O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

65

DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

8.° Que a mesa se achava collocada em sitio que era impossivel aos eleitores exercerem a fiscalisação precisa durante o escrutinio a que se procedia; estando a uma em posição horisontal sobre a mesa, em logar da posição perpendicular em que devia estar.

9.° Que o referido capitão commandante da força armada fôra sempre solicito no cumprimento dos seus deveres, tanto na assembléa eleitoral d'esta villa como na do S. Gião, aonde estivera nos dias 13 e 14 do mez de outubro ultimo, satisfazendo todas as requisições que lhe foram feitas por parte das auctoridades; dando sempre provas de ser um militar imparcial, desapaixonado e sem pertencer ou fazer parte de qualquer dos grupos politicos que se debatiam. - E para descobrimento da verdade, mandou elle administrador syndicante vir á sua presença as testemunhas abaixo mencionadas, que inquiriu pela fórma que segue:

1.ª

Luiz de Albuquerque do Amaral Cardoso, casado, proprietario, de trinta e dois annos de idade, morador n'esta villa, testemunha devidamente ajuramentada, prometteu dizer a verdade. E perguntado pelo assumpto d'este auto que lhe foi lido por elle administrador syndicante, disso ao primeiro que nada vira e presenceára, e que apenas este facto lhe fôra contado pelo dr. Hortensio um dos influentes da opposição. Ao segundo disse que tambem nada víra e presenceára, e que apenas este facto lhe consta por intermedio dos drs. Hortensio e Cunhal. Ao terceiro disse que não sabe se a requisição fôra ou não feita em termos legaes, e que apenas lhe consta que o administrador a fizera em presença de algumas testemunhas. Ao quarto disse que sabe não haver indicios de desordem na occasião em que a força armada entrára na igreja. Ao quinto disse que nada sabe. Ao sexto disse que sabe fôra preso um eleitor por nome dr. Hortensio, por este lhe contar o facto e mais algumas pessoas; mas que em seguida fôra posto em liberdade. Ao setimo disse que sabe, pelo ouvir dizer ao dr. Hortensio, que protestára contra este acto, e que não lhe sendo admittido ía protestar perante o poder judicial. Ao oitavo disse que nada sabe. Ao nono disse que nada sabia. E por ultimo, perguntado pelo administrador syndicante, disse que havia votado com a opposição nas ultimas eleições de deputados. E mais não disse, e sendo-lho lido o seu depoimento, o ratificou e vae assignar. = Pereira. = Luiz de Albuquerque do Amaral Cardoso.

2.ª

José Mendes Diniz Belem, viuvo, negociante, de trinta e cinco annos de idade, morador n'esta villa, testemunha devidamente ajuramentada, prometteu dizer a verdade. E perguntado ácerca dos factos constantes d'este auto, que lhe foi lido por elle administrador syndicante, disse ao primeiro que nada sabe por ver e presencear, mas que lhe constára por alguns individuos, e entre estes José Antonio Rodrigues Ferreira, de Pinhanços, que as listas eram rasgadas ás mãos cheias. Ao segundo disse que nada viu e presenceou, e que apenas sabe d'este facto por lhe haver sido contado pelo dr. Agostinho Thomás dos Santos Viegas. Ao terceiro disse que não sabe em que termos fôra feita a requisição da força armada, mas que alguem lhe contára que a requisição havia sido feita pelo administrador do concelho a pedido do presidente da mesa. Ao quarto disse que não lhe consta ter havido indicios de desordem. Ao quinto disse que a força armada fôra disposta dentro da igreja pelo capitão Bayão, segundo a ordem do administrador do concelho, e que soube isto apenas pelo ouvir dizer a Joaquim Manuel da Silveira, de Sandomil. Ao resto disse que sabe, pelo ouvir dizer, que fôra preso o dr. Hortensio, sendo assim conduzido até á porta lateral da igreja, onde fôra posto em liberdade. Ao setimo disse que alguns eleitores protestaram contra este acto, saíndo em seguida para fazerem igual protesto perante o poder judicial. Ao oitavo disse que sabe, por ouvir dizer, que este facto se dera. Ao nono disse que durante a residencia do capitão Bayão n'esta villa não lhe notou acto algum pelo qual podesse dar mostras de pertencer a qualquer dos grupos politicos que se debatiam, e isto tambem lhe consta que elle fizera na assembléa de S. Gião, aonde tambem estivera. E perguntado por elle, administrador syndicante, ácerca de que grupo politico elle depoente, fez parte na ultima luta eleitoral, disse que tinha feito parte do partido da opposição, com cujo candidato havia votado. E mais não disse, e sendo-lhe lido o seu depoimento o ratificou e vae assignar. = Pereira = José Mendes Diniz Belem.

3.ª

Antonio Mendes Diniz, viuvo, proprietario, de sessenta e dois annos de idade, morador n'esta villa, testemunha devidamente ajuramentada, prometteu dizer a verdade. E perguntado pelos factos constantes d'este auto que lhe foi lido por elle administrador syndicante, disse quanto ao primeiro que nada podia dizer por não ter presenceado. Ao segundo disse que sabe, pelo ouvir dizer, que a força armada entrára na igreja. Ao terceiro disse que, pelo ouvir dizer, sabe que a requisição da força para entrar dentro da igreja fôra feita por escripto. Ao quarto disse que não estava n'aquella occasião na igreja, mas que alguem lhe dissera que não havia desordem. Ao quinto disse que depois da força armada entrar para a igreja occupára ali a posição que lhe fôra indicada pelo capitão commandante, segundo tambem ouvira dizer. Ao sexto disse que nada lhe constava a tal respeito. Ao setimo disse que em seguida a estes actos saíram alguns eleitores para fóra da igreja, e foram em seguida protestar perante o poder judicial. Ao oitavo disse que, pelo ouvir dizer, sabe que a uma estava deitada sobre a mesa, não sabendo, porém, se assim foi conservada durante todo o escrutinio. Ao nono disse que sabe, pelo ouvir dizer, que o capitão Bayão se mostrára sempre neutral durante todos os actos eleitoraes. E perguntado por elle administrador syndicante, ácerca de que grupo politico elle, depoente, fez parte na ultima luta eleitoral, respondeu que havia votado com o candidato da opposição. E mais não disse, e sendo-lhe lido o seu depoimento o ratificou e vae assignar. = Pereira = Antonio Mendes Dias.

4.ª

Antonio de Miranda Brandão, casado, proprietario, de cincoenta e quatro annos de idade, morador n'esta villa, testemunha ajuramentada, prometteu dizer a verdade. E perguntado ácerca dos factos constantes d’este auto, que lhe foi lido por elle administrador syndicante, disse ao primeiro que lhe consta apenas pelo ouvir dizer. Ao segundo disse que sabe, pelo ouvir dizer, que a força armada penetrára na igreja a requisição do administrador do concelho e do presidente da mesa. Ao terceiro disse que lhe consta, como já depoz, que a requisição fôra feita pelo administrador e ratificada pelo presidente da mesa. Ao quarto disse que ouvíra dizer que na occasião em que a força armada entrou na igreja não havia desordem. Ao quinto disse que a força armada dentro da igreja fôra disposta pelo capitão commandante, segundo as ordens que lhe haviam sido dadas pelo administrador do concelho. Ao sexto disse que tambem lhe consta, pelo ouvir dizer, que fôra preso pelo administrador um cidadão eleitor por este não querer saír da igreja. Ao setimo disse que alguns eleitores saíram da igreja para protestarem perante o poder judicial, por o presidente da mesa se negar a receber-lhes o protesto, mas que isto o sabe, não pelo presencear, mas sómente pelo ouvir dizer. Ao oitavo disse que sabe que a uma estivera algum tempo deitada sobre a mesa, constando lhe isto igualmente por o ouvir dizer. Ao nono disse, que tambem sabe, pelo ouvir dizer, que o capitão commandante da força armada, se mostrára neutral durante a eleição. E perguntado por elle administrador syn-

Sessão de 13 de janeiro de 1879.