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12 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

Foi n'estas circumstancias que se organisou a expedição a Lourenço Marques, e a breve trecho é ali restabelecido o prestigio do nome portuguez, o que é muito, mas esmagado o maior potentado do continente negro, o que é muitíssimo. (Apoiados.)

Sr. presidente, desde a surpreza de Marracuene até ao aprisionamento do Gungunhana, esses trabalhos de Maracuene, Magul e Coollela, essa memorável travessia desde o Inhambane até Manjacaze através de mil perigos, a acção da nossa heróica armada nas margens do Limpopo e do Incomati, são tudo o que ha de mais grandioso e épico na historia de um punhado de soldados, que se defrontaram com enormes massas de negros amestrados na arte da guerra. (Vozes: - Muito bem.)

Na india, como em Lourenço Marques, uma rebellião armada pretendia empanar o brilho da nossa soberania.

Ali, como em Lourenço Marques, uns centos de valentes soldados, honrados e animados pela presença e ardor guerreiro do irmão do Rei de Portugal em breve restabeleceram o nosso prestigio, collocando-o na altura em que ha séculos o deixámos. (Vozes: - Muito bem.)

Por isso eu dizia que bate mais rápido o coração portuguez ao ter de referir quanto ha de glorioso e homérico nos feitos dos nossos soldados, e que a todos encheu de glorias.

Glorias para o exercito, glorias para a armada, que ao mundo inteiro deram as mais eloquentes demonstrações de bravura e de patriotismo. (Muitos apoiados.)

Glorias para o Rei, chefe d'esse exercito e d'essa armada, que tão desveladamente se empenha pelo seu aperfeiçoamento e pelo engrandecimento da nossa querida patria. (Muitos apoiados.)

Glorias para o governo que traçou tal plano, que tão intelligente e energicamente o fez executar. (Vozes: - Muito bem.)

E eu seria injusto, sr. presidente, se não assignalasse a importantissima parte que á intelligencia, á energia prudente, á hábil política do sr. Antonio Ennes se deve na mais gloriosa campanha que se tem ferido na África central. (Apoiados geraes. - Vozes: - Muito bem.)

Por isso entendo que como o exercito, e como a armada, como o chefe do estado, como o governo, o sr. Antonio Ennes deve ter e tem partilha na nossa vivissima gratidão. (Muitos apoiados.)

Prestada esta justa homenagem aos nossos heroes, mando para a mesa a seguinte:

Proposta

Proponho que, como demonstração de regosijo pelos gloriosos feitos no ultramar, se levante a sessão, depois de approvadas por acclamação as propostas que estão na mesa, e esgotada que seja a inscripção. = Teixeira de Sousa.

Vozes: - Muito bem.

(O orador foi muito cumprimentado pelos seus collegas e pelos srs. ministros.)

O sr. Visconde do Ervedal da Beira: - Sr. presidente, não pedi a palavra para tomar por esta forma parte directamente nas homenagens de louvor justissimamente prestadas ao exercito; depois do se terem feito ouvir vozes tão distinctas e elevadas, seria imprudencia indesculpavel da minha parte, porque 09 poucos recursos da minha palavra nunca poderiam bem traduzir os sentimentos o enthusiasmo do meu coração, pelos valentes soldados, que com a espada souberam escrever paginas gloriosissimas na historia do paiz, e que vieram ainda mostrar ao mundo que são os descendentes dos heroes que por mares desconhecidos foram até aos confins da Asia hastear a bandeira portugueza.

Venho apenas cumprir uma missão para mim muito honrosa, venho em nome de uma collectividade muito respeitavel fazer um pedido, que eu espero será por esta camara acolhido com especial agrado e sympathia, porque pede para tomar parte neste banquete de festas e alegrias.

Acabo de receber um telegramma da camara municipal de Ceia, em que se pede que de accordo com o illustre deputado o sr. Mota Veiga seja interprete perante esta camara, dos jubilos que ella sente, e da parte que toma nas homenagens em honra do exercito e armada portugueza.

Era certamente ao sr. Mola Veiga, a quem por todas as rasões mais competia o cumprir esta missão, e especialmente porque é filho distinctissimo de Ceia, mas s. exa. por excessiva delicadeza e attenções para commigo quiz que fosse eu a quem fosse dada essa honra.

Venho, pois, apresentar uma moção, que peço licença para ler, esperando que a camara permitta que ella seja consignada na acta desta sessão.

E não a justifico, porque creio que está no coração de todos nós que ella seja approvada. (Muitos apoiados.)

Leu-se e é a seguinte:

Moção

Os deputados abaixo assignados propõem se consigne na acta da sessão da camara a seguinte moção;

A camara municipal do concelho de Ceia, em seu nome e dos povos do municipio, vem congratular-se com os representantes do paiz pelas brilhantes victorias alcançadas pelos soldados portuguezes, e associa-se jubilosamente a todas as homenagens prestadas ao valor do exercito e da marinha. = Os deputados pela Guarda, Visconde do Ervedal da Beria = Amandio Eduardo da Mota Veiga.

O sr. João Arroyo: - Perante a apotheose, que a camara está fazendo, não pode, embora a sua voz seja modesta, deixar de prestar tambem homenagem aos heroicos marinheiros e soldados que tão alto souberam erguer o nome portuguez, fazendo tremular victoriosa, no continente africano, a bandeira das quinas.

O orador discorrendo largamente sobre os gloriosos feitos dos portuguezes, passa em revista as façanhas dos nossos antigos guerreiros e navegadores, vindo até ao ultimo feito praticado por Mousinho de Albuquerque. Enaltece a dedicação e coragem dos expedicionarios; friza a importancia dos serviços prestados pelo commissario regio, o sr. conselheiro Ennes, e termina, aconselhando que se preste toda a attenção às nossas colonias.

(O discurso será publicado na integra quando s. exa. restituir as provas.)

O sr. Presidente: - Os srs. deputados que approvam a proposta, para que as moções sejam votadas por acclamação e em seguida a essa votação se levantar a sessão, têem a bondade de se levantar.

Foi approvado.

O sr. Presidente: - A ordem do dia para amanhã é a eleição da deputação de que trata uma das propostas que foi approvada e a eleição de commissões,
começando-se pela da resposta ao discurso da coroa.

Viva El-Rei e a familia real.

Viva a patria.

Viva o exercito e a marinha portugueza.

Toda a camara correspondeu entusiasticamente a estes vivas.

Está levantada a sessão.

Eram cinco horas e dez minutos da tarde.

O redactor = Lopes Vieira.