O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Página 5

N.° 3

SESSÃO PREPARATORIA EM 8 DE JANEIRO DE 1896

CONSTITUIÇÃO DA CAMARA

Presidencia do exmo. sr. Visconde do Ervedal da Beira

Secretarios - os exmos. srs.

José Eduardo Simões Baião
Julio Cesar Cau da Costa

SUMMARIO

Approvada a acta, dá-se conta da correspondencia.

Na ordem do dia effectua-se a eleição simultanea dos secretarios e vice-
-secretarios. - Suspende-se em seguida a sessão por não haver trabalhos de que a junta se occupasse. Reaberta, lê-se na mesa o decreto que nomeia o presidente e vice-presidente da camara. - O sr. presidente declara terminadas as funcções da junta provisoria e dissolvida a mesa. - Presta juramento, na qualidade de presidente, o sr. Antonio José da Costa Santos, e occupam os seus logares de secretarios os srs. Amandio Eduardo da Mota Veiga e José Eduardo Simões Baião. -Prestam juramento todos os srs. deputados presentes, e seguidamente o sr. visconde do Ervedal da Beira, na qualidade de vice-presidente. - O sr. presidente, depois de agradecer os votos da camara que o habilitaram a occupar a presidencia, propõe um voto de congratulação, que deve ser consignado na acta, pelos triumphos das armas portuguezas no ultramar. - O sr. Luiz Osorio, depois de pedir e obter que se abra uma inscripção especial sobre este assumpto, celebra os altos serviços prestados e importantes triumphos obtidos pelos expedicionarios. Felicita o governo e em especial o sr. ministro da guerra, concluindo por mandar para a mesa uma moção, - Usam da palavra sobre o mesmo assumpto e no mesmo sentido o sr. ministro da guerra, que agradece o elogio feito pelo orador precedente; os srs. Francisco Patricio, Teixeira de Vasconcellos, Teixeira de Sousa e visconde do Ervedal da Beira, que apresentam moções, o por ultimo o sr. João Arroyo. - Approvam-se por acclamação todas as moções, e o sr. presidente, depois de soltar vivas a El-Rei, á familia real, á patria, ao exercito e armada, levanta a sessão.

Abertura da sessão - Ás duas horas e tres quartos da tarde.

Presentes á chamada, 78 srs. deputados eleitos. São os seguintes: - Abilio Augusto de Madureira Beça, Adriano Augusto da Silva Monteiro, Alberto Antonio de Moraes Carvalho (Sobrinho), Albino de Abranches Freire de Figueiredo, Alfredo de Moraes Carvalho, Amandio Eduardo da Mota Veiga, Antonio de Almeida Coelho de Campos, Antonio Adriano da Costa, Antonio Augusto Correia da Silva Cardoso, Antonio d'Azevedo Castello Branco, Antonio Barbosa de Mendonça, Antonio Candido da Costa, Aarão Ferreira de Lacerda, Antonio Hygino Salgado de Araujo, Antonio José Boavida, Antonio José da Costa Santos, Antonio José Lopes Navarro, Antonio Ribeiro dos Santos Viegas, Antonio Velloso da Cruz, Arthur Alberto de Campos Henriques, Augusto Cesar Claro da Ricca, Augusto Dias Dantas da Gama, Augusto Victor dos Santos, Carlos de Almeida Braga, Conde de Anadia, Conde de Pinhel, Conde de Tavarede, Conde de Villar Secco, Diogo José Cabral, Eduardo Augusto Ribeiro Cabral, Francisco José Patricio, Francisco Xavier Cabral de Oliveira Moncada, Ignacio José Franco, Jacinto José Maria do Couto, Jayme Arthur da Costa Pinto, João Alves Bebiano, João Ferreira Franco Pinto Castello Branco, João Lopes Carneiro de Moura, João Marcellino Arroyo, João Pereira Teixeira de Vasconcellos, Joaquim do Espirito Santo Lima, Joaquim José de Figueiredo Leal, José Adolpho de Mello e Sousa, José Coelho Serra, José Eduardo Simões Baião, José Freire Lobo do Amaral, D. José Gil Borja Macedo e Menezes, José Joaquim Dias Gallas, José Luiz Ferreira Freire, José Marcellino de Sá Vargas, José Maria Gomes da Silva Pinheiro, José Mendes Lima, José Pereira da Cunha da Silveira e Sousa Junior, José dos Santos Pereira Jardim, José de Vasconcellos Mascarenhas Pedroso, Julio Cesar Cau da Costa, Licinio Pinto Leite, Luiz Augusto Pimentel Pinto, D. Luiz Filippe de Castro, Luiz Maria Pinto do Soveral, Luiz de Mello Correia Pereira Medello, Luiz Osorio da Cunha Pereira de Castro, Luciano Affonso da Silva Monteiro, Manuel Bravo Gomes, Manuel de Bivar Weinholtz, Manuel Francisco Vargas, Manuel Joaquim Ferreira Marques, Manuel Joaquim Fratel, Manuel Thomás Pereira Pimenta de Castro, Polycarpo Pecquet Ferreira dos Anjos, Quirino Avelino de Jesus, Theodoro Ferreira Pinto Basto, Thomás Victor da Costa Sequeira, Visconde do Banho, Visconde do Ervedal da Beira, Visconde da Idanha, Visconde de Palma de Almeida e Visconde de Tinalhas.

Entraram durante a sessão os srs.: - Agostinho Lucio e Silva, Antonio Teixeira de Sousa, Bernardino Camillo Cincinato da Costa, Fidelio de Freitas Branco, Henrique da Cunha Matos de Miranda, Jeronymo Osorio de Castro Cabral e Albuquerque, João Maria Correia Ayres de Campos, Luiz de Sampaio Torres Fevereiro e Romano Santa Clara Gomes.

Não compareceram á sessão os srs.: - Adolpho Alves de Oliveira Guimarães, Adolpho da Cunha Pimentel, Amadeu Augusto Pinto da Silva, Antonio de Castro Pereira Côrte Real, Conde de Jacome Correia, Diogo de Macedo, Guilherme Augusto Pereira de Carvalho de Abreu, Jacinto Candido da Silva, Jayme de Magalhães Lima, João José Pereira Charula, João da Mota Gomes, João Rodrigues Ribeiro, José Antonio Lopes Coelho, José Bento Ferreira de Almeida, José Correia de Barros, José Dias Ferreira, José Joaquim Aguas, José Teixeira Gomes, Manuel Augusto Pereira e Cunha, Manuel José de Oliveira Guimarães, Manuel Pedro Guedes, Manuel de Sousa Avides, Marianno Cyrillo de Carvalho, Miguel Dantas Gonçalves Pereira, Visconde de Leite Pery, Visconde de Nandufe e Wenceslau de Sousa Pereira de Lima.

Acta - Approvada.

EXPEDIENTE

Officios

Um do ministerio do reino, acompanhando uma certidão por onde se mostra que o sr. deputado eleito pelo circulo de Braga, bacharel Quirino Avelino de Jesus, foi nos ultimos dois annos collectado em contribuição industrial pelo exercicio da sua profissão de advogado n'aquella cidade.

Para a secretaria.

Página 6

6 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

Um do tribunal de verificação de poderes, acompanhando, com os respectivos documentos, o accordão pelo qual o mesmo tribunal julga nulla a eleição a que se procedeu no circulo n.° 23 (S. Thomé e Principe), e que é do teor seguinte:

Accordão no tribunal de verificação de poderes:

Mostra-se do presente processo eleitoral do circulo n.° 23 das ilhas de S. Thomé e Principe, a que se procedeu em 3 de novembro ultimo, que verificado o numero dos eleitores de todo o circulo, obteve o cidadão Jacinto Simões Ferreira da Cunha 930 votos, que tantos foram os votantes eleitos;

Mostra-se que na assembléa de apuramento, que teve logar no primeiro dia do mez de dezembro ultimo, foi, pelo visconde de Nova Java, apresentado um protesto contra a validade de todos os actos eleitoraes n'este circulo, protesta que a mesa da assembléa, á excepção do sr. presidente, não quiz receber, e que por isso foi entregue ao reclamante e que o recebeu.

O que tudo visto, e bem assim os fundamentos consignados no referido protesto; e considerando que o acto eleitoral, de que se trata, se realisou contra as prescripções legaes, por isso que elle teve logar no dia 3 de novembro de 1895, quando o recenseamento eleitoral só se podia reputar em vigor posteriormente a 19 de janeiro do corrente anno, como se mostra do Boletim official;

Considerando assim que os demais fundamentos invocados pelo reclamante contra a eleição estão prejudicados, visto que, pelo facto de se proceder á eleição por um recenseamento ainda não encerrado, esta eleição está insanavelmente nulla:

Por este fundamento julgam nulla a eleição de que se trata para os effeitos legaes.

Lisboa, sala das sessões do tribunal de verificação de poderes, 7 de janeiro de 1896. = A. J. Rocha = Dr. A. M. de Tavora = E. J. Coelho = Teixeira (com declaração de entender que a eleição foi nulla por ser feita em virtude de um decreto illegal) = Pimentel = Castro e Solla = Tavares.

ORDEM DO DIA

Eleição dos secretarios e vice-secretarios

O sr. Presidente (Visconde do Ervedal da Beira): - Vae proceder-se á eleição de secretarios e vice-secretarios.

Para abreviação de trabalhos, a eleição será simultanea.

Convido os srs. deputados a formularem as suas listas.

Fez-se a chamada.

O sr. Presidente: - Convido para servirem de escrutinadores os srs. Luciano Monteiro e Costa Pinto.

Corrido o escrutinio, verificou-se terem entrado na urna 72 listas, e saíram eleitos para secretarios os srs.:

Amandio Eduardo da Mota Veiga, com .... 71 votos
José Eduardo Simões Baião .... 66 votos

Obteve tambem 1 voto o sr. Abilio Augusto Madureira Beça.

Para vice-secretarios entraram na urna 67 listas, e saíram eleitos os srs.:

Abilio Augusto Madureira Beça, com .... 67 votos
Joaquim do Espirito Santo Lima .... 66 votos

Obtiveram tambem 1 voto os srs. D. Luiz de Castro e Theodoro Pinto Bastos.

O sr. Presidente (Visconde do Ervedal da Beira): - Está interrompida a sessão até chegar o decreto real que nomeia o presidente e vice-presidente da camara.

Eram tres horas e quinze minutos da tarde.

Sendo tres horas e meia da tarde é reaberta a sessão.

O sr. Presidente: - Chegou á mesa, com um officio do ministerio do reino, o decreto que vae ler-se.

Leu-se o seguinte

Decreto

Tomando em consideração a proposta da camara dos senhores deputados da nação portugueza: hei por bem, em virtude do disposto no artigo 21.° da carta constitucional da monarchia, nomear ao deputado Antonio José da Costa Santos para o logar de presidente da mesma camara, e ao deputado visconde do Ervedal da Beira para o de vice-presidente.

Paço das Necessidades, em 8 de janeiro de 1896. = EL-REI. = João Ferreira Franco Pinto Castello Branco.

Para a secretaria.

O sr. Presidente (Visconde do Ervedal da Beira): - Convido o sr. Antonio José da Costa Santos a vir prestar juramento, na qualidade de presidente.

Prestou juramento e occupou a presidencia.

O sr. Presidente (Antonio José da Costa Santos): - Convido os srs. secretarios a prestarem juramento.

Prestaram juramento os srs. Amandio Eduardo da Mota Veiga e José Eduardo Simões Baião e occuparam as cadeiras de secretarios.

O sr. Presidente (Antonio da Costa Santos): - Antes dos srs. deputados prestarem juramento, aquelles que exercerem alguns cargos incompativeis com o seu logar de deputados tenham a bondade de o declararem.

Prestaram juramento os srs.:

Abilio Augusto de Madureira Beça.
Adriano Augusto da Silva Monteiro.
Agostinho Lucio e Silva.
Alberto Antonio de Moraes Carvalho (Sobrinho).
Albino de Abranches Freire de Figueiredo.
Alfredo de Moraes Carvalho.
Amandio Eduardo da Mota Veiga.
Antonio de Almeida Coelho de Campos.
Antonio Adriano da Costa.
Antonio Barbosa de Mendonça.
Antonio Candido da Costa.
Aarão Ferreira de Lacerda.
Antonio Hygino Salgado de Araujo.
Antonio José Boavida.
Antonio José da Costa Santos.
Antonio José Lopes Navarro.
Antonio Ribeiro dos Santos Viegas.
Antonio Teixeira de Sousa.
Antonio Velloso da Cruz.
Arthur Alberto de Campos Henriques.
Augusto Cesar Claro da Ricca.
Augusto Dias Dantas da Gama.
Augusto Victor dos Santos.
Bernardino Camillo Cincinato da Costa.
Carlos de Almeida Braga.
Conde de Anadia.
Conde de Pinhel.
Conde de Tavarede.
Conde de Villar Secco.
Diogo José Cabral.
Eduardo Augusto Ribeiro Cabral.
Fidelio de Freitas Branco.
Francisco José Patricio.
Francisco Xavier de Oliveira Moncada.
Henrique da Cunha Matos de Mendia.
Ignacio José Franco.
Jacinto José Maria do Couto.
Jayme Arthur da Costa Pinto.
Jeronymo Osorio de Castro Cabral e Albuquerque.
João Alves Bebiano.
João Ferreira Franco Pinto Castello Branco.
João José Pereira Charula.
João Lopes Carneiro de Moura.

Página 7

SESSÃO N.° 3 DE 8 DE JANEIRO DE 1896 7

João Marcellino Arroyo.
João Maria Correia Ayres de Campos.
João Pereira Teixeira de Vasconcellos.
Joaquim do Espirito Santo Lima.
Joaquim José de Figueiredo Leal.
José Adolpho de Mello e Sousa.
José Coelho Serra.
José Eduardo Simões Baião.
D. José Gil Borja Macedo e Menezes.
José Joaquim Dias Gallas.
José Luiz Ferreira Freire.
José Marcellino de Sá Vargas.
José Maria Gomes da Silva Pinheiro.
José Mendes Lima.
José Pereira da Cunha da Silveira e Sonsa Junior.
José dos Santos Pereira Jardim.
José de Vasconcellos Mascarenhas Pedroso.
Julio Cesar Cau da Costa.
Licinio Pinto Leite.
Luiz Augusto Pimentel Pinto.
D. Luiz Filippe de Castro.
Luiz Maria Pinto do Soveral.
Luiz de Mello Correia Pereira Medello.
Luiz Osorio da Cunha Pereira de Castro.
Luiz de Sampaio Torres Fevereiro.
Luciano Affonso da Silva Monteiro.
Manuel Bravo Gomes.
Manuel de Bivar Weinholtz.
Manuel Francisco Vargas.
Manuel Joaquim Ferreira Marques.
Manuel Joaquim Fratel.
Manuel Thomás Pereira Pimenta de Castro.
Polycarpo Pecquet Ferreira dos Anjos.
Quirino Avelino de Jesus.
Romano Santa Clara Gomes.
Theodoro Ferreira Pinto Basto.
Thomás Victor da Costa Sequeira.
Visconde do Banho.
Visconde do Ervedal da Beira.
Visconde da Idanha.
Visconde de Palma de Almeida.
Wenceslau de Sousa Pereira de Lima.

O sr. Presidente (Antonio José da Costa Santos): - Convido o sr. visconde do Ervedal da Beira a vir prestar juramento como vice-presidente.

(Prestou juramento.)

O sr. Presidente (Antonio José da Costa Santos): - A camara dos senhores deputados da nação portugueza está definitivamente constituida.

Antes de dar começo aos trabalhos da primeira sessão legislativa, permitta-me a camara, que eu cumpra o dever de lhe agradecer a honra que me concedeu, habilitando-me com o seu voto a receber de El-Rei a nomeação de presidente da camara, o mais alto cargo a que, no systema constitucional, póde ser elevado um representante da nação.

Sei, porque m'o diz a propria consciencia, que não possuo merecimentos que podessem tornar-me digno de tamanha distincção; e por isso mesmo muito maior deve ser, e realmente é o meu reconhecimento para com a camara.

Não desconheço a grandeza das responsabilidades, que vou assumir; avalio bem as innumeras difficuldades, com que a cada passo hei de deparar no exercicio do meu cargo, e não teria, por certo, coragem para o acceitar se me não animasse a esperança de que a camara, até aqui tão benevola o generosa para commigo, me não recusará a continuação da nua benevolencia, será indulgente para com os meus erros e auxiliar-me-ha com as suas luzes no desempenho da minha espinhosa missão.

Por mim o que posso prometter e prometto, é ser imparcial para com ambos os lados da camara; esforçar-me-hei quanto possa por observar as prescripções do regimento e manter nas discussões a ordem, a seriedade e o decoro que deve haver nas discussões parlamentares; procurarei, emfim, não desmerecer da confiança que a camara em mim depositou. - (Vozes: - Muito bem.)

Se é sempre uma grandissima honra presidir á camara dos representantes da nação, para mim é tambem motivo de immenso jubilo o occupar a presidencia n'esta occasião de uma grande alegria nacional, n'este momento, em que a alma de todos os portuguezes - sem excepção de um só, creio-o bem - exulta de contentamento e vibra de enthusiasmo e admiração pelos feitos heroicos praticados na Africa e na India pelos nossos valentes officiaes e soldados do exercito e da armada, e designadamente pelo que poz termo á campanha de Lourenço Marques, feito extraordinario, assombroso e quasi inacreditavel pelo modo, porque se operou, a prisão do celebre Gungunhana, rei dos vátuas e dos seus mais ferozes auxiliares. (Apoiados geraes. - Vozes: Muito bem.)

Eu, deixando para pessoas mais competentes, para vozes mais auctorisadas o commemorar esses feitos brilhantissimos e exaltar os heroes, que os praticaram, creio interpretar os sentimentos da camara propondo que na acta se consigne um voto de congratulação do paiz pelos triumphos alcançados pelas nossas armas, e de vivissimo reconhecimento ás forças expedicionarias, e a todos quantos as auxiliaram, pelo modo por que tão bem serviram a sua patria. (Applausos geraes.)

Dou a palavra ao sr. Luiz Osorio, que a pediu sobre este incidente.

(S. exa. não reviu.)

O sr. Luiz Osorio: - Sr. presidente, sopra, nas armas portuguezas, uma sagrada monção de victorias e de triumphos. Passa um balsamo no coração, passa um refrigerio dulcissimo, na immensa, na altiva alma da patria. Parece, emfim, que está escripto: não se apaga, não se extingue, não morre, perdida na de outra nacionalidade, a historia grande, a tradição épica, a lingua fidalga e mestra, em cujo bronze se fundiu o livro santo dos portuguezes. (Vozes: - Muito bem.) E como, sr. presidente, se, n'este sagrado solo, cada homem e um soldado, e cada soldado morre com o sorriso nos labios! (Vozes: - Muito bem.)

Sr. presidente, todos se lembram, da ruidosa alegria que manifestavam, da amurada dos navios, de todo o convez e das enxarcias, os soldados dos corpos expedicionarios que partiram para estas ultimas campanhas ultramarinas.

Assistindo áquella alegria, acudiu-me á memoria uma pagina de Os filhos de D. João I, em que o nosso pobre Oliveira Martins se refere ao conselho reunido em Torres Vedras, para se expor o plano da conquista de Ceuta e decidir se a empreza devia ou não levar-se a cabo.

D. João I fallou. As longas barbas brancas de alguns guerreiros descaíram, meditabundas, sobre os peitos: era preciso decidir. No emtanto, o fidalgo portuguez João Gomes da Silva, despargindo um sorriso alegre, em torno do conselho, voltou-se para o rei e disse-lhe: "Quanto eu senhor, não sei que diga, senão: russos, alem!" E os guerreiros, os russos, que tinham encanecido nas campanhas da independencia contra Castella, acolheram o dito com uma gargalhada homerica; o conselho levantou-se e a primeira expedição de conquistas de alem mar estava decidida. Eram tambem os primeiros ensaios, ora o primeiro bater de azas do gigantes aguias que abria, assim com chave de oiro. (Vozes: - Muito bem.)

Ora, sr. presidente, hoje, como então, os nossos valentes soldados, na sua maioria imberbes ou quasi imberbes, partiram, n'uma commovente e deliciosa despreoccupação, cantando e rindo. E não se queira suppor, não se queira imaginar que elles tivessem partido na mais inteira e absoluta despreoccupação de ignorancia. Não! Muitos d'elles,

Página 8

8 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

porventura todos elles, sabiam bem que o inimigo era aguerrido, immenso em numero, cavilloso e traiçoeiro; e que o clima, peior que o inimigo, era mais traiçoeiro do que elle, mais deleterio e descaroavel ainda! (Vozes: - Muito bem.)

Mas é que a generosa tensão do sentimento do dever, e esse alguma cousa de aventureiros, que não perderemos nunca, refervia-lhes no sangue, communicava-se e incendiava-lhes os brios. (Vozes: - Muito bem.)

Eu assisti á partida do todos os expedicionarios. N'uma unção recolhida, n'uma unção religiosa, eu observei e guardei, na memoria, o minimo incidente que em volta de mim se passava. Tão grandes cousas vi! Tamanha lucta de sentimentos nobres! Abençoados brios! (Applausos.)

Com elles partiram creanças, cantando e rindo, e regressam agora, muitos varados pelas balas e azagaias inimigas, muitos mordidos, alquebrados, escarnecidos da febre; mas, mercê de Deus, cabeça altivamente levantada - todos heroes e benemeritos da patria. (Vozes: - Muito bem.)

Os officiaes, se o papel que desempenhavam e as graves responsabilidades que lhes incumbiam, lhes impunham uma compostura maior nas manifestações do seu enthusiasmo, todavia uma phrase precipitada, o chammejar dos olhos, um rictus peculiar na physionomia contrahida, vi-os eu, sr. presidente, um traço, um musculo da face em convulsão, traduziam, bem claramente, os mal suffocados impe- tos da mais legitima e generosa ambição de gloria, sem a qual não ha homem que logre levantar-se uma linha acima da craveira commum por que se medem os outros homens. (Vozes: - Muito bem.)

As nobilissimas ambições com que os nossos officiaes e soldados se despediram da terra portugueza, acabam successivamente de desfechar na mais gloriosa seara de victorias. A colheita foi larga, a colheita foi immensa, a colheita foi completa; não ha escondel-o; creio que, ao menos agora, não ha contestal-o. (Apoiados.) E tão larga, tão completa ella foi que, ou eu me engano muito, ou muitas das velhas fibras do coração portuguez, adormecidas por essas provincias, acordaram subitamente e retremeram de enthusiasmo. (Apoiados.)

Eu mesmo, quero confessal-o aqui, eu mesmo que pertenci ao numero dos desalentados, enchi-me de confiança. Permitta Deus que ella me não minta; espero me não mentirá.

Não esqueçamos que, entre os victoriosos que regressam agora, e os que em breve regressarem, figura um membro da familia real, figura um principe portuguez; o que é importante, (Muitos apoiados.) para o prestigio das instituições, cá dentro, e para o prestigio do nome portuguez, lá fora. Creio mesmo que, quem quer que professe as idéas republicanas, achará nobre este procedimento. (Applausos geraes.)

Fica-se assim sabendo, mais uma vez, que aqui, quando é preciso, os principes, como os ultimos desherdados, transpõem continentes ou atravessam os mares, para se baterem. Aqui são todos homens. (Applausos geraes. - Vozes: - Muito bem.)

Sr. presidente, eu vou terminar.

Resumindo e liquidando: homens que saibam morrer temos nós; prumo sempre; administração rigorosa, quanto possivel isenta de abusos; ar successivamente mais puro, nas altas camadas da atmosphera politica: tudo energica, mas mansa e gradualmente feito, visto que a sciencia nos diz que os saltos não são convenientes, nem no mundo physico, nem no mundo social... e fio em Deus que o tempo fará o resto.

Individualmente, o que em nada prende com a natureza da moção que vou mandar para a mesa, individualmente, felicito com vivo calor o governo, pela energia do seu procedimento, que nunca empallideceu, e pelo acertado das suas medidas; e particulariso, n'este ponto, o ousado ministro da guerra, (Muitos apoiados.) que tão alto tem sabido levantar o prestigio do exercito e tão larga e tão nobremente comprehende os deveres do seu cargo.

Vozes: - Muito bem.

Vou ler e mandar para a mesa a seguinte:

Moção

A camara dos deputados da nação portugueza, em nome do paiz, conscia dos altos e generosos serviços de que é devedora a todos os corpos expedicionarios e tropas ultramarinas, do exercito e da armada, que tomaram parte nas ultimas campanhas da Africa, da India e de Timor; avaliando o heroico, sereno e, por vezes, alegre esforço de animo, que mantiveram nos perigos imminentes, e toda a rude coragem indomavel, que lhes foi necessaria nas invias e longas marchas do continente negro, atravez de climas inhospitos, debaixo de chuvas torrenciaes e de calores ardentissimos; admirando a nobre e altiva isenção dos sentimentos patrioticos de todos, e, nomeadamente, dos que, feridos, permaneciam nos combates; medindo bem o alcance d'estes ultimos acontecimentos, aos olhos do mundo culto e aos do proprio paiz, abatido e desconfiado de si mesmo; reaffirmando a consciencia de que os soldados e marinheiros de hoje continuam os antigos soldados e marinheiros portuguezes, sabendo hoje, como então, para salvar intacta a independencia nacional e todo o solo sagrado da patria, renovar, sendo preciso, todas as epopêas antigas; não esquecendo que um povo, como um homem, não vive só de pão, mas tambem do prestigio e da auctoridade moral do seu nome: lavra, cheia de respeito, na acta d'esta sessão, um voto de profundo sentimento e de saudade por todos os que morreram, cumprindo o seu dever; orgulha-se e congratula-se pelo exercito e pela armada, que possue; agradece, n'um brado unisono de enthusiasmo, a esse punhado de valentes, que tão denodadamente se bateram; e sauda e felicita, na pessoa de seus officiaes e soldados, todo o heroico exercito e toda a heroica armada portugueza. = O deputado, Luiz Osorio.

(O orador foi muito applaudido durante o seu discurso e saudado com palmas quando terminou, sendo em seguida comprimentado pelos srs. ministros e por grande numero dos seus collegas.)

O sr. Ministro da Guerra (Pimentel Pinto): - Sr. presidente, tinha pedido a palavra para me associar, em nome do governo, ás sentidas e patrioticas palavras proferidas pelo illustre deputado e meu amigo o sr. Luiz Osorio.

Permitta-me, porém, v. Exa., sr. presidente, e permitta-me a camara que, antes de começar o que tenciono dizer, eu agradeço a s. exa. as palavras com que me honrou e á camara os applausos que lhe deu, quando se referia ao ministro da guerra. Nem essas palavras são, infelizmente, merecidas, nem o eram tambem os applausos. (Não apoiados.) Mas se a boa vontade suppre de algum modo a falta de outros dotes, então, senhores, era verdade o que dizia o sr. Luiz Osorio e merecidos foram os applausos dispensados ao ministro. (Apoiados.)

Como disse, pedi a palavra para, em nome do governo, me associar ás expressões dirigidas por s. exa. ao exercito e á armada, expressões de justo e merecido louvor, e inspiradas pela sua alma de poeta, pelo seu grande coração de portuguez, e com as quaes o governo está perfeitamente de accordo. (Apoiados.)

Em nome do governo congratulo-me com v. exa., com a camara e com o paiz pelas brilhantes victorias alcançadas em Africa pelos nossos valentes marinheiros e pelos nossos bravos soldados, cuja resignação nas privações, e cujo civismo e intemerata coragem nunca, nunca, sr. presidente, foram desmentidos nos combates ultimamente feridos na Africa, na Asia e na Oceania, e antes mais e mais se affirmaram, dia a dia, e se accentuaram em presença dos perigos de toda a ordem que com a maior intrepidez

Página 9

SESSÃO N.° 3 DE 8 DE JANEIRO DE 1896 9

affrontavam; perigos a que denodadamente se expozeram em Lourenço Marques, em Inhambane, na India e em Timor. (Muitos apoiados.}

Finalmente, direi tambem, em nome do governo, que bem mereceram da patria todos quantos pelo seu braço, pelos seus talentos, pelo seu esforço, pelo seu valor e pela sua disciplina contribuiram para os ingentes e brilhantes triumphos ultimamente alcançados nos nossos dominios ultramarinos. (Muitos apoiados.) Bem mereceram da patria todos esses que ergueram alto, muito alto, tão alto que não era quasi permittido esperar que a tal altura se erguesse, a sagrada bandeira das quinas, symbolo augusto da nossa nacionalidade. (Vozes: - Muito bem, muito bem.)

Sr. presidente, não é agora a occasião de celebrar n'este logar os feitos heroicos, praticados individualmente pelos nossos bravos officiaes e pelos nossos valentes soldados; nem mesmo esse ultimo que veiu pôr um termo glorioso á nossa campanha na Africa oriental, nem mesmo esse que nos encheu de jubilo o coração de todos nós, e que, por assim dizer, nos transportou aos tempos do D. João I e de D. Affonso V, nem mesmo esse eu quero hoje enaltecer em especial. Foram, porém, tantos e tão extraordinarios os feitos heroicos praticados pelos nossos valentes marinheiros e soldados, que eu creio que nenhum portuguez deixará de sentir-se orgulhoso ao rememeral-os; (Apoiados.) e como muito bem disse o sr. Luiz Osorio, não ha inveja, não ha ciume, não ha pessimismo mesmo que os possam pôr em duvida. (Muitos apoiados.)

Sr. presidente, affirmando que na nossa historia patria figura grande numero de heroes e que os nomes de muitos outros se inscreverão n'ella, diz-se apenas uma verdade que está sem duvida escripta no coração de todos nós. (Apoiados.)

Como as forças de mar e terra no seu sentir, no seu civismo, na sua intrepidez, no seu valor e na sua disciplina valem precisamente o que vale o povo de onde ellas vem, creio que todos nós nos devemos sentir orgulhosos ao relembrar os feitos heroicos, as brilhantes victorias alcançadas ultimamente em Africa pelo nosso exercito e armada, (Apoiadas.) porque estes feitos vieram mais uma vez demonstrar ao mundo que o soldado portuguez tem qualidades raras, aptidões excepcionalissimas, e que nós somos ainda esse povo de heroes, avido de gloria, que póde ser vencido pelo numero, mas que por nenhum povo póde ser excedido e difficilmente igualado. (Vozes: - Muito bem.)

Honremos pois, o exercito e a armada. Honremos estas duas collectividades, que póde dizer-se, constituem uma só, e que estão sempre promptas a verter o seu sangue pela patria. (Apoiados.)

Votando a moção apresentada pelo illustre deputado o sr. Luiz Osorio, mostrâmos a nossa gratidão, e prestamos a nossa homenagem a esse punhado de bravos que á custa dos maiores sacrificios e affrontando perigos terriveis, levantou nos nossos dominios ultramarinos o prestigio do nome portuguez, fazendo-o refulgir com o brilho de outros tempos. (Apoiados.)

Unamo-nos todos nós, os que estamos aqui, n'um só voto, mas voto ardente e sincero, pedindo a Deus que as campanhas que nós ferimos em 1895, sejam o inicio de uma nova epocha de gloria para o nosso querido Portugal. (Muitos apoiados.)

Seja esse o nosso mais ardente desejo, seja essa a nossa unica ambição.

Vozes: - Muito bem, muito bem.

O orador foi saudado com uma salva de palmas e em seguida comprimentado por muitos srs. deputados.

(S. exa. não reviu este discurso.)

O sr. F. J. Patricio: - Seja esta victoria o inicio glorioso de dias prosperos e felizes para a patria. (Apoiados.) Seja tambem este acontecimento um bello auspicio para os trabalhos d'esta casa. Não podemos começar melhor. Não podemos iniciar mais afortunadamente os nossos trabalhos para o bem do paiz e gloria nacional, do que impulsionados pelo calor que nos dão essas victorias, guiados por essa luz que derrama o triumpho obtido pelos nossos soldados e marinheiros. (Apoiados.)

É preciso alevantar a alma nacional, e esse esforço está-o realisando um punhado de bravos, que tendo aberto caminho por entre as lagrimas dos entes mais queridos, foram, longe da patria, affrontando os rigores do clima, e o ardor das febres, respirando o ar pestilento dos pantanos, expondo-se aos golpes das azagaias e ás balas dos inimigos, fazer triumphar a bandeira gloriosa das quinas, que tendo ainda, ha bem pouco tempo, servido de mortalha ao pobre sertanejo da Africa occidental, triumphava agora nas mãos dos bravos expedicionarios na Africa oriental.(Apoiados.)

Afastemos para bem longe essa onda de scepticismo em que muitas vezes nos querem envolver. Afastemos para bem longe o receio de uma dissolução social que os fatalistas para ahi andam a annunciar-nos. (Apoiados.)

Um povo que tem occasião de fazer reviver na sua historia contemporanea os brios do passado, e por um modo tão distincto, prova bem altaneiramente que nem a febre da descrença lhe crestou a fronte altiva, nem o enfraquecimento moral lhe bate no peito para arrancar do sacrario da alma as suas convicções de autonomo, independente e livre. (Vozes: - Muito bem.)

A alma da patria rejubila ao contemplar os nossos bravos soldados e valentes marinheiros. (Apoiados.) Digam que está fraca e depauperada a nossa raça.
Alcunhem de abatida a nossa epocha. Ahi está a lição dos nossos dias. Ahi está um punhado de homens, quarenta e seis, com um brioso official á frente, vencendo e derrotando um potentado negro e assombrando o mundo com o estrondo de uma luzentissima victoria!

Batalhadores como outr'ora, leaes á pátria, cheios de valor e heroismo como sempre, os nossos briosos soldados e marinheiros, guiados por officiaes illustrados e valentes, não ha trabalho que os fatigue, não ha lucta que os apavore, nem inimigo que os prostre!

Á luz esplendida d'este seculo apparecem tão bellamente os heroes portuguezes nas campanhas africanas, que bem demonstram que á nossa patria não faltam corações generosos que lhe renovem a vida: o que se passou na Africa oriental honrava o mais esforçado exercito do mundo. A ultima noticia recebida ha dias ácerca da prisão do potentado negro, do temeroso Gungunhana, esse feito de armas realisado por um pequeno troço de quarenta e seis soldados, tem a nota mais caracteristica do heroismo: é um formoso traço épico! É novo, é dos nossos dias, embora segundo a nossa historia e as nossas tradições pareça antigo! (Vozes: - Muito bem.)

Hoje, que as questões de africa tão altamente interessam, é-nos sempre grato, que n'esta casa commemoremos, quer o valor dos nossos valentes expedicionarios, quer a ousadia e sem temor dos nossos marinheiros. (Apoiados.)

Os nossos dominios ultramarinos representam uma herança gloriosa, representam uma tradição de honra, representam um facto notavel na historia da civilisação; pois agora sejam as recentes victorias a posse que firma a herança; sejam o padrão que exalce as glorias passadas; sejam o facto comprovado, o inicio de utilidades praticas e irrecusaveis. O nosso exercito comprehendeu perfeitamente a occasião em que a patria reclamava os seus serviços e correspondeu-lhe com a lealdade mais completa; (Apoiados.) officiaes e soldados brilharam pela sua dedicação, deslumbraram pela sua disciplina.

No nosso exercito não é diante dos perigos que se deserta, que se trepida, que um só se abate! (Vozes: - Muito bem.)

Officiaes e soldados abandonaram nas ondas do mar as saudades da familia e dos entes que lhes eram mais queridos, e foram lá fora conquistar uma luzente victoria; fo-

Página 10

10 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

ram firmar a nossa posse; foram radicar o nosso dominio; foram honrar a bandeira azul e branca, que espelhada no dorso das vagas e na espuma que deslisava em volta do navio que os conduzia, era como que o coração da patria que os acompanhava. Foram, e ao recordar-se da patria, e tendo no peito a consciencia do dever, fizeram triumphar em terras de alem-mar essa bandeira gloriosa, que é, nas suas cores, a expressão do azul dos céus e da tunica inconsutil da justiça. É por isso que os proclamâmos benemeritos. (Apoiados.)

Cumprimos assim um alto dever nacional. (Muitos apoiados.)

E n'esta consagração, é digno de considerar-se a todos os respeitos o procedimento do governo, que com a maior actividade, energia e promptidão, organisou estas expedições. (Muitos apoiados.)

Vejâmos o que se passa lá fora, na questão de lentidões e demoras, vejamos o que succedia em outras epochas, que não vão longe.

Agora, tambem é justo que se faça esta referencia, o soldado portuguez que marchava para o campo da batalha, para pugnar em defeza da patria, sabia que lhe apparecia lá uma benemerita instituição a ajudal-o, a sociedade da Cruz Vermelha. (Apoiados.)

É a sociedade portuguesa da Cruz Vermelha que devo memorar n'este momento em vista dos seus grandes serviços, prestados n'esta questão.

Esta instituição concorreu tambem com tão valiosos auxilios para as ambulancias, que eu desejo pôl-os em evidencia, com a devida justiça que merecem, para que o soldado portuguez tenha a segurança, como agora experimentou, de que se um dia as balas o ferissem, encontra para o amparar o braço dedicado e prestigioso da caridade christã, exercida em nome de Deus e da patria. (Vozes: - Muito bem.)

Eu termino, sr. presidente, apresentando ao reconhecimento nacional os serviços que prestaram tambem os funccionarios que tomaram parte nos trabalhos das expedições e á benemerita sociedade da Cruz Vermelha, que eu julgo muito digna dos nossos respeitos e da nossa mais calorosa sympathia.

(O orador foi muito applaudido durante o seu discurso e depois comprimentado por quasi todos os seus collegas.)

O sr. Teixeira de Vasconcellos: - Ha na vida dos povos, como na dos individuos, momentos de tristeza e desanimo, como os ha de alegria e esperança. Poucas nações soffreram um periodo de tão dolorosas provações, mas, n'este momento historico, poucas ha, se ha alguma, que tenha tantos motivos de jubilo e de vaidade.

Foi bem funebre e bem cheio de graves contrariedades o periodo inaugurado em janeiro de 1890, com o affrontoso ultimatum, e seguido immediatamente pela crise aguda e que muitos julgavam insuperavel, dos nossos desastres economicos. Tudo se congregou numa intenção malevola para pôr á prova os brios da nação, a resignação do povo e a energia, a paciencia e a força de resistencia e de lucta de todos.

A lição foi dura, mas proveitosa.

Quando um povo conserva no fundo da sua alma, como em repositorio sagrado, a lembrança das velhas glorias, a altivez dos antigos brios e o culto do trabalho e a consciencia do seu destino, a desgraça é incentivo mais poderoso para a sua rehabilitação.

Ha quatro annos que o povo portuguez trabalha sem descanso para a restauração economica do paiz. Ha tres annos que este governo, por meio de medidas de sabia e rigorosa administração, prepara o restabelecimento das finanças e a prosperidade do paiz. (Muitos apoiados.)

O fructo d'esta combinação de esforços ahi está patente aos olhos de todos.

Os factos fallam mais alto que as palavras, e são elles de uma tal evidencia, são tão luminosos que nem uma sombra de duvida ousa empanar-lhes o brilho ou diminuir-lhes a valia.

Marraquene, Magul, Coolella, Majancase e Satory ahi estão para attestar o resurgimento moral do povo portuguez na bravura, no heroismo, na abnegação do exercito e da armada.

As expedições, pela facilidade com que foram preparadas, dotadas com todos os recursos necessarios, sem se recorrer a emprestimos nem ao oiro de estranhos, ahi estão para testemunhar a restauração das finanças, o desenvolvimento economico do paiz e as prudentes e elevadas qualidades do governo. (Apoiados.)

São dois factos estes que se conjugam para dar um testemunho eloquentissimo da solidez incomparavel do soldado portuguez, das suas virtudes excepcionaes e da sua coragem indomita, como serve para mostrar ao mundo as qualidades de trabalho intelligente e persistente, de moralidade e de economia de um povo que se affirmou sempre pela grandeza e desinteresse dos seus ideaes. (Apoiados.) O que se fez agora seria impossivel fazer-se ha quatro annos, quando o orçamento commercial accusava um deficit de 20:000 contos de réis, e a gerencia financeira do estado conservava-se com um desequilibrio de 10:000 contos de réis.

Tres ou quatro annos bastaram para que a nação portugueza podesse apresentar-se, perante o mundo, forte pela sua reconstituição economica e financeira, admiravel e grandiosa pela sua reconstituição moral. (Apoiados.)

É assombrosa, sr. presidente, a tenacidade com que o soldado portuguez sabe guardar no fundo da sua alma épica todas as virtudes heroicas que o levaram em epochas immortaes a deferir o seu vôo arrojado por cima de todos os mares e a descansar dos seus movimentos audaciosos em todos os continentes.

É de nos encher de orgulho o vermos que estas qualidades primitivas da nossa raça não degeneraram, antes revivesceram na adversidade para resgate dos males passados e para a conquista das glorias presentes. (Apoiados.)

Sr. presidente, veem de longe as usurpações, os desrespeitos e as tropelias e attentados contra os nossos direitos n'aquella importantissima região. Ha muito que a doblez do regulo selvagem e velhaco devêra ter soffrido o castigo merecido, mas o adiamento impoz-se pelas circumstancias por mim já apontadas.

Melhores tempos vieram, e o governo com uma nobre intenção patriotica e contando com o fructo da sua rispida e honesta administração, resolveu fazer respeitar pelas armas os direitos da nação e conseguir em combates memoraveis restaurar o prestigio da nação fazendo curvar sob o peso das nossas armas a cabeça altiva que até ahi nos affrontava com desdenhosa altivez. (Vozes: - Muito bem.)

Parabens ao governo, parabens ao illustre ministro da guerra, que colhe hoje com as glorias do exercito, de que elle é chefe, as felicitações enthusiasticas de todo o paiz. (Apoiados.)

O paiz reconhece que tem emfim um exercito forte pela disciplina e pela instruccão, e heroico pela nitida comprehensão dos seus deveres. Tem a nação, emfim, um poderoso instrumento de defeza para os seus interesses. (Apoiados.)

Fazer o elogio do soldado portuguez!

Mas qual?

O de hontem ou o de hoje?

O de hoje parece-se com o de hontem.

Os que se apresentam hoje diante de nós, radiantes de gloria, cheios de altivez, aprumados, na consciencia do dever cumprido, são o retrato fiel dos que foram desinteressadamente a toda a parte trabalhar pelo progresso da civilisação humana, contentando-se para si apenas com a gloria, (Apoiados.) são os mesmos que deram as suas vidas para alcançarem louros, para armarem a fronte de quem já tinha feito d'elles larguissima ceifa.

Página 11

SESSÃO N.º 3 DE 8 DE JANEIRO DE 1896 11

Todos nós conhecemos o papel glorioso que desempenharam as tropas portuguesas nas campanhas napoleonicas. Não foram os soldados portuguezes dos menos apreciados pelo orgulhoso e indomável imperador. E como o momento é propicio para desabafos patrioticos, a todos será grato relembrar as phrases do justiça com que elle considerou o valor do soldado português.

Na audiencia que deu aos embaixadores, depois de terminada a campanha contra a Austria, dirigia ao embaixador portuguez as seguintes memoráveis palavras: "Estou muito contente com os vossos portuguezes, portaram-se com muita galhardia e com muita bravura n'esta ultima guerra, e posso asseverar-vos que na Europa não ha soldados melhores do que elles".

Não conheço nada que mais possa regosijar o coração portuguez de que este elogio proferido pelo general mais glorioso dos tempos modernos. E se á sua auctoridade juntarmos a circumstancia de que elle era o chefe político e militar de uma nação guerreira o pundonorosa, então o valor do sou juízo augmenta de valia, porque fica a ser sómente a manifestação do um sentimento de justiça. (Apoiados.)

Fez o illustre ministro da guerra no seu vibrante discurso um appello no patriotismo a todos os cidadãos a fim de que a obra iniciada pelo heroísmo dos nossos soldados não fique sem continuadores, e os sacrificios feitos sem compensações. Com a dedicação da camara, pado o governo contar, é o nosso dever e o nosso desejo mais ardente servir o paiz com honra e lealdade. (Apoiados.) A gloria adquirida nos campos de batalha pelos nossos heroicos soldados são o inicio de uma regenerado que o paia inteiro acompanhará com os seus votos e com o esforço da sua intelligencia e do seu braço. O nosso futuro esta na Africa; para lá volveremos todos os olhos como para um thesouro de proveitos e do renome.

Para essa tarefa gloriosa podo o governo contar com a maioria desta casa, a parece-ma que com estas palavras traduzo o voto o sentimento de todos. (Apoiados geraes.)

Esta camara é nova, nova nos seus elementos, nova nas bases em que assenta a sua eleição, mas esta camara, ao iniciar os seus trabalhos, tem para os seus impulsos, para os seus impetos o para os seus instinctos patrioticos, a
commemoração de hoje. Não ha assembléa nenhuma, que ao iniciar os seus trabalhos, tenha tido um acontecimento mais faustoso. (Apoiados geraes.) Ella nunca o esquecerá. Os feitos praticados pelo exercito de mar e terra sito uma lição de civismo e dedicação, a que a camara será sempre fiel, licito que a camara não esquecera e rememorara em todas as occasiões que lhe seja preciso revigorar o seu ardor patriotico. (Apoiados.)

Prestada a minha homenagem, sr. presidente, e tendo a camara de a completar pela forma que ou julgo a mais consentanoa o mais apropriada, mando para a mesa a minha moção de ordem.

Vozes: - Muito bem, muito bem.

S. exa. foi vivamente applaudido e no fim comprimentado por grande numero de srs. deputados e pelos srs. ministros presentes.

Leu-se a seguinte:

Moção

A camara resolve auctorisar a mesa a nomear uma deputação de quinze membros para felicitar Suas Magesta-des El-Rei e a Rainha pelos triumphos das armas portuguezas no ultramar, e para cumprimentar Sua Magestade a Rainha a Senhora D. Maria Pia pela dedicação com que o Senhor Infante D. Affonso se offereceu para servir o seu paiz em empreza tão arriscada, dando assim um exemplo de incendrado patriotismo.

A mesma deputação irá representar a camara na recepção dos expedicionários que regressam á patria, para lhes significar o alto apreço em que os representantes da nação, têem a sua obra patriótica, realisada com tanta abnegação e coragem.

Sala das sessões, 8 de janeiro de 1896. = Teixeira de Vasconcellos.

O sr. Teixeira de Sousa: - Sr. presidente, bate mais rapido o coração de um verdadeiro portuguez, na phrase do nosso maior historiador, ao ter de referir o que a de grandioso, de heroico e épico nos feitos dos soldados portuguezes nos nossos dominios de alem mar.

Eu quero cumprir, sr. presidente, o grato dever de me associar a esta jubilosa congratulação por tão nobres feitos, mas sinto-me pequenissimo para traduzir ante a camara, o que ha de memoravel nas campanhas do ultramar, que tão alto levantaram o nome portuguez, sobretudo depois dos brilhantissimos discursos que acabamos de ouvir e do admirar.

Sr. presidente, nós fomos grandes quando dominavamos os mares, quando avassallavamos os mais importantes emporios de commercio, quando levávamos a civilisação a todas as partes do mundo, quando lançávamos as bases da nossa autonomia ou defendiamos a independencia; fomos grandes com Vasco da Gama, vencendo, pela intrepidez a furia dos mares; com D. João de Castro e Affonso de Albuquerque, com Nun'Alvares Pereira e D. João I, e com outros muitos que engrandecem a galeria dos nossos heroes. (Apoiados.)

Mas a historia apresenta-nos estas façanhas por tal forma, que muitos poderiam pensar que n'ellas havia alguma cousa do lendário e hyperbolico.

Não é assim; os soldados portuguezes acabam de mostrar ao mundo inteiro, que nas suas veias corre o sangue dos antigos dominadores, aproveitado por um
patriotismo que, se os engrandece, orgulha mesmo aquelles que, como eu, não tiveram a suprema ventura de tornar parte nessas gloriosas campanhas...(Vozes: Muito bem.) Circumstancias que me abstenho de apreciar trouxeram o nosso paiz a um estado de abatimento tal, que a situação da nacionalidade portugueza deixou de ser firme, antes eriçada de difficuldades tamanhas que a muitos se afigurava duvidoso, e muito duvidoso, o dia seguinte. (Apoiados.)

A nossa decadencia coincidiu com a expansão colonial da velha Europa, gasta e esgotada, e com a necessidade de combater uma crise que tem por factores o crescimento da população, a insufficiencia do solo, a ambição de uma sociedade que, ás glorias da guerra e às conquistas da sciencia, preferiu as aventuras gananciosas.

Nós pareciamos fracos no continente, e todavia eramos ricos no ultramar.

N'estas circumstancias era natural que a ambição estendesse os seus tentaculos sobre os nossos dominios; era natural que os ambiciosos, que reconhecem apenas o direito da força, tentassem esbulhar-nos das nossas glorias do passado e
fazer-nos perder as mais fagueiras esperanças no futuro. (Vozes: - Muito bem.)

Salvámo-nos, tanto quanto possivel, fazendo prevalecer os nossos incontestaveis direitos; mas, quando nos julgavamos mais seguros, os cafres bateram-nos às portas do Lourenço Marques.

A todos se afigurou ter chegado o ultimo dia do nosso dominio n'essa grande bahia, destinada a ser o mais importante empório commercial da costa oriental da Africa.

A muitos se afigurou haver chegado o momento de perdermos o districto de Lourenço Marques e com elle toda a provincia de Moçambique, dando assim ao mundo a maior e mais evidente demonstração do que não tinhamos meios, nem estavamos em circumstancias de manter colonias. E um paiz que é apenas conhecido pelas suas colonias e pelo seu famoso Tejo, perdendo-as, em breve passaria à categoria das nações que existiram,

Página 12

12 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

Foi n'estas circumstancias que se organisou a expedição a Lourenço Marques, e a breve trecho é ali restabelecido o prestigio do nome portuguez, o que é muito, mas esmagado o maior potentado do continente negro, o que é muitíssimo. (Apoiados.)

Sr. presidente, desde a surpreza de Marracuene até ao aprisionamento do Gungunhana, esses trabalhos de Maracuene, Magul e Coollela, essa memorável travessia desde o Inhambane até Manjacaze através de mil perigos, a acção da nossa heróica armada nas margens do Limpopo e do Incomati, são tudo o que ha de mais grandioso e épico na historia de um punhado de soldados, que se defrontaram com enormes massas de negros amestrados na arte da guerra. (Vozes: - Muito bem.)

Na india, como em Lourenço Marques, uma rebellião armada pretendia empanar o brilho da nossa soberania.

Ali, como em Lourenço Marques, uns centos de valentes soldados, honrados e animados pela presença e ardor guerreiro do irmão do Rei de Portugal em breve restabeleceram o nosso prestigio, collocando-o na altura em que ha séculos o deixámos. (Vozes: - Muito bem.)

Por isso eu dizia que bate mais rápido o coração portuguez ao ter de referir quanto ha de glorioso e homérico nos feitos dos nossos soldados, e que a todos encheu de glorias.

Glorias para o exercito, glorias para a armada, que ao mundo inteiro deram as mais eloquentes demonstrações de bravura e de patriotismo. (Muitos apoiados.)

Glorias para o Rei, chefe d'esse exercito e d'essa armada, que tão desveladamente se empenha pelo seu aperfeiçoamento e pelo engrandecimento da nossa querida patria. (Muitos apoiados.)

Glorias para o governo que traçou tal plano, que tão intelligente e energicamente o fez executar. (Vozes: - Muito bem.)

E eu seria injusto, sr. presidente, se não assignalasse a importantissima parte que á intelligencia, á energia prudente, á hábil política do sr. Antonio Ennes se deve na mais gloriosa campanha que se tem ferido na África central. (Apoiados geraes. - Vozes: - Muito bem.)

Por isso entendo que como o exercito, e como a armada, como o chefe do estado, como o governo, o sr. Antonio Ennes deve ter e tem partilha na nossa vivissima gratidão. (Muitos apoiados.)

Prestada esta justa homenagem aos nossos heroes, mando para a mesa a seguinte:

Proposta

Proponho que, como demonstração de regosijo pelos gloriosos feitos no ultramar, se levante a sessão, depois de approvadas por acclamação as propostas que estão na mesa, e esgotada que seja a inscripção. = Teixeira de Sousa.

Vozes: - Muito bem.

(O orador foi muito cumprimentado pelos seus collegas e pelos srs. ministros.)

O sr. Visconde do Ervedal da Beira: - Sr. presidente, não pedi a palavra para tomar por esta forma parte directamente nas homenagens de louvor justissimamente prestadas ao exercito; depois do se terem feito ouvir vozes tão distinctas e elevadas, seria imprudencia indesculpavel da minha parte, porque 09 poucos recursos da minha palavra nunca poderiam bem traduzir os sentimentos o enthusiasmo do meu coração, pelos valentes soldados, que com a espada souberam escrever paginas gloriosissimas na historia do paiz, e que vieram ainda mostrar ao mundo que são os descendentes dos heroes que por mares desconhecidos foram até aos confins da Asia hastear a bandeira portugueza.

Venho apenas cumprir uma missão para mim muito honrosa, venho em nome de uma collectividade muito respeitavel fazer um pedido, que eu espero será por esta camara acolhido com especial agrado e sympathia, porque pede para tomar parte neste banquete de festas e alegrias.

Acabo de receber um telegramma da camara municipal de Ceia, em que se pede que de accordo com o illustre deputado o sr. Mota Veiga seja interprete perante esta camara, dos jubilos que ella sente, e da parte que toma nas homenagens em honra do exercito e armada portugueza.

Era certamente ao sr. Mola Veiga, a quem por todas as rasões mais competia o cumprir esta missão, e especialmente porque é filho distinctissimo de Ceia, mas s. exa. por excessiva delicadeza e attenções para commigo quiz que fosse eu a quem fosse dada essa honra.

Venho, pois, apresentar uma moção, que peço licença para ler, esperando que a camara permitta que ella seja consignada na acta desta sessão.

E não a justifico, porque creio que está no coração de todos nós que ella seja approvada. (Muitos apoiados.)

Leu-se e é a seguinte:

Moção

Os deputados abaixo assignados propõem se consigne na acta da sessão da camara a seguinte moção;

A camara municipal do concelho de Ceia, em seu nome e dos povos do municipio, vem congratular-se com os representantes do paiz pelas brilhantes victorias alcançadas pelos soldados portuguezes, e associa-se jubilosamente a todas as homenagens prestadas ao valor do exercito e da marinha. = Os deputados pela Guarda, Visconde do Ervedal da Beria = Amandio Eduardo da Mota Veiga.

O sr. João Arroyo: - Perante a apotheose, que a camara está fazendo, não pode, embora a sua voz seja modesta, deixar de prestar tambem homenagem aos heroicos marinheiros e soldados que tão alto souberam erguer o nome portuguez, fazendo tremular victoriosa, no continente africano, a bandeira das quinas.

O orador discorrendo largamente sobre os gloriosos feitos dos portuguezes, passa em revista as façanhas dos nossos antigos guerreiros e navegadores, vindo até ao ultimo feito praticado por Mousinho de Albuquerque. Enaltece a dedicação e coragem dos expedicionarios; friza a importancia dos serviços prestados pelo commissario regio, o sr. conselheiro Ennes, e termina, aconselhando que se preste toda a attenção às nossas colonias.

(O discurso será publicado na integra quando s. exa. restituir as provas.)

O sr. Presidente: - Os srs. deputados que approvam a proposta, para que as moções sejam votadas por acclamação e em seguida a essa votação se levantar a sessão, têem a bondade de se levantar.

Foi approvado.

O sr. Presidente: - A ordem do dia para amanhã é a eleição da deputação de que trata uma das propostas que foi approvada e a eleição de commissões,
começando-se pela da resposta ao discurso da coroa.

Viva El-Rei e a familia real.

Viva a patria.

Viva o exercito e a marinha portugueza.

Toda a camara correspondeu entusiasticamente a estes vivas.

Está levantada a sessão.

Eram cinco horas e dez minutos da tarde.

O redactor = Lopes Vieira.

Descarregar páginas

Página Inicial Inválida
Página Final Inválida

×