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é justo, que elle esteja em Lisboa recebendo o ordenado como governador do bispado, porque os militares quando não estam em effectivo serviço, não recebem o soldo por inteiro, e então não sei como deixe de ter applicação a todas as classes d'empregados, o que se pratica com os militares em identicas circumstancias.

O tal governador do bispado d'Angra póde não querer ir para alli, faz muito bem, não vá; mas o Governo tambem faz muito bem em não lhe pagar o tempo, que elle não estiver servindo. Ora isto que acontece a respeito do governador do bispado d'Angra, acontece tambem a respeito de muitos Juizes do direito. Por exemplo, o Juiz de direito da minha terra, homem de quem aliás sou muitissimo amigo, e cuja probidade muito respeito, creio, que de dois annos e meio, que tem sido Juiz de direito de Torres Novas, tem estado alli 52 dias, pouco mais ou menos, tendo estado a servir por elle o Juiz substituto, e de graça, e o Juiz do direito a vencer o ordenado, dirá, não vou para o meu logar, porque ma não pagam, faz muito bem; mas o que eu não quero, é que elle diga, que lhe devam dois annos e meio d'ordenados. Eu chamo por tanto a attenção do Sr. Ministro da justiça, não só a respeito do governador do bispado d'Angra, mas tambem a respeito dos Juizes de direito.

O Sr. Ministro da Justiça: - Parece-mo muito justo tudo quanto acabam de ponderar os Srs. Deputados; mas ha de parecer igualmente justo, que se dê ao Governo o tempo rasoavel, para que possa remediar esses males (Apoiado). Pelo que respeitando ao governador do bispado d'Angra, ratifico o que eu disse, e accrescento, que o Governo vai averiguar, se é, ou não é fundada, se é, ou não é legitima a sua demora, e n'um, ou n'outro caso, ha de fazer o seu dever. - Agora, se o Congresso julgar, que elle deixou de residir algum tempo por sua culpa, e que se lhe não devem retribuir serviços, que elle não fez, lá virá o orçamento em que mais propriamente o Congresso lhe poderá fazer justiça.

O Sr Silva Sanches: - Sr. Presidente, o fim principal para que eu tinha pedido a palavra, era para chamar não só a attenção do Sr. Ministro da justiça, mas o de todos os Srs. Ministros sobre o objecto já tocado, em parte, pelo Sr. Cesar de Vasconcellos. Eu quero, que, o que o Sr. Costa Cabral reclamou, a respeito do governador do bispado dos Açoras, seja reclamado, e se pratique a respeito de todos os empregados, que se acharem fóra dos seus empregos (Apoiado) O Sr. Cesar de Vasconcellos fez esta reflexão relativamente aos Juizes de direito, mas ou peço a relativamente a todos os empregados, tanto da administração de justiça, como do exercito, eu mo de toda e qualquer outra repartição? (Apoiado, apoiado). Quem quer o commodo de empregado, deve necessariamente sujeitar-se aos incommodos do emprego, que é o trabalho. A nação soffre com similhantes abandonos, e para serviço d'ella é que os empregos foram creados.

Em consequencia d'isso eu peço muito encarecidamente ao Sr. Ministro da justiça, e a todos os mais Srs. Ministros, que só por ventura alguns empregados se acharem fóra dos seus empregos, os fação immediatamente recolher, ou que então os demittam (Apoiado, apoiado).

O Sr. Visconde de Fonte Arcada: - Sr. Presidente, eu não posso deixar de dizer duas palavras sobre esta materia, por me parecer muito importante. Consta-me que o delegado do procurador regio d'Almeida, tem residido constantemente fóro daquelle districto, limitando-se a ter alli uma pessoa em seu logar. O resultado tem sido, que havendo uma desordem no caes de Cacilhas, em que matarão o administrador do Concelho, succedeu o que sempre tem succedido; não se fizeram as diligencias para que fôssem castigados ou perpetradores d'um crime tão atroz, e ficaram impunes. Outro facto similhante é aquelle sobre que eu aqui fallei, quero dizer, os acontecimentos da Costa, pela força do 1.° batalhão Provisorio, que alli foi fazer ama diligencia, sobre que não tem havido resultado algum que mo conste, ficando do mesmo modo impunes os que commetteram o assassino, e mais desordens de que n'este Congresso me queixei. Finalmente tudo assim vai; se o delegado a que aludo reside actualmente, como deve em Almada, isso não sei eu; mas só se é, ha mui poucos dias. O que eu agora peço, é que, o Sr. Ministro da justiça tome em consideração o que se tem dito a este respeito, e que faça residir as authoridades publicas nos seus districtos respectivos.

O Sr. Silva Pereira: - Sr Presidente, eu sinto muitissimo que n'esta casa se aluda individualmente a uma pessoal ou mesmo a uma corporação, porque estas discussões são desagradaveis, são perjudiciaes á marcha magestosa que deve ter um Congresso um Sr. Deputado julga, que um empregado cometteu alguma falta, outro julga que elle a não cometteu, e é n'esta posição que me eu acho a respeito d'aquillo, que acaba de dizer o Sr. visconde de Fonte Arcada; eu tenho amisade particular com o delegado de Almeida, sei que houve tempo, em que elle não servia, porque estava com licença: de S. Magestade a Rainha sei que elle assiste em Lisboa, mas isto é devido ao provisorio, porém vai a Almeida duas e tres vezes por semana dar expediente aos negocios da sua competencia, que estão em dia, em consequencia parece-me, que este empregado não merece, que se lhe faça inscrepação alguma, peço pois aos Srs. Deputados que se abstenham, o mais que seja possivel, de indicar pessoas ou mesmo corporações, porque isto certamente lhe não dará muita gloria, nem muita honra; pódem ser menos exactas as suas informações, e neste caso, lhas fica pouco decoroso o fazer a accusação.

O Sr. Raivoso: - A respeito de Abrantes, eu pedi ao Sr. Ministro da justiça que despachasse para alli um magistrado, e um delegado, e o Sr Ministro prometteu me de o fazer com a maior brevidade, e eu espero que elle cumpra a sua promessa.

O Sr Rodrigo de Menezes: - Eu desejava sómente saber, qual era o objecto da discussão, e desejava que o Sr. Deputado, que fez esta moção, a tivesse terminado por um requerimento, mandado para a mesa.

O Sr. Presidente: - E' sôbre uma interpelação que um Sr. Deputado fez, ao Sr. Ministro, e o Sr. Deputado estava no seu direito para o poder fazer.

O Sr José Estevão: - Eu não comprehendo como a posição deste Congresso possa ser magestosa reduzindo-nos a expectadores dos males publicos, e da errada politica dos ministros, sem procurar-mos dar remedio a essas, nem encaminhar-mos os outros melhor. Creio que nós cumprimos exactamente os nossos deveres, tendo os olhos pregados nos ministros, e a bôcca aborta, para os denunciar, e censurar.

Conformo-me com a opinião do meu amigo o Sr. Julio Gomes. Pouco emporta que todas as obrigações estejam o mais bem definidas, que as leis sejam as melhores, que os processos administrativos sejam os mais rasoaveis, se a fonte de toda a acção (os homens) esta esgotada. Não me importa tocar nem em individuos, nem em classes, nem em corporações, eu hei de censurar quem merecer censura. Se se tractar de factos criminosos, e eu souber quem os praticou, hei de lhe pronunciar o nome bem alto, e todo desde o principio até ao fim. A respeito dos juizes ha com effeito alguns, que ainda não deram aos seus julgados o gosto da os conhecerem, sabe-se que ha para lá juizes pelos despachos publicados no diarioi do Governo, mas os povos ainda não sabem de que côr elles são. Por esta occasião peço ao Sr. Ministro das justiças, que estando a fazer o despacho judiciario, despache quem fôr do Algarve para Traz-os-montes, quem fôr de Traz os montes para o Algarve, a assim em todas as provincias. Authoridades bem longe das naturalidades, para não passaram em casa, o tempo que é da