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dar lugar a cabalas, e agitações violentas, e será ella practicavel sem uma diuturnidade de annos, e talvez, de seculos? Eu desejo, quanto posso, combinar os elementos das duas vontades com o elemento do conhecimento indispensavel para conseguir a melhor escolha; mas, por tudo o que tenho exposto, é manifesto que ainda não tenho podido chegar a uma decisão, quanto a eleição ou nomeação da segunda Camara, na qual descance com plena confiança. O problema na verdade e mui arduo, qualquer dos modos de o resolver é involvido em muitas e graves difficuldades; e entre nós novo a sem experiencia, e novo e algum desses modos em toda a parte.

Quasi que me esquecia responder a uma objecção, que se fez, dizendo que a camara vitalicia, te provar mal, não se poderá reformar senão com uma revolução, eu não tenho isso por uma cousa infallivel. E se o poder, de que entram de posse os corpos superiores do estado por vida, não é facil de abolir, o poder, de que o povo uma vez se apodera com paixão, nos ensina a historia antiga e contemporanea que o não larga, sem violencias e furores, que não são menos para temer. A revolução franceza e a de Cromwel são lições ainda bem recentes, e quasi sempre com o risco addicional de ir do frenesi demagogico dar ao despotismo militar. Por outro lado a cambra dos Pares em França foi reformada sem revolução, porque a revolução de 1830 não foi por causa dessa reforma, mas por causa dos decretos do Rei contra a liberdade, que muito a precederam. Eu espero que no direito de petição já fóra da infancia, na liberdade d'imprensa mais bem regulada, na opinião publica mais bem formada, na omnipotencia parlamentar com todos os meios legaes, de que ella pode lançar mão, havemos de ter meios seguros para reformar sem recorrer aos da torça e violencia. Parece me tambem que a camara vitalicia ganhará maior numero de vontades nas classes superiores, e nas classes medias dos cidadãos, aquietando grandes receios, e os cidadãos, que nestas, e fóra dellas tem tambem concebido seus temores, em sentido opposto, sendo a camara dos Deputados dotada privativamente das prerogativas da iniciativa sobre impostos, e sobre o recrutamento, do direito de fiscalização annual das rendas publicas, e armada pela faculdade de negar os subsidios, do instrumento mais poderoso para obrigar o Governo a convocar as Côrtes annualmente, e a não se separarem sem discutir o orçamento, e decretar as contribuições, armada tambem do poder de accusar os ministros, vendo, digo, a primeira camara popular por excellencia assim armada nada terão que temer, e na segunda terão uma barreira contra a actividade, e exigencias algumas vezes demasiado fortes da primeira. E' necessario olharmos para o todo, para podermos avaliar ao justo qualquer das partes. Não é por se suppôr o povo sempre furioso, como é moda attribuir-se áquelles, que procedem segundo o conhecimento da natureza humana, e sua mais geral tendencia; nem por se imaginar as classes eminentes da sociedade combinadas em conspiração permanente pura devorar as outras; e o poder real como necessariamente inimigo de todas, isto é, inimigo da mesma nação, que o acclamou voluntariamente para seu bem, e que por elle combateu, porque o considera como um baluarte desse mesmo bem, que se contrabalanção os poderes, mas porque desça mutua acção resulta a maior felicidade.

Tambem estou persuadido, que uma segunda camara vitalicia formada segundo os melhorei, principios, isto é, áquelles, de que tem resultado maiores bens ás nações, e escudada com todas as garantias de uma boa constituição monarchica, nos alcançará maiores svmpathias pela Europa experimentada na carreira da liberdade nesta persuisão vivo; e como ella não é o resultado de força, que de nós queira extorquir o sacrificio de nossos direitos, mas de um sentimento espontaneo, que nos inspira o sincero desejo de ganhar a boa vontade dos outros membros da grande familia europêa, e de com elles viver em paz e boa intelligencia, não ha razão para della nos envergonharmos, nem para ostentar-mos de corajosos no desprezo deste sentimento.

Um Sr. Deputado disse que nós já nada tinhamos a temer; que a Santa Aliança estava morta, que as baionetas já nada podiam no unindo contra as instituições da liberdade! Ora com effeito, está o Sr. Deputado certo de que nem uma só innovação em materia de estabelecimento de governo póde dar cuidado a parte alguma da Europa? E, quando o dê, que ella nada já pó lê contra a outra? O Ceo o ouça! Mas confesso que outras são as minhas impressões. O que eu vejo é que está empenhada uma lucta termal entre os que contendem por conservar as antigas, e os que querem novas vantagens; ou, se se quer, entre o privilegio, e o direito; e como o temor de perder, o que se tem, faz obrar sempre com muita torça, não posso ter por insignificante e impotente a resistencia da parte dos primeiros, e de seus adherentes, que tantos e tão poderosos ainda são; e pareceu-me que, em a nossa posição, nós estavamos mais para seguir do que para dar o impulso á Europa, ou para nos pôrmos adiante de todos na carreira. Tudo isto será porque eu não sou tão denodado como os meus illustres collegas, principalmente um delles, sem duvida, porque, pobre de mim, infelizmente ainda mui apegado aos interpões deste mundo, distante do sanctuario, a que o illustre Deputado pertence por seu ministerio, arredado da eternidade, que de perto o espera, me falta essa nobre coragem, que o faz tractar com desprezo neste extremo da vida, o que nos outros, se attribue á ignorancia e inexperiencia - Eu, Sr. Presidenta, confesso que não estou par: mais revoluções, que não sou daquelles, que tenho por elles um respeito sagrado, quer sejam na ordem publica, quer na politica, o que lhe o tendo e um horror sem limites. Estimo muito ver que dou bravos militares já expressaram aqui este mesmo sentimento, e nem tão pouco estou disposto a concorrer para sacrifica; o bem da geração presente ao das futuras. Confesso que sou mais egoista, e que estou prompto a ir de companhia na conta, mas não a fazer tudo, por quem nada faz por mim... A posteridade! Sr. Presidente!... É tão esteril para mim!... De lá para cá nada vem!... (Riso.) Esta pobre paiz tambem já não esta para mais revoluções aquelle, que lha prolongar, só por uma hora mais que seja, é o seu maior inimigo. Votando pois por esta instituição, e outras, como no meu entender as julgo mais capazes de lhe ganhar a paz interna e externa, nada tenho se que me accusar. Aos de fóra direi - eis-aqui o nosso pacto em que vos offende elle Em que vos dá receios bem fundados? Não encerra elle todos os elementos, que entre nós temos de segurança de pessoas, e de propriedade? Não estão nelle salvos os direitos de consciencia? Não está nelle consignado o principio da tolerancia, dessa filha mais mimosa da caridade? Não estão respeitados os direitos do Throno elevado por nossos maiores, e defendido até hoje por sua e nossa liberdade? Não estão respeitados os direitos dos outros povos, e de sem governos? Pertendemos nós dictar a lei a alguem, ou disputar-lhe o direito de se constituir como melhor entender? Pois então que mais se quer de nós? Será aquillo que não podemos? Nós a ninguem offendemos, se pois alguem quer a força achar-nos culpa, nossa coragem, ajudada pelo arbitro Supremo da justiça das nações, e pelo protector dos opprimidos, nos defenderá.

E aos nossos direi: - aqui está o pendão da nossa lei fundamental ella é obra humana, ha de ter defeitos, mas o tempo, e a nossa prudencia os emendará; longe de nós todos os meios violentos, unamo-nos em roda delle, porque sem união não ha força, e sem força não ha estabilidade, e sem estabilidade não ha liberdade União pois, é Povo Portuguez União, Povo religioso, não é voz de um misero mortal, mas do Oraculo da sabedoria eterna, que ha tan-