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8 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

a elegibilidade dos pares electivos e para a nomeação dos vitalicios.
3.° Regulando o modo por que devem ser feitas a promoção e as transferencias dos juizes.
4.º Modificando os artigos do código civil relativos às segundas núpcias.
Ficaram sobre a mesa para se enviarem às respectivas commissões, quando estiverem eleitas e serão opportunamente publicados na integra.

O sr. Presidente: - Meus senhores, Sua Magestade recebeu com summa benevolencia a deputação encarregada de lhe participar a constituição definitiva da camara e prometteu nomear opportunamente os srs. deputados supplentes á presidencia.
Antes de proseguirem os nossos trabalhos, devo commemorar funestos acontecimentos.
A nação portugueza está de luto pelo fallecimento de El-Rei D. Fernando, do illustre principe, que teve a gloria de contribuir poderosamente, durante uma venturosa phase da nossa historia constitucional, para o incremento das letras, das sciencias, das artes, da industria e da riqueza publica, e para a manutenção dos princípios de liberdade e de ordem, em que então se firmaram solidamente as instituições representativas.
Não é para mim, nem é para esta conjunctura tecer, embora succinta, a historia do monarcha que Deus chamou á sua presença; mas cumpre-me, interpretando fielmente a vontade da camara, mandar que se registe na acta desta sessão um voto de profundíssima mágua, (Muitos apoiados.) sincero tributo de respeito e de estima, offertado pelos representantes da nação. (Muitos apoiados.)
Para participar a Suas Magestades esta resolução da camara, nomeio uma deputação, que será composta, alem dos membros da mesa, dos seguintes srs.:

José Maria Borges.
Pedro Augusto de Carvalho.
Jeronymo Baima de Bastos.
João Eduardo Scarnichia.
Abílio Garcia de Lima.
José Luciano de Castro.
João Arroyo.
João Franco Castello Branco.
Emygdio Navarro.
João Pereira Teixeira de Vasconcellos.

Espero que a esta deputação se associem todos os srs. deputados que o poderem fazer. (Apoiados.)
(Pausa.)
Também ha alguns mezes deixou de existir um dos nossos mais venerados collegas, um dos mais prestantes cidadãos, um dos mais conspicuos estadistas, um dos mais nobres caracteres de que a nossa terra se póde ufanar.
Já todos presentem que me refiro ao sr. Anselmo Braamcamp. (Muitos apoiados.)
Se eu expressasse só os meus sentimentos individuaes, mais com lagrimas do que com palavras, poderia traduzir a commoção que me domina; taes eram os vínculos de amizade e de reconhecimento que sempre me ligaram ao digníssimo chefe do partido progressista. (Vozes: - Muito bem.)
Representando a opinião de todos os membros desta camara, sei que devo determinar que se lavre na acta o testemunho do profundíssimo affecto com que todos acatámos a sua memória. (Muitos apoiados.)
Desta parte da acta será enviada uma copia á illustre família do finado.
Tenho dito.
Vozes: - Muito bem, muito bem.
O sr. Barros Gomes: - Sr. presidente, interpretando perfeitamente o sentimento que domina a camara toda, affirmou v. exa. ha pouco, em breves mas sentidas palavras, que fora profunda a mágua com que o paiz assistira ao fallecimento de El-Rei D. Fernando. Consinta agora v. exa. que, em nome dos deputados que se sentam deste lado da camara, eu me associe mais especialmente a essa manifestação. O espirito recto e conciliador de que aquelle augusto príncipe deu constantes e inequívocos testemunhos em todos os actos da sua vida publica em Portugal, e muito particularmente quando entre nós exerceu, por mais de uma vez, a suprema magistratura nacional, demonstrou bem que superabundavam n'elle as eminentes faculdades políticas que têem illustrado vários membros da sua família, quer no throno de Inglaterra, onde ao lado da actual Soberana se sentou merecendo applausos e louvores geraes da nação britannica, o príncipe Alberto, quer no throno da Bélgica, onde, para não fallar dos vivos, o primeiro Leopoldo foi modelo e exemplo a soberanos constitucionaes, quer em outros thronos e em situações diversas que tem permittido aos representantes da estirpe ducal dos Coburgo, o revelarem um superior tino político e qualidades e talentos á altura das funcções por elles exercidas. Entre nós, o Senhor D. Fernando, um dos membros mais illustres dessa família soube dar constante testemunho de taes qualidades sempre que neste paiz teve de assumir as supremas funcções de regente, e de tal modo o fez que conseguiu attrahir para si a boa vontade de todos e captivar á sua pessoa as sympathias da nação inteira.
O paiz, e com elle os membros desta camara, que temos a honra de o representar, não podemos esquecer a par disso que ElRei I). Fernando prestou, sempre que lho solicitaram, o seu auxilio e o prestigio do seu nome e da sua posição em favor de tudo quanto nas diversas espheras da humana actividade podia representar um progresso no campo do trabalho ou da arte, e uma tentativa feita em beneficio da nação.
Ainda ha pouco dera Sua Magestade uma demonstração do seu interesse pela prosperidade de Portugal, presidindo a essa recente exposição agrícola, que foi até certo ponto uma demonstração das forças da nossa primeira industria, e affirmando por fim o sentimento profundo que se lhe apossara do animo por não poder presidir, por effeito da doença que já então lhe minava a existência, ao acto solemne da distribuição dos prémios aos expositores.
Estas qualidades, assegurando-lhe o amor do paiz, ecoaram naturalmente até fora das suas fronteiras, e fizeram com que lhe fossem offertados dois thronos, um illustre pela terra onde se levanta, e a que se ligam as mais nobres tradições da intelligencia e da arte, refiro-me ao throno da Grécia; outro nobre, nobilíssimo, e a todos os respeitos illustre também, alludo ao throno da Hespanha, o de S. Fernando, de Izabel a Catholica e de Carlos V.
Todos nós sabemos qual o motivo que mais fortemente imperou no animo de Sua Magestade para recusar com persistência o ultimo destes thronos, e tal recusa significando affecto e respeito por aquillo que esta nação melhor tem mostrado saber presar, a sua independência, não fez senão firmar ainda mais o sentimento de sympathia de Portugal para com El-Rei.
Não sendo agora a occasião apropriada para desenvolver largas considerações sobre o assumpto, limito-me por isso a proferir estas singelas palavras, que significam a minha adhesão plena, cordeal e respeitosa, e a do partido que represento, á demonstração de sentimento que v. exa. acaba de propor, pelo passamento de Sua Magestade El-Rei o Senhor D. Fernando.
Referindo-me agora á segunda parte do discurso de v. exa., e escutando, acima de tudo, a voz do coração, consinta v. exa. que eu agradeça em nome dos meus amigos políticos a homenagem prestada á memória de um homem por todos os títulos venerando e respeitável, e que foi, como v. exa. com rasão o affirmou, um dos caracteres mais nobres, uma das consciências mais puras, que tem brilhado