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camara dos Senadores desses eleitos. De resto, depois do que V. Exa. acaba de dizer, é mais natural que eu não ouvisse a explicação.

O Sr. L. J. Moniz: - Sr. Presidente, como eu fui um dos que sahiram da sala depois da votação dos dous primeiros quesitos, cumpre-me dar a razão deste meu procedimento.

Eu sustentei nas discussões a instituição de uma camara vitalicia; ainda presisto neste meu voto.

Parecendo-me que o quarto quesito, ou o da Commissão mixta estava prejudicado pela votação a favor da camara temporaria, e de pura eleição popular, assentei que não tinha já em que votar: que, se eu o approvasse, podia parecer contradictorio a respeito do que até agora tinha sustentado. Eis-aqui a razão, que tive para sahir da sala, e não a de despeito por ficar vencido, pois que eu já ha muito sabia que havia de ficar em minoria, e nem por isso mudei de parecer, porque tenho opiniões minhas, filhas de uma convicção, que é minha.

O Sr. Duarte e Campos; - Ea tinha declarado, quando fallei sobre a materia, que não approvava uma segunda camara de eleição popular pura e simples, assim como não opprovava tambem uma segunda camara de pura nomeação regia: na hypothese de que se vencesse o systema mixto, pertendia eu que fosse vitalicia a segunda camara, mas, dada a decisão do Congresso, eu seria incoherente, se persistisse na mesma opinião; votaria, por tanto, se estivesse presente, que a segunda camara organisada pelo methodo vencido fosse temporaria.

O Sr. José Maria de Andrade. - Sr. Presidente, tramo o nosso regimento não permitte motivar na acta qualquer declaração de voto, eu me vejo hoje forçado a explicar o meu, e para isso pedi a palavra, e rogo aos Srs. Tachigrafos que tomem nota desta minha declaração. Eu quereria uma Camara de Senadores de eleição mixta, e vitalicia, e nesse sentido dei o meu suffragio nas duas primeiras votações; mas vencida a segunda da maneira que se venceu, cahiu forçosamente o meu systema neste caso, e então era tambem forçoso que rejeitasse a camara vitalicia, para não dar um voto que, a não ser mesmo absurdo, ao menos era inconsequente, com o que se acabava de vencer.

O sr. João Victorino; - Eu não me retractei, nem precisa retractar-se um homem como eu, eu, Sr. Presidente, tenho usado como ninguem, de toda a liberdade, que me faculta o lugar, em que me acho: eu, até me lisongeio de ser talvez o primeiro Deputado, que aqui tenho dado o exemplo de fallar com franqueza, e sem medo alguns em objectos; que outros Srs. julgariam melindrosos. Para votar por eleição pura popular quiz saber a latitude desta proposição; não foi possivel obter a palavra. Eu não ouvi bem a explicação, que se diz tinha já havido sobre a materia. Como não pude obter esclarecimentos disse dentro de mim mesmo a eleição pura do povo deve entender-se uma eleição estreme popular, e sem mistura de outro agente, que não fosse elle. Recordei-me da eleição de varios corpos legislativos, em que ella é mixta, pois uns Deputados são escolhidos pelo povo, outros por eleitores de outra natureza. Da Camara dos Communs eram antes da reforma eleitos uns Membros pelo povo, mas outros eram levados áquelle logar por Srs. particulares, que tinham nas suas familias o direito, ou antes o abuso de o fazer. A eleição do corpo legislativo nas 7 Provincias unidas da Hollanda era formado elegendo a nobreza, de cada uma dellas um Deputado do seu corpo, e as Cidades os outros; ora isto é a que eu chamava eleição mixta. Mas eleger o povo puramente sem concurso de algum outro agente os Senadores, e formar as lista destes seus escolhidos, não é isto uma eleição puramente popular? E da formação da Camara pela Corôa, tirando destas listas os cidadãos, que julgasse mais capazes, e que foram eleitos por aquelle acto puramente do povo, é isto por ventura alterar a essencia da eleição popular? De nenhuma sorte. Logo, votando neste sentido, e declarando-o agora tão alta, e solemnemente, não é dar idèa alguma de querer retractar-se, é antes fazer conhecer que se podia combinar optimamente a idéa de eleição pura popular, e formação pela Corôa, da Camara dos Senadores, dos apurados nella.

O Sr Barão da Ribeira de Sabrosa: - Eu creio que todos os meus nobres collegas desejariam que V. Exa. ordenasse que a votação de hoje apparecesse no Diario do Governo de segunda feira, não digo a discussão, porque não é possivel, mas o extracto das differentes votações.

O Sr Secretario Rebello de Carvalho: - Já mandei essa relação para o Diario do Governo, e Nacional, para se transcrever.

(Vozes = Bem, bem.)

O Sr. Fransini: - Como não é permittido pela pratica seguida no Congresso dar explicações de voto por escripto, aproveito esta occasião para declarar que quando eu votei para que a nomeação dos Senadores fosse pela Corôa, era na supposicão das cathegorias, que ligavam a Corôa á escolha de certos individuos. Entretanto a minha opinião era a eleição mixta, essa mesma foi a que eu expressei no meu discurso. Ora agora, tendo-se vencido que fosse simplesmente popular, claro estava que não podia continuar a votar, porque, sendo minha opinião que fosse vitalicia não era natural que podesse votar numa Camara vitalicia eleita pelo povo, porque seria absurdo suppor que o povo quereria nomear Senadores vitalicios, não nomeando vitalicios os Deputados. Eis-aqui porque não assisti á ultima votação, julgando-a prejudicada, e então seria preciso para ser coherente votar pela Camara temporaria. Agora seja-me permit-tido aproveitar esta occasião para fazer a devida justiça, ao menos pela minha parte, ao nobre comportamento que tem mantido estas galerias, porque com leves excepções tem dado exemplo de sisudez e prudencia, verdadeiramente extraordinarias nas circumstancias, em que nos temos achado. (Apoiado. )

O Sr. Rodrigo de Menezes: - Sr Presidente, como póde parecer a alguem que eu fallei d'um modo, e obrei de outro na votação, preciso tambem explicar o meu voto na discussão, do que acaba de decidir-se, eu tinha emittido a minha opinião de que a Camara dos Senadores fosse de eleição do Rei, e partindo deste principio queria que tivesse uma duração vitalicia. Agora eu acabo de votar contra essa duração vitalicia, e a razão é, porque a Camara de eleição do povo não é a mesma entidade, que a Camara de nomeação da Corôa.

O Sr Perache: - Sr. Presidente, eu rejeitei o primeiro, e segundo quesitos, porque era minha intenção approvar o terceiro, isto é, que os Senadores fossem eleitos por eleição mixta. Respeito a decisão do Congresso, porém não duvido dizer com a ingenuidade, que me é propria, que era minha convicção, de que este methodo de eleição seria o mais conveniente para o estado presente da Nação, e que ao mesmo tempo melhor harmonizava os poderes expressados na minha procuração.

O Sr. Barjona: - Não cançarei a attenção das = Côrtes com a razão, porque rejeitei os dous primeiros quesitos entendi que devia rejeita-los, e tanto basta por agora.

Sahi da sala, e não votei nos quesitos seguintes, porque entendi sempre que a segunda Camara deve ser d'eleição mixta e vitalicia, mas tendo o Congresso decidido que ella seja d'eleição meramente popular, já não sei se convirá mais a amovibilidade ou a inamovibilidade.

Agora declaro ainda, que daqui em diante já não sei votar: uma constituição é um systema cujas partes devem estar n'uma completa relação entre si eu tenho o meu systema formado ha muitos annos, o Congresso acaba de estabelecer um dos elementos mais importantes do systema, d'um modo inteiramente diverso do que entendo; conseguin-