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Io £xaggerítcio confirma 'que alguma Cousa houve que elle não refere, porque a exaggeração consiste em representar os factos, ou as cousas que na ver» -dade existiram-, maiores, melhores, ou peiotes, do que realmente foram,

Diz mais, que houve algumas irregularidades. E quaes são «lias? Era do dever do Comfr.andanfe da 2.a Divisão Militar, vibto que o Sr. Ministro da Guerra lhe pedia informações sobre aquelles factos, •contar-f-hos-at-é coei minuciosidade para que S. Ex.a podesse ficar informado do que havia, e o Sr. Ministro cia Justiça podesse, em vista das participações Officiaes, dar as providencias convenientes. Mas elíe contentou-se com dizer que houve algumas irregukíridades sem as especificar^ seria por se bor-Torisar com a narração 'd'ellas ?

Não sei se o Sr. Ministro da Guerra se deu por satisfeito com esta informação : elle diz agora que líão. Espero pois ulteriores informações. Diz mais o Qfficio do Commandante da 2.* Divisão, que depois das suas providencias a Cidade de Lamego go-sava de socego, e que os Cidadãos se achavam no goso de seus direitos. Logo em quanto essas providencias se não deram, (ignoro quaes el-las foram), a Cidade de Lamego não gosou de socego, « os Cidadãos pacíficos não estavam no exercício dos seus direitos. Por consequência o Ofíicio do Juiz de Direito é verdadeiro, ainda que se peitenda desfigurar a verdade dos factos nelle oontidos. E não teriam elles influencia alguma no resultado das eleições r

Se os Cidadãos de Lamego estavam ou não no goso de seus direitos, se as eleições alli foram feitas com toda a liberdade, prova-se até pelo próprio resultado do escrutínio. Já eu disse, que aih havia quem efficazrnente trabalhasse nas eleições contra o Governo, e é certo que n'aquelia Cidade se tem em todas as épocas manifestado um espirito muito adverso á política do actual Governo, Portanto, quando este alli podesse vencer, havia de ser sempre atra-vez d'uma grande opposição; entretanto a votação prova, que eihi foi unanime: muitos Publicistas sustentam, que em todas as Asseoibléas, «m que ha unanimidade, existe a tyrannia. Que a eleição em Lamego foi a favor do Governo por unanimidade , provam-no as Actas.

Houve naquelle Concelho cinco Assembleas eleito rae s: na deCepões votaram 131 eleitores; e o candidato do Governo obteve 119 votos: em Cambras votaram 51 ; e ocandidato ministerial foi eleito por 51 votos: em Almaeave, tendo votado 86, obteve o candidato do Governo 85 votos.: na Se votaram 148 eleitores; e ocandidato do Governo obteve 147 votos ; em Penajoia finalmente votaram 61 ; e ocandidato do Governo teve os mesmos (51 votos!

Ora, Sr. Presidente, tanta unanimidade no Con-Cfclho de Lamego, onde existiu'sempre , como já disse , um espirito opposicionista a todo o Governo, que não segue urn systenia betn differente do actual, provará que houve liberdade nas eleições que íá se fizeram? Não se deduz desta mesma unanimidade, que os acontecimentos dos dias de Maio, pouco anteriores ao dia da eleição, influíram poderosamente sobre seu resultado? Não o prova ainda mais o facto de serem obrigados a fugir de Lamego os cidadãos mais notáveis, que alli trabalhavam rio sentido da Opposição?

O Sr. Macario de Castro , a quem espancaram.

liorrivehnente útn creado, porque leve a infelicidade de sair de casa de seu amo n'uma noite dessas , ern que a cidade estava assaltada, por um numero de -caceteiros, o Sr» Macario de Castro foi obrigado a emigrar de Lamego com a sua fatnilia poucos dias antes da eleição : e reina lá o socego, e estavam 05 cidadãos no uso dos seus direitos?!

O Sr. Francisco Pedro da Veiga foi obrigado a fugir de Lamego; e elíe tinha ido de Lisboa de propósito só para alli tractar de eleições. Porque abandonaria pois a cidade nas vésperas de se proceder a e] l as? Para provar este facto lenho em meu poder um documento que os illustres Depurados não podem contestar, porque e' ura Jornal, ern que as suas doutrinas appa recém talvez com mais exactidão: é o Periódico dos Pobres do Porto, onde se declarou que cot) st a vá por cartas de Lamego, qiie tinham alli havido grandes espancamentos, e que o Sr. Francisco Pedro da Veiga fora obrigado a fugir, E rei-nariaalli a conveniente, edevida liberdade eleitoral ?

Ora como eu disse que tractaria soda questão da legalidade ou illegalidade das eleições sem tirar todas a3Íllarõeg5 'que,dos factos citados resultam, perguntarei simplesmente: se eleições feitas debaixo do império de destacamentos de força armada, que pata muitíssimas Assembléas foram mandadas, e do que senão pôde duvidar, porque algumas Actas os attestam : eleições feitas sob o terror, e o supplicio de bárbaros espancamentos. feitos, que senão podem pôr em duvida, porque participações cfficiaes pedern sobre isso providencias: perguntarei, se laes eleições ;ão regulares, se foram feitas com tanta liberdade, que mereçam o nome de eleições legaes, a approvação desta Junta, ou Camará de Deputados eleitos.

Não proponho emenda ao Parecer, porque apegar das irregularidade» que apresentei , não fiz dei-las campo de batalha. Trouxe-as unicamente para mostrar, que se se houvessem de annular todas essas eleições, o resultado do Coilegio eleitoral não era o que foi, porque dois Deputados elriíos teriam de deixar suas cadeiras, ou de as não vir occupar. Sei muitíssimo bem, que neste pais aonde o Syste-aia Representativo é novo, ainda que não e' tão novo como o querem fazer, mal se pôde exigir o cumprimento á risCa de todas as formal idades da Lei ; sei que para se cumprirem, convém qu> se limite o seu numero, e ale que se remetiam modelos, para que as Mezas saibam o que lhes cumpre fazer, e como hão de faze-lo.

Em vista pois destas considerações, não proponho emenda alguma ; nem nas irregularidades faço consistir a minha razão de duvidar da legalidade de similhantcs eleições, ainda que comparando-as com os argumentos, que se apresentaram nas duas Sessões passadas, haja', para se annularera algumas eleições, e se mandar proceder á nomeação de novos eleitorep, mais motivo do que houve paia se annular a eleição de Arcosêlo.