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ca, ha de trabalhar-se para o bem publico; e assim havemos nós vêr constituida esta pobre nação, de maneira, que ella mesma se contente, e que deffenda a nossa obra. Lute-se embora junto a urna, porque á urna eleitoral vão papeis, entre papeis, a luta morre ao contar os votos. Entre duas Camaras excitam se odios encarniçados; depois vem as desavenças politicas, que vão affectar toda a sociedade, e as leis, que forem feitas no meio dessas intrigas, hão de por força produzir na sua execução terriveis effeitos, porque não são filhas de uma maioria lá de fóra, sem duvida parecerá isto um paradoxo, mas quem reflectir o quanto e facil vencer o poder, arranjando um voto popular, sempre que houver Commissão mixta, decerto convirá comigo.

Muito se tem dito, Sr. Presidente, relativamente aos differentes artigos do projecto da Commissão, eu reservo-me para em lugar opportuno, expender as minhas idéas sobre cada um destes pontos, por ora limito-me a concluir, regeitando o parecer da Commissão, pelo principio delle não desempenhar o fim da nossa missão, porque não é um projecto que nos assegure a marcha legislam a da nação para o throno; mas pelo contrario estabelece para o futuro, a marcha legislativa do throno para a nação, o que é contrario ao principio da soberania nacional.

O Sr. Costa Cabral - Ante de V. Exa. dar a ordem do dia para ámanhã, permitta me que eu diga, que se acha sobre a meza um parecer da Commissão de redacção do Diario, sobre a impressão das Sessões das Côrtes; e sendo isto importante, eu pediria a V. Exa. que, senão tem tenção de alterar ámanhã a ordem dos trabalhos; ao menos antes do Congresso se dividir em Commissões, tivesse-mos uma hora para tratar daquelle parecer.

O Sr. José Estevão: - Eu não tenho senão a accrescentar, que é necessario de uma vez decidir este negocio, para que tenhamos um papel, em que as nossas discussões saíam impressas, e livres do monopolio interesseiro dos escriptores, dos differentes partidos. Quando aqui se tratou das leis da dictadura, manifestei eu aqui a minha opinião sobre a conveniencia de as deixar em vigor, sem dizer uma só palavra sobre a questão, que tambem se ventilava do direito, com que os Ministros as tinham feito, e então em um periodico da capital escreveu-se, que eu tinha dito que lastimava, que o Ministerio não tivesse feito mais leis. Por pouco amigo que eu fôsse do meu paiz, não lhe rogaria esta praga. Assim como é o isto, é do mais, como e comigo, é com os meus colegas. E' preciso, que nos salvemos da tyrannia da imprensa dos partidos. O parecer está na meza, entendo que se deve discutir, e tratar-se deste negocio, aliás o que aqui se diz, será sempre transtornado.

O Sr. Barão da Ribeira de Sabrosa: - Sr. Presidente, eu espero que V. Exca. admitta a Commissão de vinhos a lêr a ultima redação dos additamentos, que se fizeram ao projecto, aliás ficam inúteis todos os trabalhos do Congresso espero que V. Exca. nos fará a justiça de nos ouvir, porque cada dia que se perde neste negocio, é um mal gravissimo.

O Sr. Presidente - A ordem do dia de ámanhã não está na minha mão o altera-la; porque existe uma resolução do Congresso que a fixa, e que eu não posso desfazer. Agora, se me é licito dizer a minha opinião, direi, que eu tencionava fazer seguir esta discussão na generalidade, sem lhe metter alguma cousa de permeio, e então ámanhã não haveria Commissões, se o Congresso concordasse nisto (Apoiados.) Agora pode-se combinar a maneira de discutir ámanhã aquelle parecer, que pedem os Srs. Costa Cabral, e José Estevão, antes da ordem do dia. Quanto a outros objectos, era que se tem fallado, aquelle projecto de vinhos é muito importante, é perciso tratar delle quanto antes; mas existem outros muito importantes, de que é preciso tratar tambem; tal é, por exemplo, o parecer da Commissão de commercio a respeito da empresa da navegação do Tejo, e Sado por vapôr. Eu tenho tido uns poucos de requerimentos a pedir, que se dê isto para ordem do dia; e eu entendo que em um paiz como o nosso, em que é perciso proteger, e animar todas estas emprezas, o credito mesmo do Governo Constitucional exige, que se discuta com brevidade, por tanto a minha tenção era acabar o parecer de Constituição na sua generalidade, depois, em quanto não chegasse o tempo de o discutir em especial, metter nomeio estes objectos, que reputo importantes, e depois interpolar a discussão especial com o orçamento, não sei se o Congresso estará satisfeito com esta ordem de trabalhos (Apoiado, apoiado.) Eu vou propôr ao Congresso.

O Sr. Barão da Ribeira de Sabrosa. - Ora ha tres mezes que nos remediamos com este diario, e então creio que nos podemos remediar mais dous dias, porque este objecto não é mais urgente, do que o outro dos vinhos.

O Sr. Almeida Garrett: - Pedia a V. Exca. que propozesse ao Congresso, se em quanto se não discutem estes projectos de lei, que pelo Congresso foram considerados urgentissimos, consente que a hora da conversa anterior a ordem do dia, seja reservada para depois.

O Sr. Presidente: - Alguns Srs. Deputados lembraram-se de querer deixar a mesa a designação dos trabalhos do Congresso, presente que eu não desejo de fórma alguma, e que de bom grado renunciarei, porque quero a menor responsabilidade, mas sendo isto, eu lembrei-me primeiro de principiar as sessões na fórma do Regimento, que é leitura da acta, correspondencia, e ordem do dia, e no fim da ordem do dia se tratasse de tudo mais.

O Sr. Almeida Garrett: - Mudo a minha proposição para a de observancia rigorosa do regimento.

O Sr. Costa Cabral: - Como se faz opposição ao meu requerimento, eu cedo d'elle para evitar mais discussão.

O Sr José Estevão: - Eu desejo muito que se altere a ordem do dia para continuar a discussão da Constituição, e por tanto voto que não haja Commissões ámanhã; mas entendo tambem que no tempo, que se costuma gastar com as segundas leituras, se deve discutir o parecer da Commissão de redacção, pedido pelo Sr. Costa Cabral.

Propoz o Sr. Presidente, se se devia alterar a ordem do dia, e assim se venceu, e deu para a de ámanhã a continuação do projecto de Constituição, e cabendo no tempo antes da uma hora da tarde, a discussão sobre a redação do projecto de lei n° 23 da Commissão dos vinhos, e bem assim a discussão do parecer n.º 31 da Commissão inspectora da publicação das sessões das Côrtes; e levantou a sessão. Eram quatro horas e um quarto da tarde.