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ministradores geraes, e os administradores dos concelhos das pertenções certamente tiveram noticias desta resolução, porém não obstante isso uma força composta d'uns 200 a 300 homens das guardas nacionaes de Constancia, e Thomar, e alguns lanceiros marcharam, segundo se affirma, debaixo da direcção da influencia da authoridade administrativa do concelho onde mais confiança, empenho e rancor tem apparecido contra os póvos, que não queriam unir-se-lhes passou esta força a invadir a freguesia da Aldeia do Matto, cujos habitantes se tinham sempre tranquillisado pelas recommendações minhas, do Sr. Raivoso, e muito particularmente pelas dos illustres membros daquella Camara municipal de Abrantes. Esta mesma Camara, honra lhe seja, deu logo todas as providencias, para que os póvos soubessem da sua feliz sorte, mas sabia e providente recommendou logo toda a moderação, e que em algum caso occorre se não praticasse resistencia de desordem alguma - em 3
divisões militarmente distribuidas se fez o ataque daquelle freguesia, e os povos que podiam anniquilar seus invasores em um sitio, que tanto praticamente conheciam, e que pelos eus dilatos espessos matos, e elevados outeiros lhes prestava tantos recursos: que fizeram, Sr. Presidente, que fizeram estes honrados, e leaes habitantes? Eu o digo em virtude dos concelhos da Camara municipal: deixaram suas moradas, e como se fossem acommetidos por Vandalos, ou novos Remedios, se refugiaram nos mattos! - tudo foi abandonado, nem os oppressores, nem por verem tal comportamento se abstiveram de procedimentos hostis, e estando só mulheres e creanças, os invasores empregaram suas balas nas gallinhas, e animaes, com mais segurança certamente do que ofariam contra homens robustos, e montanhezes corajosos, que dantemão se haviam preparado para a defeza, se esta lhes não tiveste sido dissuadida antes. - Um casal de uma triste viuva, que fugiu, foi invadido, assolado, e dizem depredado, e a final incendiado!!! Um pinhal teve a mesma sorte, além de tantas Violencias praticadas! E com tal victoria se retiraram ufanos os immortaes vencedores. - Sr. Presidente, illustre Congresso, eis aqui como se nos inspira amor às leis, ou a um governo, que tem proclamado a sua marcha pela justiça, e moderação; isto era bem de esperar quando se mandam povos que estão em antipathia decidida de debelar uns aos outros; que é isto senão atiçar a guerra civil; promover que as leis de propriedade, e inviolabilidade de direitos do cidadão sejam calcados aos pés? Que não hajam de facto garantias algumas ao cidadão? E pergunto a final se com isto se consegue o fim? Se é á espada, á lança, e a tiro que se obriga um povo a pagar decima, a comparecer em eleições, e a receber editaes das anthoridades? - Sr. Presidente, o meu coração está muito aditado, eu sinto uma com moção, que me não deixa progredir, nem será necessario mais... Não necessito ler a carta, nem posso; eu vou fazer o meu requerimento para que o governo faça sustar, e não deixe repetir taes procedimentos, e que se informe escrupulosamente sobre taes acontecimentos para castigo do despotismo, e da invasão da liberdade e segurança dos portuguezes - Eu advogo a causa dos povos do concelho, a que pertenço; muito me condoo da sua sorte; mas com a sua causa advogo a de toda a nação, e de toda a humanidade. (Apoiado, apoiado.)

O Sr. José Estevão: - Como parte deste negocio é comunicado por cartas, e como é certo que não é só o Sr. Deputado, que póde receber cartas de Thomar, tenho eu uma na minha mão, tambem dalli recebida, que sobre os excessos e horrores com mettidos pela tropa, diz isto: - Todo o povo fugio á aproximação da tropa mas tenho a consolação de que nem algumas mulheres, que ficaram, foram levemente desattendidas, nem houve o menor roubo.

Depois continua acarta, fallando ainda deste negocio, e assim os exprime: - E bom que daqui, por diante não mande a estas diligencias Guardas Nacionaes, porque os povos ficam assim em rixas uns com os outros, e muitos mais insinuem a um Sr. Deputado que não ande altanando esta gente, promettendo-lhe mundos, e fundos guando elle fôr ministro do reino, o que annuncia que está para breve.

O Sr. Derramando: - Esta questão não deve progredir.-

O illustre Deputado concluiu apresentando um requerimento; este ha de amanha- ler segunda - leitura; então se tractará da sua materia. Rogo portanto a V. Exca. queira pôr um termo a esta discussão, porque póde ter muitos inconvenientes, sobretudo no momento actual. (Apoiado.)

O Sr. Cesar de Vasconcellos: - Eu seria da opinião do illustre Deputado, que acaba de fallar, se o Sr. Deputado auctor do requerimento se tivesse limitado a apresenta-lo, e não tivesse feito algumas reflexões ácerca da materia delle.

Por tanto eu sómente direi alguma cousa para fazer desapparecer qualquer máo conceito, que em consequencia daquellas reflexões se houvesse de formar, dos cidadãos da Guarda Nacional de Thomar, que foram empregados naquella diligencia. Póde bem ser que dons ou tres homens, que se achassem na expedição, mas sem pertencerem a nenhum dos contingentes de Guardas Nacionaes, fizessem todos esses disparates, e desordens, de que fallou o Sr. Deputado secretario entretanto o que posso asseverar, é que da Guarda de Thomar foram 120 homens, que se portaram com a maior regularidade e disciplina que é possivel encontrar-se em corpos de semelhante natureza. Não nego os factos relatados pelo illustre Deputado, porque foram guardas, pequenas de diversas povoações, e não sei o que fizeram; mas o que assevero ao Congresso, torno a repeti-lo, é que os de Thomar se portaram dignamente, devendo-se aquella força talvez o não haver maiores desordens; e eu sei que até muito sentiram ser empregados em semelhante commissão, e por isso diligenciaram quanto lhes foi possivel fazer menos odioso o resultado de operação. - Pedi a palavra para, fazer esta declaração, que devo não só á verdade, mas tambem á consideração, que tenho pelos honrados cidadãos, que compõe a Guarda Nacional de Thomar.

O Sr. Vice-Presidente: - O requerimento do Sr. Gorjão ha dizer segunda leitura na sessão seguinte, então se poderá discutir, mas não agora: esta é a ordem do Congresso, que só elle póde alterar. Vou por tanto propor se se deve discutir hoje, ou se deve ficar reservado para a sessão de amanhã, segundo a disposição estabelecida.

Resolveu-se pela ultima alternativa.

O Sr. Raivoso: - Não tenho a contradizer nenhuma das cousas, que se tem dito........(Rumor) Se não posso fallar......(Vozes: - Falle, falle.) Os factos ponderados pelo Sr. Gorjão são verdades; e tambem o são o que acaba de dizer o Sr. Cesar. A Guarda Nacional de Thomar não só se portou bem, mas é ao major da mesma Guarda, a quem se deve o não terem havido maiores irregularidades: o caso felizmente não tem transcendencia, porque acabou o motivo, visto que a esta hora já se lá sabe que aquellas freguesias pertencem ao termo d'Abrantes o que augmentou a quisilia daquelles povos não é culpa nossa. - Pedi a palavra para fazer saber ao Congresso, que quando pedi a discussão do parecer da Commissão d'Estatistica, já eu tinha razões para saber que se preparava uma crusada, e queria evitar desordens nas freguezias visinhas, como todos nós desejamos: a minha proposta não tinha outro fim senão ter mão na anarchia, e agora se vê que pedi a urgencia da decisão daquelle parecer com muita razão. Escrevi no Sabbado para Abrantes, dizendo o que se tinha passado aqui, e não sei a razão, porque se não attendeu às minhas cartas, que costumam sempre conservar a verdade. Em fim o resultado mostra que eu não enganei o Soberano Congresso, quando mostrei algum receio na demora da sua decisão.

O Sr. Vice-Presidente: - O requerimento ha de entrar