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94 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

mente na questão da adjudicação das obras do porto de Lisboa.

Ainda hontem se publicou o primeiro e já o sr. Antonio Maria de Carvalho vem perguntar-nos a rasão por que não temos tratado este assumpto.

O sr. Elvino de Brito: - O primeiro? Não senhor; foi o ultimo.

O Orador: - Diz o illustre deputado que é o ultimo; é a mesma cousa; o que é facto é que se publicou hontem; em todo o caso é preciso estudar esses documentos; nem de outra maneira se justificava a nomeação da commissão; a|em d'isso, note v. exa., eu dizia que era o primeiro, e o illustre deputado diz que é o ultimo: pois não são todos os documentos que têem sido pedidos, por parte da opposição?

Eu hei de tratar dos incidentes que se deram na adjudicação das obras do porto de Lisboa independentemente da marcha do inquerito parlamentar. (Apoiados.)

N'este ponto nada mais tenho a dizer.

Lamento apenas a inconveniente rudeza com que o sr. Antonio Maria de Carvalho lançou insinuações sobre a seriedade com que a opposição regeneradora e todos os grupos da opposição tratam assumptos de tão grande magnitude.

Nós não estamos a illudir o publico; não estamos aqui para illudir o paiz, pelo contrario, estamos aqui para mostrar ao paiz como se administra a fazenda publica. É para isto que aqui estamos. (Apoiados.)

Mas este mau sestro com que o sr. Antonio Maria de Carvalho conseguiu tratar tudo de que o incumbem, é uma garantia, porque estando o sr. Antonio Maria de Carvalho dentro da commissão de inquerito, lhe ha de dar, por força, alguma cousa. (Apoiados.)

Tenho dito.

O sr. Arroyo: - Declarou que era tambem seu intento protestar o mais energica e o mais vehemente que lhe fosse possivel contra as accusações immerecidas e irreflectidas saídas da bôca de um dos membros da maioria, quando dissera que a opposição queria illudir o paiz. Contra uma tal phrase protestava, porque não era illudir o paiz, quando a opposição combatia a politica do governo e mostrava que os seus actos eram dignos de reprovação.

Era inimigo declarado o intransigente do governo, por entender que os seus actos não eram conformes ás necessidades do paiz.

Já em outra sessão dissera que acreditava na honra e honestidade dos ministros, e procedendo por esta fórma não lhe parecia que o sr. deputado podesse vir dizer que a opposição se fazia echo da diffamação e da calumnia.

Sentia que da parte da maioria só levantassem questões irritantes.

O sr. Antonio Maria de Carvalho: - Poucas palavras direi.

Eu não quero levantar questões irritantes, mas ainda hontem se contestava ao governo a auctoridade precisa para manter a ordem publica, com o fundamento de que o governo não era honesto na sua administração.

O sr. Franco Castello Branco: - Sr. presidente, aquillo é talvez commigo, mas eu tenho a dizer que não disse que o governo não era honesto. E dirijo-me a v. exa. e não ao ar. Antonio Maria de Carvalho porque tambem estou mal com elle. (Riso.)

O Orador: - Elles vão apparecendo, mas esqueceu-me de dizer que eu é que me puz mal. (Riso.) Mas ao paiz pouco importa que eu e o sr. Franco Castello Branco estejamos mal, ao paiz o que importa é saber se a opposição é sincera quando diz, como hontem, que o governo não tinha auctoridade para manter a ordem publica pela circumstancia de que o paiz não acreditava na sua honestidade politica.

O sr. Azevedo Castello Branco: - V. exa. acaba de ouvir dizer que isso não é perfeitamente exacto; para que o está repetindo e fundando a sua argumentação sobre uma cousa que não é exacta?

O Orador: - Pois hontem o sr. Franco Castello Branco não fez aqui referencia a uma saude, na qual se disse ser necessaria a moralidade em todos os governos?
O sr. Franco Castello Branco: - E é falso esse facto?

O Orador: - Não sei. O que sei é que em 1886, sentando-se n'aquellas cadeiras um gabinete que tem por norma a moralidade, (Muitos apoiados.) depois de levantado o incidente do caminho de ferro da Beira Alta, e em seguida do caminho de ferro de Ambaca, houve alguem n'este paiz que se congratulou por ver emfim uma, situação que tinha por norma principalmente a moralidade. (Apoiados.)

Note s. exa. que estou prestando o maior serviço que posso á opposição.
Querem s. exas. apreciar de que lado estava a moralidade, se era d'esse lado, quando vi um governo no dia 13 de setembro pôr as suas auctoridades á disposição de quem se propunha assaltar uma companhia. (Apoiados)

(Susurro. - Apartes.)

Perguntam s. exas. quem era o governo.

O sr. José de Azevedo Castello Branco: - Ninguem melhor o póde instruir do que o sr. Marianno de Carvalho. Pergunte-lhe isso e elle lhe dirá tudo. Creia v. exa. que elle n'isto falla, como se costuma dizer, de cadeira. (Riso.)

O Orador: - V. exas. querem ouvir-me? Parece-me que tenho o direito de merecer hoje benevolencia da parte da opposição, porque tenho a desgraça de fazer quarenta e tres annos. (Riso.) Querem ouvir-me? Em 1886 dizia-se que havia n'este paiz moralidade no poder. Congratulo-me por esse facto de pertencer ao partido progressista.

Uma voz: - Foi em 1887.

O Orador: - Em 1887, sim, em 1886 ao por engano. (Riso.) Não me lembrava que foi em fevereiro ou março de 1886 que Deus Nosso Senhor, condoendo-se da triste sorte do paiz, derribou o partido regenerador. (Riso.) Brindou-se á moralidade e eu acredito porque está acima de toda a suspeita a palavra que relatou esse facto. Mas longe de ver n'esse facto desfavor para a situação, não vejo se não um titulo de gloria. (Apoiados).

O sr. Marçal Pacheco: - Compare essa saude com o discurso do sr. Antonio Candido.

O Orador: - E vem com esse discurso do sr. Antonio Candido e com os pretendidos amúos de alguns deputados da maioria.

(Interrupção.)

É curioso. Na opinião de s. exas. estas considerações devem magoar-me, a são s. ex.as os proprios que não querem que eu continue n'ellas. (Apoiados).

(Interrupção.)

Incommodam-se com as minhas considerações, mas quero hoje ser generoso para com s. exas.

Uma VOZ: - Falle, falle, mas diga quem é que está amuado.

O Orador: - V. exas. é que sabem. Estão todos os dias ahi publicando uma cotação dos seus fundos...

Eu tenho acompanhado este governo e hei de acompanhal-o, convencido de que presto um serviço ao paiz. (Muitos apoiados).

Se acaso um dia a maioria lhe desapparecesse, este governo podia contar que tinha atrás de si um homem que o acompanhava.

(Apartes).

O sr. Presidente: - Eu peço ao sr. deputado que venha parada tribuna, ou que se volte para a presidencia, porque continuando assim não póde ser ouvido.

(Apartes.)

O sr. Presidente (tocando a campainha): - Peço ordem.