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lio a camara electiva! Se esse parlamento pois foi longo, é porque tinha sido curto por 12 annos, curto demais. E ignoravam os sabios da carta ingleza que ahi não havia expressa abdicação, que o parlamento era um jury arbitrario, e o Rei um simples apanagio do parlamento Tory!!.... E a convenção?? Impia foi ella, se o crime é incommensuravel; mas que contas ha, Srs., a pedir a um povo faminto traido, e desesperado??... Ah!... Tantas paginas lúgubres para o martyrologio dos governos! E não haverá ao menos uma pagina sensivel, que se apiede sobre o maryrologio dos povos?? Eu a abro pois, Srs.: e ignorais vós que o povo Francez estava por seu conspirado governo trahido ao estrangeiro? Ignorais que de todas as partes marchavam tropas inimigas, pedidas pelo chefe dos Francezes para degelar os Francezes; que Verdeun, Lunguais, Vallenciennes estavam occupados pelos Prussianos; que o sangue do povo tinha corrido longamente em Geminasses, e Flourous! Ignorais vós o acampamento de Coblentz?... e que o povo, a liberdade, e a França, tudo estava ao ferro estrangeiro, crime sagrado pelo ministerio impio!!! Oh! A Reis, e a povos o Ceo para jamais retire taes crimes, ou desgraça de ambos de ambas as partes! Houve perdoem-se os fieis, e os povos pois, e um véo para sempre sobre essas eras cahio!

Mas porque, Srs., revelar dous factos isolados? Parecerá que o mundo tem sido de rosas fora dos dias da convenção de Cromwel, quando esses dias na historia do mundo não são mais que uma pagina cruenta n'um volume lodo ensanguentado. Então todos os argumentos se converterão contra vós em eu vos mostrando que todos os governos do mundo tem sido, ou aristocraticos, ou mixtos, d'onde, ou os crimes do Mundo os tem feito a aristocracia, ou nada, porque camaras unicas não existiam. O que era o senado em Roma? Aristocrata. O governo em Veneza? Os parlamentos de França? Aristocratas. Quem proscreveu trezentos mil Romanos? O aristocrata Seilla. Quem immolou a infeliz Stuard? A camara estrellada. Quem ensanguentou trez toucas ducaes? Os dezeseis, o senado de Veneza. Quem immolou Henrique IV? Os Luizes? Quem levantou uma pistola na convenção? Um Duque. E em Portugal quem conspirou contra os Reis? Não o digo, a historia está viva...... Não, o Povo Portuguez nunca levantou olhos, contra Monarchas, elle foi sempre leal, e livre. Mas quereis numa palavra a historia da aristocracia? Ouvi Stael; a sua authoridade não será suspeita á sua cathegoria nobilitaria.

"En effet, il est aise devoir, en suivant l'histoire du dix-huitieme siècle, que ce sont les corps aristocratiques de a France, qui ont attaqué les premieres le pouvoir Royal." (Stael, Revol. de Franc. Tom. 2.° Pag. 43 )

Mas se a segunda camara não é um principio, ella tambem não é uma capitulação, e os vossos argumentos cahiram: com quem é pois a capitulação? Quem a quer? O povo?.... O povo não, porque a revolução e a victoria o tem proscrito. A Santa Alliança? Não. O dogma, que nos compromette com a Santa Alliança, é a soberania, essa já vós a votasteis, já passamos o Robicon para ella; segunda camara não nos expia. Quem a quer? Os cartistas? não. Então quem no-la encomenda? Quem a deseja, ou quem a espera em Portugal? Ninguem; é uma pertenção aristocrata, uma esperança de prevenções, um partido fraco, uma opinião: uma capitulação com os fidalgos, podia ser; mas então era o principio hereditário: com quem é pois a capitulação? Não se diz , Srs. Deputados?!!!

Sr. Presidente, agora páro aqui; e eu não sei que emoção me diz que eu devia deixar esta tribuna "reflectindo sobre mim mesmo;" na verdade eu pasmo, de mim mesmo pasmo, da cousa que estou defendendo hoje aqui. Pois então questiona-se se existe a Constituição que jurámos? Então não houve com effeito a revolução de 9 de Setembro? Quem o sabe! Só os escriptores não recolheram esse facto, á vista da presente discussão, ninguem hoje o poderá presumir. E a contra revolução? Também não se sabe hoje para que existio! Os cartistas ou devoristas tambem me parecem assaz estupidos! Porque desconfiam?.... Porque fogem?.... Ponderam no campo a sua Carta: ella venceu hoje no parlamento; ella ahi está nesse projecto, que a venham buscar; para que fugir? E eu digo destes como primeira antiguidade dos Sytas, eos fugiendo vince; então para que foge hoje esta gente de Ruivães? Então para que avançou hontem aquella gente em Ourique? Nem uns, nem outros se sabe porque, depois do que acaba de discutir-se. Então como se explica isto? Não sei; o povo que o explique. Eu lembro-me do dito de Bougain-Ville = "Ce qui est plaisant, ce'st que nous somes en paix avec les Inglais" "O que é galante é que nós estacamos em paz com os Inglezes" = e as ballas ferviam sobre o convez do vaso francez do seu commando. Concluo - rejeito o artigo, é uma alteração na Constituição; declaro que não tenho poderes para adopta-lo; se se vencer, na sua ulterior discussão não posso entrar.

O Sr. Mont'alverne: - A materia, que ha dias tem occupado este Congresso, é sem duvida das mais graves, e de maior importancia: bastante se tem dito sobre ella, e eu assento de não cançar a Assembléa, nem abusar da sua generosidade, por isso direi sómente o meu voto, e os seus motivos, Sr. Presidente, estou persuadido que, se alguns dos meus illustres Collegas votam por duas Camaras, o fazem por prudencia, e conveincia: eu quando se discutto o projecto na sua generalidade approvei, e estava resolvido pelas mesmas razões a votar por duas Camaras, porque me persuadi de boa fé que os inimigos da revolução de Setembro ficariam tranquillos, e socegados á vista do mesmo projecto, e das moderadas decisões deste Congresso. Mas que se seguio de tudo isto? Apparecer a revolta: e poderá alguem persuadir-se de que os auctores della, e seus sectarios se satisfarão com a Constituição; que fizer este Congresso? Engana-se; elles só se satisfarão se votarmos uma Constituição, em que elles occupem os primeiros empregos, em que disponhão do resto a seu bel-prazer, e em que possam dispor dos rendimentos da Nação á sua vontade, sem tractar de economias e reformas. Por tudo isto pois estou resolvido a votar por uma só Camara, porque a julgo mais liberal, e porque estou convencido que não devo sacrificar jamais os principios ás consequencias; muito principalmente quando não espero fructo: por isso, e para não gastar mais tempo ao Congresso, concluirei votando contra o parecer da Commissão.

O Sr. M. A. de Vasconcellos: - Começarei por pedir indulgencia ao Congresso de o entreter com explicações; mas parece-me que o meu decoro de alguma maneira está comprometido em me explicar relativamente ao que disseram dous Srs. Deputados nesta questão.

Um destes Srs. Deputados, referindo-se a um facto historico, que eu tinha citado, notou-me de menos exacto nessa citação. Eu tinha dito que essa supposta lei d'equilibrio das forças moraes não produzia cousa, que proveitosa fosse á causa publica, e trouxe por exemplo o triumvirato de Cesar, Pompeo, e Crasso, em que debaixo de uma apparente união elles tinham perpetrado uma usurpação contra a liberdade de seu paiz, partilhando entre si o dominio summo. Depois um delles roubou a outro a cota, que lhe pertenceo na partilha; isto é, a parte do grande roubo, com que se se tinha acomodado por ora. - Disse o Sr. Deputado que isto não era exacto - que a usurpação do poder, e a occupação militar tinha apparecido depois de Cesar ter vindo. Ora notar assim inexactidão n'um facto historico, que um Deputado cita é pô-lo na precisão de se explicar; porque, ou se ha de convir que não entende o que lê, ou que quer illudir alguem. Eu não me escandalisaria tanto da primeira hiypothese, porque em fim reconheço que a minha capacidade

SESS. EXTRAOR. DE 1837. VOL. III. 20