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que são menos exactas. Quando eu fallei, disse, que senão estivesse ligado ao paiz com propriedade, e se nada visse fóra do paiz, talvez daria mais vôo á minha imaginação. Esta minha idéa porém foi transtornada, dizendo-se...

Este Sr. Deputado, que homem inverteu as minhas palavras, estava no caso de o não dever fazer; porque podia ter lido nos Jornaes do dia seguinte, áquelle em que aqui fallei, o extracto da minha falla, e de minhas opiniões; e poderia ter visto, que nessa falla não disse, o que elle pertendeu.

Sr. Presidente, eu não julgo que a ligação ao paiz, esteja na rasão da maior ou menor propriedade: e tambem senão deve entender, que eu tenho uma opinião sendo proprietario; e que teria outra, se o não fôsse. A minha opinião é imittida sempre francamente, e disto tenho bastantes próvas dado sempre nesta casa. (Apoiado apoiado.)

Demais, o Sr. Deputado quando combateu esta minha asserção, era necessario que ... e que considerasse, que eu entrando na discussão em uma occasião muito desavantajosa, por isso que, quando acabava de faltar um dos mais brilhantes talentos desta casa, não podia eu com minhas fracas forças tocar os pontos, que o orador tinha desenvolvido tão brilhantemente, e só procurei analisar as differentes circumstancias, em que Portugal tem estado desde 1820, para d'ahi tirar minha opinião. Pela mesma rasão não pude entrar muito minuciosamente nas differentes partes do projecto, que está sobre a mesa, restringindo-me a dizer sobre elle quanto era bastante para o approvar, deixando antever quaes devem ser minhas opiniões, quando se tratar dos artigos em especial. Emitti então duas idéas, e foram ellas: 1.ª Que não votava por uma segunda Camara como a da Carta: 2.ª Que não votava por uma só Camara: tambem o illustre Deputado se oppôz a uma só Camara, e reconhecendo que ella não prehenchia os fins que elle deseja, apresentou um segunda Camara, constituida como outro Sr. Deputado a tinha imaginado. Eu porém direi agora de passagem, que sou de opinião de um segunda Camara; mas quero que seja electiva: - parece-me pois, que o Sr. Deputado não podia lançar mão de uma expressão minha para destruir um principio, sobre que não sabe, se estamos ou não de accordo. Mas não passarei ávante sem fazer sentir, que o illustre militar por Santarem quer uma segunda Camara, no que combino com elle.

Eu tambem emitti outra opinião, que não trato agora de desenvolver; mas que em outra occasião farei. Disse eu, que era necessario que houvesse veto; mas não declarei que veto queria, disse só que o da Constituição de 1822, não me satisfazia; ainda neste ponto, não sabe o illustre orador qual seja a minha opinião. Eu não toquei em outro objecto que foi o da dissolução; - e porque? Porque me esqueceu. Em quanto á segunda Camara, eu disse que rejeitava a da Carta plenamente; mas que tambem rejeitava a Camara só da Constituição de 1822. Concluo por tanto dizendo, que não tendo eu ainda desenvolvido a minha maneira de organisar o paiz, não posso ser por ora nem combatido, nem apoiado. Posso sim sê-lo por aquelles Srs. que deffendem a Carta, na qual mostrei defeitos essenciaes; possa ainda sê-lo por aquelles que defendem a Constituição de 1822 pela mesma rasão; mas o illustre orador não está no numero dos primeiros, nem tão pouco dos segundos, pois que elle combateu a formação de uma só Camara.

O Sr. João Victorino: - Eu tomo a palavra simplesmente para uma explicação, e o Congresso é testemunha que eu, ou nunca pedi palavra para este fim, ou é esta a segunda vez, e talvez a ultima que o farei. Tem-se dito que eu declarara a minha opinião por duas Camaras: eu digo, ou que foi muito mal ouvido, ou que ha nisto outra intenção; e por isso me compete pôr em toda a clareza, qual foi a minha expressão no meu discurso. Attribuio-se-me pois sem a menor sombra de motivo, que eu tinha tenção de votar por duas Camaras; é falso: o que eu disse, foi, que quando cahi da minha casa, eu vinha com a opinião firmemente tomada, como sabiam os meus amigos alli, e aqui mesmo alguns dos Membros são testemunhas, que eu a muitos o disse, que vinha resolvido a votar por uma só Camara; porque tambem esta era a opinião de muitos meus constituintes; mas que á vista da artilharia, que se tinha jogado de parte a parte tanto a favor, como contra duas Camaras, me achava em estado de duvida, e perplexo na minha opinião; e que muito anciosamente esperava a discussão especial, para poder votar conscienciosamente, e por persuasão sobre este ponto. Disse além disto, quando proferia o meu discurso, que faria toda a diligencia por ser o mais conciso; e que tendo eu promettido, ou antes compromettido-me a não cançar a Assembléa, repetindo o que já se tivesse dito, não repisando, como sobejo se havia feito, os argumentos e provas, que se haviam trasido a favor das proposições em questão, me limitaria só, ou a outras diversas; ou a rectificar aquelles factos, de que se haviam dedusido consequencias encontradas, e investigar o seu valor real para refutar, ou confirmar as mesmas, e identicas proposições; ou apresentar outros de novo, como me parece, que largamente fiz. Debaixo desta idéa disse eu, que toda a tragica historia de Carlos I, nem provava cousa alguma a favor de uma, nem de duas Camaras; porque não tinha havido alli senão força de partido, e força militar. Que nada houvéra regular; e que ninguem diria, que isto tinha força para fazer um precedente, nem se podia argumentar contra uma Camara de todo este complexo de acontecimentos. Quando eu proferia isto, um illustre Membro, dos que se sentam ao meu lado, acudio, que a camara dos Cummuns tinha sentenciado Carlos I. resolvida em tribunal de Justiça: como este meu illustre amigo é infinitamente versado na historia ingleza, pareceu-me dever responder-lhe, que havia quem dissesse isso; e continuei na marcha que levava. Fui depois increpado por ter apresentado no Congresso um facto com pouca exactidão, e que devia estar mais certo nelle para delle me servir; porque Carlos I. fôra sentenciado pela camara dos Communs constituida em tribunal. Ora, Sr. Presidente, permitta-se-me que diga, que isto é que é inexacto; e que este crime sendo attribuido ao exercito, e a Cromwell, está posto no ponto verdadeiro, que a historia lhe assigna. Dado o caso que o parlamento de Westminster fôsse o legal, isto é o parlamento de Cromwvell, e não o de Oxford, isto é o do Carlos, todos sabem, que daquelle mesmo parlamento Cromwell fez prender pelo coronel Pride 41 membros, e prohibiu a entrada a mais da 160 - os quaes protestaram contra isto; encaram só 50, até 60. - Eis-aqui a camara dos Communs; mas esta mesma não se constituiu em tribunal, nomeou sim o tribunal em dia de Natal de 1648. Este foi composto de Cromwell, de seu genro o coronel Ireton, de Harrisson, dos principaes officiaes de exercito, d'alguns membros dos Communs, e de varios cidadãos de Londres, e todos faziam 133. - Logo se vê que, nem existia cousa, que devidamente tivesse o nome de camara dos Commnns; e que essa mesma por modo nenhum se constituiu em tribunal, o qual foi composto da maior parte de membros que não eram dos Communs; e por consequencia se vê quem está mais nos factos, se quem falla no Congresso, ou quem o critica. Esta é a verdade escripta pelos mais imparciaes, e sabios historiadores.

Tambem fui accusado, que linha feito um grande desperdício de tempo com o meu discurso; confesso, elle durou bastante tempo; mas, Sr. Presidente, eu por vezes increpando-me a mim disso mesmo, disse, que nesta discussão tinha lugar algum luxo luterano; e sempre achei approvação nos meus sabios oollegas. Eu tinha observado em toda a discussão , correrem rios de eloquencias da bocca de tão brilhantes oradores; tinham-se espalhado ás mãos cheias a sabedoria, e a literatura; e só eu fui reprehensivel: entretanto a