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por tanto a V. Ex.a que proponha o requerimento do Sr. Gorjão.

Posto á votação foi rejeitado.

O Sr. Presidente: — Continua a discussão da matéria; o Sr. Fonseca Magalhães tem a palavra,

O Sr. Fonseca Magalhães : —Sr. Presidente, quando eu nesta sessão mostrei desejos de fallar, tinha mais em vista dar explicações pessoais, que julgava devia á minha honra, do que mesmo para entrar na matéria em geral ;-comtudo muito me cesta ir fallar depois da questão de ordem, que se agitou, porque me parece que aquelle lado da Camará (voltando-se para o esquerdo) tem algumas esperanças no que vou a dizer, e que o outro lado -(voltando-se para o lado direito) tem desejos de ouvir-me, desejando talvez saber quaes são as declarações, que eu enuircieí tinha necessidade de fazer-; porem eu,declaro que pedi a palavra talvez por um amor próprio-, mais para dar explicações individuais, do que para satisfazer as esperanças, e os desejos d*um , e d'outro lado.

Sr. Presidente, apesar das palavras doces, e insinuantes, com que se lêem exprimido os Srs. Deputados, a honra, e a integridade da Cormnissâo lêem sido violentamente atacadas. Tenho ouvido aqui ex-celientes máximas de Política, e de Justiça, taes que nem as de Bacon , nem as de Rochefoucauld, corn tudo em todas elIas não notei a principal máxima, sem a qual as outras são nada, isto é a applicação delias. Sr. Presidente, a palavra conciliação tem-se ouvido "bastantes vezes nesta Assembléa, e comtudo não foi a Commissão, no seu Parecer, que fallou em conciliação; e houve alguém, que combate o Parecer da Commissão, que disse que essa conciliação tinha fins de fartar ambições , e, tremo dedize-lo! com fins de dividir urna preza ! ! .. . e qual é esta preza? Sr. Presidente, se a allusão foi feita a mim , d; claro que eu não teníio uma carreira brilhante, ma» tenho tido uma carreira honesta, e não tenho a ambição de a manchar; eu nunca dividi prezas, nem quero raetter as minhas mãos no cadáver de ninguém, para lhe arrancar as entranhas ensanguentadas, eaitida palpitantes.

Um illustre Oradot disse que a Commissão dissimulou no seu Parecer alguns factos que occorn»ram em diversos Círculos, e Assembléas; Sr. Presidente, aCotnmissão não trabalhou a portas fexadas, abriu-as deparem par, e qualquer Deputado podia láentrar, e muitos lá foram assistir aos nossos trabalhos, e como se pôde dizer que a Commissão, que trabalhou com esta franqueza, e que apresentou um Parecer, que bem de antemão previntu havia de ser combatido pelas mais valentes forças, cahisse na incúria de dissimular de motu próprio alguns factos, paraaqui" vir ser colhida em parcialidade? Sr. Presidente, a Qommissão merecia que se lhe fizesse mais justiça ; porque nem lia razão para se lhe fazer uma tal censura , porque no seu relatório expende todos os factos occorridos, que ruis actas se notam, e sobre alguns a Commissão declara qual foi a razão, porque guardou em silencio algumas considerações, porem nern tolheu, nem podia tolher, aos Srs. Deputados o examinar minuciosamente esses pontos.

Um oulro Orador censurou a Commissão por ter afeiado a pintura das nossas circumstancias, porém que hei de eu responder a isto? O illustre Deputado lançou esta censura sobre a Commissão, e cahiu logo na mesma censura, pois que afeiou o nosso estado

futuro, comparando-o ate com o da Inglaterra na época da morte de Carlos 1.°, e corn o da França na época da Revolução de 1793 ; no entanto a paridade não tem logar nenhum, porque aquelles exemplos foram trazidos para mostrar o perigo das concessões, porém agora a questão é outra, porque esta Assembléa não tern nada corn as attribuições do Governo Executivo, e a sua questão é comsigo-mesma.

A Commissão viu queosespiritos de todos estavam cançados , e que depois dos turbilhões políticos, por que tem passado, pareciam agora convergir para um centro cornmum, e então vendo o progresso que aci-vilisaçâo tem feito no nosso Paiz , quiz aproveitar-se dessa tendência. Muitos progressos se têem feito na nossa civilisacão ha 16 mezes a esta parte, porque eu ha Io" mezes não me atrevia a passar pela rua de S. Bento, nem pela calçada da Estrella, por que estavam aqui neste recinto aquelles Srs., (voltando-se para o lado esquerdo) e eu tinha medo delles; e eiles bem sab-m se eu tinha, ou não razão de ter medo (riso geral)j e agora que vemos nós? que todos estamos unidos, e se discordamos em gystemas, estamos concordes na necessidade de salvar o Paiz , e empenhados nisso. E ha de ser quando estamos nestas boas disposições, que havemos de continuar ern empenhar-nos tias nossas dissenções, com prejuízo de urna Nação inteira? Portanto não se ponham tropeços á marcha que os partidos têern seguido, e acabem-se as lutas entre Setembristas, e Cartistas, para só haver opposiçào ao syslerna de Governo, ou defesa delle, porque só assim se poderá conseguir o bem público.

Sr. Presidente, não posso deixar de sentir que o meu nobre amigo o Sr. Pa sus (Manoel) usasse d'uma expressão menos agradável: S. Ex.a fallou de vencidos , e vencedores, e o illustre Deputado que reconhece, como eu, a difíiculdade de capitular as revoluções de immoraes, esperava eu delle que nesta occasiào, pelo menos, não viesse aqui exprimir-se desta maneira.

O Sr. Passos (Manoel) : — ( Foi na urna} O Ora-d >r:—eu não o ouvi na urna, foi aqui; e então direi que os partidos nunca se vencem, nern são vencidos, porque os partidos ora governam, ora deixam de governar, mas nern por deixarem de governar estão in-1 habeispara tornarem a aisumir o Governo, porque os partidos não são como os exércitos, que só batem no campo : ora bem ; eu peço que se não usem d'estas palavras, mesmo porque ellas são impróprias, depois que se jurou a Constituição de 1838, porque já não hacartistas nern setembristas, já não ha vencidos, nem vencedores, depois do dia 4d'Abrii; é necessário muita cautella nas palavras que. na discussão se soltam, e eu espero que esta discussão continuará com a urbanidade, com que tern caminhado, apesar de algumas provocações, que têem havido.