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4 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

foi a causa do attentado a que se refere o voto que V. Exa. acaba de propor, com a approvação do qual a Camara manifestará, mais uma vez, a sua admiração por esse homem illustre como estadista, e a sua condemnação por um facto que o subtrahiu ao respeito e ao amor do povo que governava.

Tenho dito. (Muitos apoiados).

(S. Exa. não reviu).

O Sr. João Arroyo: - Pedi a palavra para me associar, em nome da maioria d'esta Camara, ao voto de sentimento que V. Exa. acaba do propor pulo assassinio do Presidente da Republica dos Estados Unidos Norte-Americanos.

Sr. Presidente: associando-me, do fundo do coração, á manifestação que, sem duvida, a Camara vae dar na sua unanimidade (Apoiados), estou certo que ella tem a consciencia de praticar uma consagração inteiramente junta e merecida.

Mac-Kinley conseguiu com a sua intelligencia ousada, com o seu golpe de vista penetrante, com a sua actividade indefessa o mão energica, deixar na historia dos Estados Unidos e seu nome assignalado como o de um dos homens de Estado mais proeminente e poderosos.

A formula quo se contém na doutrina de Monroe recebeu, ao passar por aquelle espirito superior, uma nova aura de actividade do iniciativa o de energia. (Apoiados,).

Antes de assumir a chefatura d'aquella republica, Mac-Kinley, como V. Exa. todos sabem, tinha-se notabilizado pela ligação do seu nome á affirmação de um systema severamente proteccionistas. Sobe á cadeira presidencial e a sua figura typica de homem de Estado synthetisa-se nestes tres principios: a adopção de um programa de politica imperialista, a affirmação de uma politica economicamente considerada o monometalismo e o proteccionismo, e a adopção do regime dom trust commercial e industrial no seu país.

Não me pertence a mim neste momento dizer nem bem nem mal acêrca de qualquer d'estes principios. O que me cumpre simplesmente, como apreciador sincero da grandeza de obra de um homem, sem entrar na sua minucia intellectual, é affirmar que todos viam na personalidade do Mac-Kinley um intellecto superior e uma mão energica.

Mac-Kynley succumbiu a um crime nefando praticado por um louco. A Europa inteira, o mundo inteiro estremeceram como já tinham estremecido quando o Presidente da Republica Francesa, Carnot, succumbiu por uma causa semelhante, se não identica. O mundo inteiro curvou-se respeitoso deante do seu tumulo; e a Camara Portuguesa, votando hoje a consagração indicada por V. Exa., não faz mais do que praticar um acto de justa e merecida consideração. (Muitos apoiados).

Manado para a mesa a seguinte

Proposta

Proponho quo o voto da Camara seja communicado, alem do Governo da União, ao Congrego Legislativo.

(S. Exa. não reviu).

O Sr. Francisco Beirão: - Em nome da opposição progressista d'esta Camara associo-me ao voto de sentimento, que V. Exa. acabou de propor, pela morte do Presidente da Republica dos Estados Unidos da America do Norte, Mac-Kinley; e estou certo de que esse voto será approvado pela Camara, não só por unanimidade, mas até por acclamação. (Apoiados geraes).

Não farei neste momento o elogio historico do fallecido Presidente; quero apenas accentuar que, como muito bem disse o Sr. Ministro dos Negocios Estrangeiros, se o Presidente da Republica dos Estados Unidos da America do Norte se preocupou durante grande parte da sua vida com as questões economicas, foi comtudo um magistrado, quo no exercicio das suas funcções, soube sempre respeitar a lei o amar a liberdade.

Vozes: - Muito bem.

(S. Exa. não reviu).

(Foi approvada por unanimidade a proposta, do Sr. Presidente, com o additamento do Sr. Arroyo).

O Sr. Presidente: - Igualmente no interregno parlamentar falleceram alguns dignos Deputados, que honraram a sua patria, ao serviço d'ella: uns nas letras, outros nas armas, o outros em differentes serviços do Estado. Foram elles os Srs. Antonio Ennes, Pereira Leite, Conde do S. Januario, conego Abreu Castello Branco, Luiz do Lencastre, vice-almirante Ferreira Marques, Martinho Tenreiro e Visconde de Faria.

Proponho que se lance na acta da sessão de hoje um voto do sentimento pelo fallecimento de todos elles, fazendo-se as respectivas communicações. (Apoiados geraes).

O Sr. Presidente do Conselho (Ernesto Rodolpho Hintze Ribeiro): - Sr. Presidente: por parte do Governo associo-me, muito sinceramente, á expressão de condolencia que V. Exa. acaba do formular pela perda d'aquelles que, tendo pertencido a esta Camara, militando aliás em campos oppostos, todavia, nos limites das suas forças e obedecendo sempre aos dictames da sua consciencia, bem procuraram servir o país.

O Conde de S. Januario impõe-se ao respeito e consideração de todos pela sua larga folha do serviços, pela fidalga cortezia com que sempre terçou armas com os seus adversarios e pela maneira inconcussa com que, não só nos Conselhos da Coroa, no Parlamento e ainda em espinhosas missões no ultramar, teve sempre como trilho, como norma da sua vida, da sua actividade, o servir inconcussamente o seu país com uma isenção que de todos mereceu respeito.

O Conselheiro Antonio Ennes é um nome aureolado de uma luz muito especial na nossa historia politica. Quem como elle arriscou a sua vida para ir para uma região inhospita dirigir uma campanha ardua num momento que era critico para a autonomia de uma provincia nossa, talhou para si um justo direito de respeito pela sua memoria e de saudade pela sua vida. Antonio Ennes nem só em Africa bem mereceu da patria. Nos Conselhos da Coroa, como Ministro, no Parlamento, sempre pugnando pela causa que reputava mais justa; nas letras occupando por vezes uma posição primacial pela maneira como expunha, defendia e argumentava, - pode ser que injustamente, por vezes como acontece a todos, mas em todo o caso vendo as questões de alto o com uma arguta finura de criterio na apreciação de todos os outros problemas - Antonio Ennes é incontestavelmente um nome que marca na nossa historia, e que fica nos fastos da politica como nos fastos da litteratura portuguesa. (Apoiados geraes).

O conego Castello Branco, Martinho Tenreiro, o vice-almirante Ferreira Marques, foram Deputados da Nação, que sempre, nos partidos em que militaram e através das conjunturas em que serviram, procuraram honrar o seu nome e as tradições da sua patria.

Muito propositadamente deixei para o fim dois nomes, não porque me sejam menos caros, talvez até porque de mais perto mo tocam: refiro-me a Pereira Leite e a Luiz Adriano de Magalhães e Menezes de Lencastre, dois antigos parlamentares que encontrei quando vim para a vida publica, ao lado do um chefe para mini glorioso e que me deixou extrema saudade, como foi Fontes Pereira do Mello, servindo o meu partido sempre com uma dedicação inalteravel, um trabalho e uma actividade sempre postos ao serviço de uma causa que reputavam boa o do uma tradição que consideravam honrosa o que, evidentemente, não só ao meu respeito como parlamentar e membro do Governo, mas