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ámanhã em discussão, e por isso não póde continuar a tractar-se agora d'elle.

O Sr. Gorjão Henriques: - Peço ao Congresso me, permitta que em duas palavras eu dê uma, explicação: é da minha honra; e o não conceder-se-me seria para mim bem desgostante: eu o farei com toda a moderação.

O Sr. Vice-Presidente: - Segundo a ordem do Congresso, as explicações devera ter logar no fim da discussão, a do requerimento deve ser, ámanhã.........entretanto eu proporei ao Congresso.

Assim o fez S. Exca. e se resolveu que o Sr. Gorjão désse hoje mesmo a sua explicação; teve então a palavra para esse fim, e disse.

0 Sr. Gorjão Henriques: - Insisti por dar agora mesmo uma explicação, e certamente se o Congresso me não permittisse, como tão generosamente acaba de o fazer, eu não sei em que circumstancias se constituiria a minha pessoa,
negando-se-me o que imperiosamente demanda a minha honra como homem é como Deputado. Eu não attribui culpabilidade alguma designadamente á guarda nacional de Thomar, de cuja probidade muito, me convenço; eu mesmo a não attribui a alguém de todos os outros corpos, que fizeram parte da expedição; narrei o facto, e disse que a força se compunha tambem de individuos da guarda nacional, de Thomar: - a informação justificará, ou culpará: - com isto respondo ao illustre Deputado o Sr. Cesar de Vasconcellos, e o Congresso todo é testemunha.(Apoiado, apoiado.) Agora com bastante emoção, se bem que muito prudentemente, não posso deixar de dizer, que me acho um tanto magoado de que o illustre Sr. Deputado por Aveiro lêsse bem, escusadamente uma parte da sua carta, vinda segundo entende de Thomar (o que eu não fiz á que tenho diante), em que alludindo a mim, como deixaram ver as maneiras do illustre Deputado nesta occasião, e o contexto da sua carta, se me attribue que eu quizera captar a benevolencia daquelles povos, e que lhes fizera promessas para quando fosse Ministro, ou não sei que. - Sr. Presidente, de quem, quer que fôsse a correspondencia do illustre Deputado, eu já declaro que é um vil, mentiroso, se suas expressões com effeito me tem por abjecto, e que elle não será capaz, nem pessoa alguma do mundo de mostrar uma só phrase minha escripta, nem apontar um só individuo, a quem eu dissesse, ou escrevesse cousa parecida com isso. - Sr. Presidente, eu declaro á face de toda a nação que a qualidade, que me adquiriu os votos de meus concidadãos, foi certamente sobre todas a da minha independencia. - Sei contentar-me com o pouco, que tenho; e não é a meu ver o fastigio, ou o exterior, duma situação eminente, quem adquire bom nome ao homem: eu já respondi aos meus amigos, e aos meus inimigos que só, quero o bem da minha pátria, que não sirvo homens, nem miro ou beijo os rastos do poder, que não mendigo condecorações, e muito menos interesses, e devorismo: - outro tanto não farão os meus detractores. - Os meus constituintes bem me conhecem, e como poderia, eu debil Deputado, mas que tenho manifestado bem as minhas opiniões a respeito do actual exercicio do poder, e da mesma revolução de Setembro, que a não lisongeio, e colloco só no logar detido: como poderia eu, digo, fazer parecer que espero ser elevado? Que incoherencia! - Que calumnia vil, e estupida !! Mas não é só Agora, eu já declarei por vezes que quaesquer que fossem os acontecimentos futuros, por mais serviços que eu tivesse a ventura de fazer ao meu paiz, e que mesmo, eu tivesse as luzes, e todas as partes necessárias para entrar na direcção dos negocios governativos, e que qualquer recompensa, ou
emprego me fosse proposto, eu mostraria fazer consistir a minha maior gloria em ser sempre credor, e não devedor por compensação, recebida: eu não tenho caracter de atraiçoar as minhas expressões com o meu comportamento posterior; sou portuguez, e fallo claro, e alto: - ninguem me verá, pedir ao poder,- e sempre advogar contra suas invasões, a causa da liberdade da minha patria, e defende-la com o meu braço em quanto elle tiver vigor. (Apoiado geral).

O Sr. Costa Cabral: - Parece-me que não havia motivo, para que o Sr. Deputado desse semelhante explicação. O Sr. José Estevão fallou n'um Deputado; e se o Sr. Gorjão tem motivos para se persuadir que aquella referencia se lhe dirigia, qualquer outro poderia dizer o mesmo .... (Rumar). Peço a V. Exca. ponha termo a esta questão, porque não ha logar nenhum para que possa continuar.

O Sr. Vice-Presidente: - A questão já está terminada por uma resolução do Congresso.

O Sr. José Estevão: - Pergunto se eu, ou outro qualquer Deputado, está privado, do direito de communicar ao Congresso, o que se lhe escreve em uma carta? Tenho visto faze-lo algumas vezes, e julguei que tambem me era permittido faze-lo...

O Sr. Vice-Presidente: - O Sr. Deputado estava no, seu direito, e tanto que; ninguém o chamou á ordem.

O Sr. José Estevão: - Vi que um Sr. Deputado estranhou que eu tivesse dito aquillo, que se tinha escripto em uma carta, (o Sr. Gorjão: - Em parte) tendo o mesmo Sr. Deputado, referido aqui muitas vezes, o que se lhe disse em cartas... (Susurro).

Vozes: ordem do dia.

O Sr. Barão da Ribeira de Sabrosa: - Peço licença para apresentar um requerimento do povo de Aguim, freguezia de S. Pedro de Tamengos da comarca de Coimbra, sobre divisão de territorio. Este requerimento foi-me enviado por um dos mais, illustres Deputados, que em 34 tomaram assento nas Cortes, e, por isso não posso deixar da o recommendar á Commissão de Estatistica. Outro dos habitantes do concelho de Pêso da Regoa, pedindo a instituição de um banco, que possa proteger a agricultura dos vinbos do Alto-Douro: providencias, sem, as quaes aquelle ramo de cultura acabará.

O Sr. Barjona: - Tenho a honra de participar a este Congresso, por parte da Commissão d'administração publica, que hontem, quando se reunio, tomou em, consideração os projectos do Sr. Macario, de Castro, e do Sr. Rebello de Carvalho; mas assentou que não devia progredir, mais em semelhante objecto em quanto este Congresso não desse a sua decisão sobre o requerimento do Sr. Conde da Taipa ácerca da nomeação da, Commissão especial.

O Sr. Macario de Castro: - Era sobre este objecto que eu queria chamar a consideração do Congresso. Eu sabia que a Commissão tinha sobreestado nos seus trabalhos a tal respeito por causa da moção do Sr. Conde da Taipa; era a resolução desse requerimento, que eu pedia, e que fé tomasse, em consideração, que uma tal nomeação atrazaria os trabalhos, parque a Com missão de administração publica já tem tomado conhecimento destes dous projectos, e está no caso de poder dar o seu parecer. Na Commissão de legislação está um outro projecto meu, que tem tambem sido tomado em consideração pela Commissão de legislação; e por isso uma nomeação de outra Commissão não faria senão inutilisar os trabalhos, que já estão feitos; e esta indicação, feita com a maior boa fé do Sr. Conde da Taipa não faria senão paralysar esse negocio, que eu tenho querido adiantar, bem como S. Exca. mas a falta de combinação longe de fazer marchar no caminho, que elle desejava, tende a retardar esse negocio. Peço a V. Exca. que consulte, o Congresso sobre a nomeação daquella Commissão, para que, quando o Congresso resolva pela negativa, as Commissões possam trabalhar nos projectos. Ainda pediria mais ao Congresso, que me deixasse ler duas linhas de uma carta dum administrador geral da provincia da Beira Alta sobre o meu projecto (leu). E um administrador geral, que me diz isto; que com aquelle projecto se responsabilisa, que o seu districto ha de entrar em ordem dentro em 3 mezes.

SESS. EXTRAOR. DE 1837. VOL. II 34 B