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ser a grande vontade que os Srs. Deputados teem de mostrar a sua intelligencia, a sua grande eloquencia, a força dos seus argumentos e o vigor dos seus raciocinios. Nisto se tem gasto 10 dias, sem se decidir nada, absolutamente nada. Mas decidida esta questão, vou eu suscitar outra; vou oppor-me á decisão tomada, e vou fazer o seguinte argumento que é irrespondivel. Se vós decidis que os Deputados do Ultramar não possam fazer parte da Junta Provisoria, como é que fostes tomar a sua auctoridade para decidir que o numero de 62 era válido para se constituir a Junta Preparatoria? Isto mostra, Sr. Presidente, que um absurdo leva-nos necessariamente a outro absurdo. Por consequencia nada temos feito e nada podemos fazer.

Felizmente o tempo está máo, e se haviamos de andar á chuva, a pisar lama e a emporcalhar-nos, é melhor vir para aqui conversar. O Vapôr póde arribar a Vigo, e podem os Srs. Deputados vir enjoados e ficarem nas hospedarias ou nas suas casas e não virem cá. Eu faço a profecia de que ámanha ainda não ha numero. E então vou tomar o conselho do Sr. José Estevão, e em quanto não houver numero não volto cá, porque não venho fazer cousa alguma.

Depois disto estamos aqui com uma questão, se os Deputados do Ultramar são mais ou menos do que nós os eleitos Eu o que sei é que não são nossos pares nas questões que se suscitarem na Junta, e não o são em vista do Decreto Eleitoral. (O Sr. Arrobas; — Mas têem-no sido nas demais Juntas) É verdade; mas é porque até aqui não havia o Decreto de 10 de Setembro. (O Sr. Corrêa Caldeira: — Apoiado) Em nenhum dos Decretos Eleitoraes, até agora publicados, se dizia, como se diz no de 30 de Setembro de 1852 — que a Junta Preparatoria se constitue em estando reunidos metade e mais um dos Deputados eleitos pelo Continente. Esta palavra Continente é sacramental, e exprime bem a idéa do Legislador. Se é absurdo, não sei; mas está escripto.

Um Sr. Deputado julgou metter uma lança em Africa, dizendo que Gôa pertencia á Monarchia Portugueza!! Bem o sei, mas eu o que disse foi que Gôa, Angola, Cabo Verde, etc, não estavam no Continente, e em se me provando isso, então dou as mãos á palmatoria.

O Sr. Arrobas: — Eu peço a palavra, porque quero responder ao Sr. Cunha Sotto-Maior.

O Sr. Cunha Sotto-Maior: — Pois tambem peço a palavra para responder ao Sr. Deputado, que parece-me vai matar! Pois não lhe tenho medo.

O Sr. Presidente: — Eu peço aos Srs. Deputados que se abstenham de qualquer expressão mais violenta, e de que possa resultar animosidade.

O Sr. Arrobas: — Notarei em primeiro logar a S. Ex.ª o Sr. José Estevão que, não estando presente o Sr. Deputado eleito Placido de Abreu, e existindo sobre a meza um officio do mesmo Senhor, que não diz, não quer dizer, nem nós podemos fazer que elle diga, outra cousa que não seja o mesmo que muitos outros Srs. Deputados que estão no Porto teem dicto, isto é, que não teem vindo apresentar-se na Junta Preparatoria, porque o Vapôr ainda não pôde partir, por causa do tempo. Que precisão lemos nós de dar a essa communicação uma importancia diversa daquella que deve ter, e para que se ha de dizer que o Sr. Deputado tem medo, ou leme emprehender a jornada?

Sr. Presidente, o Sr. Placido de Abreu diz que não póde ainda apresentar-se nesta Junta por causa de o máo tempo o não ter permittido...

O Sr. Presidente: — Mas eu peço ao Sr. Deputado que se limite ao objecto da discussão.

O Orador: — Perdoe V. Ex.ª mas este objecto a que me refiro, estava tanto em discussão, como quando o Sr. José Estevão se referiu a elle, e por consequencia V. Ex.ª uma vez que permittiu que o Sr. Deputado fallasse sobre este assumpto, permitta tambem que eu, camarada do Sr. Placido, ainda que não tenho a honra de ter relações com elle responda a S. Ex.ª pelo Sr. Placido.

O Sr. Presidente: — Parece-me que uma ou outra palavra que por incidente se apresenta, não deve ser objecto de discussão, e peço ao Sr. Deputado que se limite ao objecto principal de que estamos tractando.

O Orador; — Eu pedi a palavra para fallar igualmente na materia. O Sr. Antonio da Cunha Sotto-Maior disse que queria vêr provar, que as nossas Possessões do Ultramar estavam no Continente: S. Ex.ª fez esta pergunta com bastante entono, mas ha de permittir lhe diga tambem, que me admirou muito ver S. Ex.ª estar-se servindo de uma cousa que não está em discussão, que não o póde estar, e que não tem relação nenhuma com o caso presente: portanto, peço a S. Ex.ª que me dispense de me suppôr, com uma pertenção tão ridicula, e de querer julgar-me... (O Sr. Cunha Sotto-Maior: — Eu não julgo ninguem.)

A Junta Preparatoria é a reunião de Deputados eleitos, cujos diplomas e mais actos Eleitoraes se suppõem válidos; mas os Deputado» já proclamados, esses não são suppostos, são já indubitaveis; e tendo elles feito parte até hoje das Juntas Preparatorias, porque razão, ou porque motivo não hão de tomar parte nesta Junta? Eu desde já declaro que não faço tenção de tomar parte na discussão deste negocio, e isto por uma razão muito simples, porque me não contam: intendo que seria muito para estranhar que eu viesse fazer parte da Junta, e quando fosse á votação não fosse considerado como seu Membro. Portanto, intendo que não devo fazer parte da Junta, mas tambem hei de dizer que em quanto eu puder resistir, não me fazem sair daqui. A Junta poderia tomar uma resolução que não esteja de accôrdo com a razão e com a justiça, mas eu não me conformava com ella; por consequencia, fique V. Ex.ª completamente descançado que não sáio daqui (O Sr. Cunha Sotto-Maior: — Eu tambem não o quero pôr fóra) e se sahir, não julgue que é porque intendo que não pertenço a ella, mas sim, porque não sendo necessario para se constituir esta reunião de individuos em Junta Preparatoria, julgo que tendo outros affazeres de grande importancia, não posso perder tempo, que é o que isso viria a ser. Portanto, o illustre Deputado não póde usar dós seus argumentos para combater a minha Proposta.

Mas de passagem não posso ainda deixar de fallar sobre o incidente promovido pelo Sr. Deputado eleito José Estevão, quanto ao officio do Sr. Placido. Eu sei que o Sr. José Estevão não tem a menor idéa de offender ninguem: faço-lhe toda a justiça, e não lh'a faço pro fórma faço-lh'a, porque do coração estou convencido disso; mas no entretanto peço a S. Ex.ª que se lembre, que algumas proposições, que avançou, involvem uma especie de irrogação de cobar-