar entre si a tunica ensanguentada da Nação Portugueza, sem attenção alguma á sua prosperidade. Este mal de que continuamente ce tem aqui queixado os illustres Deputados, não é senão um symptoma de má administração. Deputado da Nação Portuguesa não venho aqui para fazer cumprimentos, mas para fallar a verdade; se o partido devorista tem actualmente força, e procura fazer desordem, bem como os miguelistas, a causa nasce, da má politica, que os Sra. Ministros tem seguido (Apoiado), pois que só ella é que podia dar força, a dous partidos tão desacreditados como aquelles.

Eu sou amigo dos Srs. Ministros pessoalmente, e conheço os muitos serviços que elles fizeram logo depois da revolução de 9 de Setembro, e de Belem; a não serem elles talvez naquelles dias, Lisboa teria nadado em sangue; e quem sabe quaes seriam as consequencias de tal desgraça, que elles prudentemente evitaram? Por isto muito se lhes deve; mas de então para cá a sua politica não tem sido aquella, que poderia ser util ao paiz. A impunidade de que constantemente tem gosado todos os criminosos, mesmo aquelles que já estavam definitiva, e legalmente sentenciados, bem como as authoridades que não tem cumprido com suas obrigações, tem sido a causa do Ministerio perder a força,; (apoiado) se os Srs. Ministros, como lhes cumpria, tivessem feito castigar uns e outros, teriam adquirido a força que actualmente não tem; mas fazendo o contrario disto, elles tem seguido um systema incapaz de manter Portugal no socego, e quietação que nós queremos, e a nação precisa. Diz-se que abertamente se conspira, e que talvez fosse útil que apparecessem rebelliões; se se conspira, e se apparecerem rebelliões, tem-se dado occasião a uma e outra cousa por falta da administração.

Eu, Srs., estou persuadido, que a política dos Srs. Ministros não nos convém, e que é preciso muda-la, preenchendo os logares que faltam no ministerio, ou vir outra administração, cuja politica, seja acommodada às circumstancias do paiz; do modo que temos caminhado não é possível levar nada adiante, como se carece. Que quer dizer, que será bom que apareçam rebeliões para depois se castigarem?
Quereremos nós esperar por isto? (Apoiado, apoiado) poderemos nós consentir em ver o Reino ainda mais delacerado por tantos partidos, quantas são as cabeças daquelles que os concebem? Nós estamos aqui para evitar que tal aconteça, e para dar as providencias que forem precisas. Quando digo isto, não entendo authorisar o Governo com poderes extraordinarios, isto só eu farei quando os ordinarios estiverem esgotados.

Tambem se disse que aparecendo rebeliões o povo se levantaria contra ellas; eu quero que as rebeliões, se aparecerem, sejam castigadas pelos meios, que o Governo tem á sua desposição; mas nunca tumultuariamecte pelo povo; quando isto accontece, é quando as authoridades não fazem a sua obrigação, e então o povo toma a iniciativa; o que devemos evitar de todos os modos, pois que desta maneira se acostuma o povo á desordem, e a sangue, sendo depois muito difficil que elle entre na ordem, e que não continue na carteira de assassinos , a que deu occasião a frouxidão das authoridades. E pois preciso que os Srs. Ministros tomem isto em consideração, e que adoptem aquellas medidas necessarias para restabelecer o socego no paiz, algumas das quaes deveriam já ter tomado.

O Sr. Ministro dos negocios do Reino: - Eu tenho que dar algumas explicações ao Sr. Visconde de Fonte Arcada, e peço a V. Exca., que faça com que elle esteja na sala.

O Sr. Presidente: - Não posso obriga-lo a isso, entre tanto é de esperar, que o Sr. Visconde volte.

O Sr. Barjona: - Foi sempre costume nesta casa, quando se faziam algumas acusações aos Ministros, convidar o Deputado, que accusava para que estivesse presente, e ouvisse as explicações; e por isso seria util que o Sr. Visconde fosse avisado para ouvir as explicações, que der o Sr. Ministro do Reino.