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SESSÃO N.° 3 DE 8 DE JANEIRO DE 1896 7

João Marcellino Arroyo.
João Maria Correia Ayres de Campos.
João Pereira Teixeira de Vasconcellos.
Joaquim do Espirito Santo Lima.
Joaquim José de Figueiredo Leal.
José Adolpho de Mello e Sousa.
José Coelho Serra.
José Eduardo Simões Baião.
D. José Gil Borja Macedo e Menezes.
José Joaquim Dias Gallas.
José Luiz Ferreira Freire.
José Marcellino de Sá Vargas.
José Maria Gomes da Silva Pinheiro.
José Mendes Lima.
José Pereira da Cunha da Silveira e Sonsa Junior.
José dos Santos Pereira Jardim.
José de Vasconcellos Mascarenhas Pedroso.
Julio Cesar Cau da Costa.
Licinio Pinto Leite.
Luiz Augusto Pimentel Pinto.
D. Luiz Filippe de Castro.
Luiz Maria Pinto do Soveral.
Luiz de Mello Correia Pereira Medello.
Luiz Osorio da Cunha Pereira de Castro.
Luiz de Sampaio Torres Fevereiro.
Luciano Affonso da Silva Monteiro.
Manuel Bravo Gomes.
Manuel de Bivar Weinholtz.
Manuel Francisco Vargas.
Manuel Joaquim Ferreira Marques.
Manuel Joaquim Fratel.
Manuel Thomás Pereira Pimenta de Castro.
Polycarpo Pecquet Ferreira dos Anjos.
Quirino Avelino de Jesus.
Romano Santa Clara Gomes.
Theodoro Ferreira Pinto Basto.
Thomás Victor da Costa Sequeira.
Visconde do Banho.
Visconde do Ervedal da Beira.
Visconde da Idanha.
Visconde de Palma de Almeida.
Wenceslau de Sousa Pereira de Lima.

O sr. Presidente (Antonio José da Costa Santos): - Convido o sr. visconde do Ervedal da Beira a vir prestar juramento como vice-presidente.

(Prestou juramento.)

O sr. Presidente (Antonio José da Costa Santos): - A camara dos senhores deputados da nação portugueza está definitivamente constituida.

Antes de dar começo aos trabalhos da primeira sessão legislativa, permitta-me a camara, que eu cumpra o dever de lhe agradecer a honra que me concedeu, habilitando-me com o seu voto a receber de El-Rei a nomeação de presidente da camara, o mais alto cargo a que, no systema constitucional, póde ser elevado um representante da nação.

Sei, porque m'o diz a propria consciencia, que não possuo merecimentos que podessem tornar-me digno de tamanha distincção; e por isso mesmo muito maior deve ser, e realmente é o meu reconhecimento para com a camara.

Não desconheço a grandeza das responsabilidades, que vou assumir; avalio bem as innumeras difficuldades, com que a cada passo hei de deparar no exercicio do meu cargo, e não teria, por certo, coragem para o acceitar se me não animasse a esperança de que a camara, até aqui tão benevola o generosa para commigo, me não recusará a continuação da nua benevolencia, será indulgente para com os meus erros e auxiliar-me-ha com as suas luzes no desempenho da minha espinhosa missão.

Por mim o que posso prometter e prometto, é ser imparcial para com ambos os lados da camara; esforçar-me-hei quanto possa por observar as prescripções do regimento e manter nas discussões a ordem, a seriedade e o decoro que deve haver nas discussões parlamentares; procurarei, emfim, não desmerecer da confiança que a camara em mim depositou. - (Vozes: - Muito bem.)

Se é sempre uma grandissima honra presidir á camara dos representantes da nação, para mim é tambem motivo de immenso jubilo o occupar a presidencia n'esta occasião de uma grande alegria nacional, n'este momento, em que a alma de todos os portuguezes - sem excepção de um só, creio-o bem - exulta de contentamento e vibra de enthusiasmo e admiração pelos feitos heroicos praticados na Africa e na India pelos nossos valentes officiaes e soldados do exercito e da armada, e designadamente pelo que poz termo á campanha de Lourenço Marques, feito extraordinario, assombroso e quasi inacreditavel pelo modo, porque se operou, a prisão do celebre Gungunhana, rei dos vátuas e dos seus mais ferozes auxiliares. (Apoiados geraes. - Vozes: Muito bem.)

Eu, deixando para pessoas mais competentes, para vozes mais auctorisadas o commemorar esses feitos brilhantissimos e exaltar os heroes, que os praticaram, creio interpretar os sentimentos da camara propondo que na acta se consigne um voto de congratulação do paiz pelos triumphos alcançados pelas nossas armas, e de vivissimo reconhecimento ás forças expedicionarias, e a todos quantos as auxiliaram, pelo modo por que tão bem serviram a sua patria. (Applausos geraes.)

Dou a palavra ao sr. Luiz Osorio, que a pediu sobre este incidente.

(S. exa. não reviu.)

O sr. Luiz Osorio: - Sr. presidente, sopra, nas armas portuguezas, uma sagrada monção de victorias e de triumphos. Passa um balsamo no coração, passa um refrigerio dulcissimo, na immensa, na altiva alma da patria. Parece, emfim, que está escripto: não se apaga, não se extingue, não morre, perdida na de outra nacionalidade, a historia grande, a tradição épica, a lingua fidalga e mestra, em cujo bronze se fundiu o livro santo dos portuguezes. (Vozes: - Muito bem.) E como, sr. presidente, se, n'este sagrado solo, cada homem e um soldado, e cada soldado morre com o sorriso nos labios! (Vozes: - Muito bem.)

Sr. presidente, todos se lembram, da ruidosa alegria que manifestavam, da amurada dos navios, de todo o convez e das enxarcias, os soldados dos corpos expedicionarios que partiram para estas ultimas campanhas ultramarinas.

Assistindo áquella alegria, acudiu-me á memoria uma pagina de Os filhos de D. João I, em que o nosso pobre Oliveira Martins se refere ao conselho reunido em Torres Vedras, para se expor o plano da conquista de Ceuta e decidir se a empreza devia ou não levar-se a cabo.

D. João I fallou. As longas barbas brancas de alguns guerreiros descaíram, meditabundas, sobre os peitos: era preciso decidir. No emtanto, o fidalgo portuguez João Gomes da Silva, despargindo um sorriso alegre, em torno do conselho, voltou-se para o rei e disse-lhe: "Quanto eu senhor, não sei que diga, senão: russos, alem!" E os guerreiros, os russos, que tinham encanecido nas campanhas da independencia contra Castella, acolheram o dito com uma gargalhada homerica; o conselho levantou-se e a primeira expedição de conquistas de alem mar estava decidida. Eram tambem os primeiros ensaios, ora o primeiro bater de azas do gigantes aguias que abria, assim com chave de oiro. (Vozes: - Muito bem.)

Ora, sr. presidente, hoje, como então, os nossos valentes soldados, na sua maioria imberbes ou quasi imberbes, partiram, n'uma commovente e deliciosa despreoccupação, cantando e rindo. E não se queira suppor, não se queira imaginar que elles tivessem partido na mais inteira e absoluta despreoccupação de ignorancia. Não! Muitos d'elles,