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me é possivel deixar de fazer uma reflexão: - Quem é que ousa criminar com tal azedume aos que juraram a Constituição de 1822? São esses mesmos que derribaram a Carta em que hoje tanto fallam. Eu não quero agora inculcar-me amigo, nem Inimigo da Carta: talvez tivesse desejado vêr-lhe mais algumas garantias mas não é da Carta que nos vieram os nossos males: ella podia ter feito a nossa felicidade, tivesse a sua execução cahido em melhores mãos (Apoiado, apoiado). Não foi a prohibição dos foguetes, não foi a chegada dos Deputados do Douro, não foram os Clubs de Lisboa e Porto, que fizeram a resolução de Setembro foi a péssima politica dos homens chamados de D. Pedro, fui seu egoismo, sua falta de..... foi em fim o seu comportamento, que os precipitaram do poder, e com elles a Carta. (Apoiado, apoiado) Tão insupportavel se havia tornado a dominação d'aquelle partido, que o povo se decidiu a abraçar como melhor todo o expediente que podesse escluir para sempre dos publicos negocios, quem tão incapaz se tinha mostrado de os dirigir, quem por tantos modo havia causado a desgraça nacional (Apoiado, apoiado) Perdoe se me se fui excessivo! Entrei hoje neste objecto sem o esperar, e com muita repugnancia, mas não quaes vencer-me entendi que não devia por mais tempo deixar de patentear meus sentimentos neste recinto. - Entretanto, eu seria injusto, mostrar-me ha até incoherente, se acaso passasse mais avante sem dar uma satisfação a certas pessoas, às quaes a julgo devida.

Eu não pertendo pôr em a mesma escala a todos os que não tem querido jurar a Constituição de 1822. Ha pessoas cujos talentos e virtudes respeito, as quaes tem duvidado prestar sen juramento, movidas sómente d'escrupulo demasiado ha outras que a principio se negaram a jurar, por um acto de excessiva precipitação, e hoje por amor próprio persistem em sustentar o que uma vez fizeram. Não fallei nem d'uns nem d'outros pois não era nem podia ser de minha intenção o confundir o egoismo, e a ma fé com o erro, com a precipitação, e com o resultado de simples amor proprio. - Dou esta explicação de mui boa vontade, por isso que me compraz sempre o ser justo para com todos.

Existe ainda um terceiro partido, que não deve ser confundido com os dous precedentes, mas que não póde com tudo ser olhado com indifferença. Este e o partido dito exaltado, o qual nunca deixa de apparecer em todas as revoluções. Tem por nucleo primittivo os moços dotados d'imaginação viva, inexpertos, e as vezes dotados das melhores intenções. Sua divisa e fazer guerra a todos os systemas politicos, e a todos os ministerios, por isso que lhes toca igualmente a sorte de correrem constantemente apoz um regimen, que desgraçadamente não tem logar, senão em a imaginação d'aquelles que o desejam. (Apoiado, apoiado.) Para maior infelicidade juntam se áquelle nucleo os de contentes que sempre ha, e que se não acham compromettidos nos partidos vencidos, assim como todos os ambiciosos, que aspiram a ganhar com a desordem (Apoiado, apoiado.)

Agora pergunto eu: será o Governo a causa principal da existencia dos partidos, e das actuaes conspirações? Ninguem esta mais convencido do que eu, que o ministerio tem commettido grandes erros e já neste logar lhe tenho censurado alguns com todo o rigor possivel e confessarei até, que elle tem tomado medidas, que por vezes me roubaram o somno. Todavia, a grande causa das nossas desgraças, foram os governos que tem havido em Portugal. Uma outra cousa e sem duvida a administração actual, mas e certemente a menor pois que um elemento importante de desordem, ao qual muita gente não attende, é a mesma natureza das cousas. Sim, Senhores, depois dos males da usurpação, depois do que fizeram as administrações passadas, a desordem em que nos achâmos submergidos, deriva necessariamente da propria natureza das cousas, ao menos, em grandissima parte. (Apoiado, apoiado.)

Os Ministros actuaes deixaram varias medidas com que se teriam remediado muito as desordens das províncias, tomaram outras inteiramente oppostas aos fins que se deviam propor e finalmente gastaram em legislar com precipitação, bastante tempo que lhes cumpria empregar em administrar tudo isto e sabido: mas e não menos certo, que á reputação que tinham os Ministros da Coroa, se deveu não augmentarem as desordens nas províncias, principalmente no intervallo que decorreu desde 10 de Setembro até o principio de Novembro, não se passou causa por lá que desse por si a conhecer, que Unha havido similhante revolução politica. Quem poderia esperar tal? Entre tanto o facto é verdadeiro, e se não foram as medidas dos Ministros que o produziram, foi ao menos a idéa que no publico se fazia de suas qualidades dizer o contrario disto, é não ser imparcial. Todos sabiam, que os membros d'administração presente, tem mãos limpas, são incapazes de transigir com o absolutismo, são inimigos de sangue, que nunca deram o menor signal de vingança, e que estão até dispostos para a generosidade. Alguem dizia que o Sr. Passos (Manoel) era exaltado, e com effeito às vezes o é, (apoiado) com tudo não se receava nelle aquella qualidade, pela opinião que tinha de possuir sentimentos de cavalheiro.

Conhecidos deste modo os partidos, e as causas dai conspirações, é facil de ver que se não póde remediar tudo: mas que não é mui difficil melhorar em grande parte os nossos males. Conheça o Governo bem a sua posição, trate quanto antes dalgumas reformas da Guarda Nacional, propondo-as devidamente, use dos poderes que lhe estão confiados com actividade e prudência, e quando ache que precisa de medidas legislativas, o que eu não espero, recorra a este Congresso que não deixará de lhas conceder.

No meio de tudo, não posso concordar com o requerimento do illustre Deputado, o Sr Coelho de Magalhães. Dê o Governo armas to às pessoas capazes d'usar d'ellas em beneficio da liberdade, e da boa ordem , até para não acontecer o que succedeu em 1823, que démos armas a muitos que depois as voltaram contra nós! Não julgo dever dizer mais por agora, e peço perdão de haver sido mais extenso do que costumo.

O Sr. Gorjão Henriques: - O apuro de luzes, e conhecimentos, de que são dotados os membros desta assembléa, faz com que todos os Deputados, que tem a dizer alguma cousa, não tendo afortuna de pedir a palavra no principio, pouco mais podem fazer do que retocar idéas repetidas, e às vezes ate frazes, em que foi prevenido Entretanto alguma cousa direi sobre o objecto de que se tracta.

Tem passado como certo que existem conspirações, e eu que nem sou desleixado, nem visionário, e estendendo as minhas vistas, até onde póde chegar a orbita de meus conhecimentos, vejo que o que ha, é vontade de conspirar. Esta vontade de conspirar, dá-se entre pessoas de differentes partidos, entretanto destes differentes partidos politicos, eu não considero um grande perigo a temer pelas rasões, que apontarei, e vem a ser, que a todas falta, segundo aqui foi affirmado ha pouco, a grande base da opinião publica, e então sem a opinião publica podem fazer-se revolta, mas não podem ir avante revoluções. Com tudo esta falta da opinião publica teria ainda mais um motivo para a nossa segurança se o actual Governo tivesse augmentado a sua força pela conservação, ou nova acquisição da mesma opinião publica, e sendo assim pesar mais para a sua parte a balança da confiança dos povos, toma-se de pouca, ou nenhuma consideração a importância que exageradamente se quer dar a esses desejosos de conspirar, que com tudo pelas rasões que deixo entre-comprehender se não devem despresar. Eu sinto minto ter de usar de taes expressões, mas a minha estrella polar é a verdade, eu nella fixo os olhos, nenhuma consideração os venda, ou me desvia. Disse-se aqui francamente que nunca no Reino tinha havido tanta

SESS. EXTRAOR. DE 1837. VOL. I. 17