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nha patria, mas corajoso, e denodado, sem fazer vergonhoso contracto da minha vida (apoiado, apoiado).

O Sr. Leonel: - Sr. Presidente, eu tinha pedido a palavra para fallar quando me pertencesse; mas depois ouvi que o Sr. Deputado citava alguns factos, que, se a minha memoria me não falha, e se o meu proprio testemunho não está illudido, carecem d'exactidão; em consequencia julguei que como relator da Commissão tinha direito de pedir a palavra, para explicação desses factos; tenho por tanto a palavra, e farei por cingir-me ao que diz o regimento, porém em materias taes nem sempre é possivel ser restncto a um objecto unico, por isso se eu, contra o que pertendo, sahir algum tanto do que é de facto, peço a V. Exca. e ao Congresso que me desculpem; e se eu merecer a sua benevolencia, não abusarei della. O primeiro facto que o Sr. Deputado citou com pouca exactidão, foi o dizer que Fernando VII, quão-do voltou de França em 1814, tinha jurado a Constituição do anno 12: não jurou tal. Disse o Sr. Deputado, que a Constituição de 22 nos tinha posto em dissidencia entre nós mesmos, e com os estrangeiros; e que a Carta de 26 nos tinha unido, e harmonizado entre nós, e com as nações estranhas. Não é verdade; todo o mundo sabe, e se lembra, que a Carta teve muita opposição ainda antes de ser publicada, e logo que foi jurada, um grande partido, e com mais força do que nunca, se levantou contra ella; a historia dos nossos dias ahi está; esta é a verdade dos factos, e o Sr. Deputado estava muito esquecido delles, quando disse que a Carta de 26 nos tinha harmonisado. Eu acabo de sahir um pouco do sangue frio que devia conservar; farei o mais que poder para me reprimir; mas em fim ás vezes não é possivel.

Disse o Sr. Deputado que os partidistas da Carta se tinham levantado em 1828 contra D. Miguel; isto é verdade; mas queriamos ver se contentando-nos com o que senos tinha dado, nos deixavam quietos, como tanto nos inquietaram, já não valle o argumento.

O Sr. Deputado, quando fallou da ilha Terceira, esqueceu-se que para alli conservar o enthusiasmo foi necessario com o nome da Carta arvorar a bandeira azul e branca, assim como o laço constitucional: isto não lembrou ao Sr. Deputado.

Tambem o Sr. Deputado repetiu agora, o que tem sido repetido desde o fim de 1835, por todo o partido das saudades. Que isso se diga nos periodicos das saudades não me espanta, mas que se diga aqui, é que me admira: disse o Sr. Deputado, creio que referindo-se a Novembro de 1835, que ao throno se tinha pedido a demissão do Ministerio; não é assim. O que se pediu nesse tempo? Vimos um Ministerio verdadeiramente inimigo do paiz, que nos pisava de todas as maneiras; que, em nome da Carta, tinha feito, e tencionava acabar de fazer de Portugal o seu patrimonio; esse Ministerio, aonde quer que apparecia algum amigo da liberdade, lá o hia pizar, e foi pizar tres ou quatro militares, algum dos quaes aqui está, e admira-se o Sr. Deputado que, quando se pizavam tres ou quatro pessoas destas, houvesse alguem que dissesse: pois se aquelles foram desligados, nós, que somos tão liberaes como elles, queremos tambem ser desligados. Se neste mesmo acto assim relatado, e que é a verdade, ha alguma cousa que reprehender, quem teve a culpa foi quem levou as cousas a tal apuro, mas não diga o Sr. Deputado que se pediu a mudança do Ministerio, não se pediu tal, todo o reino de Portugal sabe, que isto foi como eu acabo de contar.

O Sr. Deputado disse umas palavras a respeito da fins que houve para fazer a revolução de Setembro; mas não se explicou bastantemente, por isso não lhe respondo; mas se se explicar, tenha a certeza que alguem lhe ha de responder; eu pela minha parte o que sei é, que com a revolução de 9 de Setembro, a nação quiz voltar á origem da liberdade, e lançar fóra de si um jugo que a opprimia; senão é isto, explique-se o Sr. Deputado: torno a dizer, ha de achar quem lhe responda. Diz o Sr. Deputado que a Carta tem muita gente que se lembra della, e a prova é que a noticia da revolução foi recebida nas províncias como um ramo de estupor. Foi sim sr., mas para quem?

Sabe o Sr. Deputado o que aconteceu, por exemplo, em Lamego? Mal lá chegou a noticia por cartas particulares, se repetia quasi unanimamente o mesmo grito de Lisboa. O que aconteceu em Evora, em Elvas? (vozes repetidas. - por toda a parte, por toda a parte - o Orador, continuando) Por toda a parte!! Aqui estão homens de toda a parte, e todos elles asseveram, que em toda a parte se manifestou rapidamente a mesma vontade: basta este testemunho. E teve Lamego um ramo de estupor pela noticia?

Ora Sr. Deputado, que não é professor de medecina, assim como eu tambem o não sou, não admira que usasse de uma expressão tão pouco própria: mas a denominação ramo de estupor, foi bem empregada pelo Sr. Deputado, deve tira-la do cathalogo das moléstias. E verdade, que ha muita gente que tem saudades da Carta, mas são aquelles, que em nome della tinham feito, e queriam continuar a fazer de Portugal o seu patrimonio. Ora eu, se me tirassem uma Quinta tambem havia de ter saudades della. Diz o Sr. Deputado que a Carta não é tão desprezada como parece, e a prova é o ter-se feito menção della nas nossas procurações. Ora tantas vezes se tem fallado aqui em procurações, e eu não citei ainda a minha: será pela não ter lido? Não senhor, tenho-a lido mas não achei na minha procuração cousa que já antes não estivesse no meu espirito: diz que se eu achar na Carta alguma cousa boa o possa aproveitar; todos nós podemos fazer isso, e todos temos essa faculdade; e um Sr. Deputado que aqui esteve poucos dias, disse que se achasse cousa boa na Constituição dos pretos do Haity lá a hia buscar; e eu tambem.

Disse o Sr. Deputado, que as garantas da Carta são mais explicitas que a Constituição de 1822. Sim senhor é verdade, e eu já aqui o disse; mas os legisladores das necessidades legislavam em outras circunstancias, e receavam tanto o poder como os excessos populares; receavam os combates da hipocrisia, do fanatismo, da superstição; estavam em muito peiores circunstancias do que nós, e do que estava o author da Carta quando a fez, e é esse o motivo porque nesta parte ella é melhor; e nós hoje estamos melhor que todos; effectivamente os direitos individuaes estão na Carta mais explicitos que na Constituição, e por isso nós na Commissão não tivemos duvida em tirar della a esse respeito mais que Constituição de 1822; e isto faria-mos a respeito de todas as Constituições, aonde estivesse o bom lá o iria-mos buscar, ou mesmo cousa nova que estivesse na opinião de qualquer de nós: para isto não é precizo procuração? - Eu não estava em Lisboa nos dias de Novembro; mas o que vejo no convénio de Belem? Poder-se tirar da Carta o que lá estivesse bom, sem para isso sei necessario alterar o juramento de 10 de Setembro. - Aqui está respondido ao Sr. Deputado, sem para isto ser necessario nem as procurações, nem o convénio; eis-aqui está como eu entendo a materia.

Está tambem nas nossas procurações a recommendação da pôr-mos a Constituição em harmonia com as outras Constituições da Europa, e em manter as garantias do Throno. - Esta ultima é uma materia de raciocinio, cada um de nós póde julgar mais conveniente isto, que aquillo; agora pelo que respeita ás outras monarchias representativas, diz o Sr. Deputado que a Carta Constitucional está mais em harmonia com ellas: mas perniitta-me o Sr. Deputado que lhe diga, que não ha de mostra-lo. Quantas são as outras principaes monarchias constitticionaes na Europa? São quatro: Belgica, França, Inglaterra, e Hespanha; e nenhuma das Constituições desses paizes, o Sr. Deputado me mostra o poder moderador, personificado, como na Carta de 26: por tan-