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64 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

reino, porque tenho ouvido dizer sempre, que s. exa. é muito competente era questões de administração publica, que é um politico fino e activo, muito perito tambem em assumptos eleitoraes, vejo-o recolher-se pacatamente á semia-aposentadoria do ministerio da justiça! (Riso.)
Quando esperava que o sr. Arroyo, que é um moço de muito talento, trabalhador, que estudava aqui as questões financeiras e economicas, occupasse uma das pastas da fazenda ou de obras publicas, s. exa. que nunca se dedicou a questões coloniaes, vae gerir a pasta da marinha e dos negocios do ultramar, n'um momento cuja gravidade escuso do referir! E o sr. Julio de Vilhena, que já tem um plano colonial é que fica fora do governo!
Estimo immenso que o sr. Arroyo fosse chamado a fazer parte do ministerio; se me dessem a escolher eu iria por elle, ainda que não fosse senão em attenção á solidariedade que entre nós estabelece a certidão de idade; (Riso.) mas estimava que s. exa. fosse para outra pasta, não só por elle, sobre quem pesam n'este momento gravissimas responsabilidades, mas pelo paiz que teria talvez mais garantias, embora eu ainda espero quo o sr. Arroyo virá a desmentir com os seus actos os justos receios que n'este instante accommettem a opinião publica.
Tudo isto, porém, são considerações eminentemente secundarias, n'este momento. O que ha de grave, é uma situação difficil não só perante a Europa, não só nas nossas relações internacionaes, mas internamente, em presença do abalo profundo que a nação acaba de soffrer. (Apoiados.)
Um paiz com sentimentos briosos e tradições honradas como Portugal, não passa por uma provação como aquella que atravessâmos, sem conservar um si o germen de uma agitação profunda, que não só se manifesta em clamores pelas ruas, mas sobresalta vivamente a consciencia publica, e póde de um instante para o outro desentranhar se em serissimas consequencias. (Apoiados.)
Faço votos para que o gabinete saiba compenetrar se dos melindres de uma conjunctura d'esta ordem o corresponder á confiança que a corôa n'elle depositou e á lealdade com que nós, seus adversarios politicos, lhe fornecemos os meios indispensaveis para elle governar.
Tenho dito.
Vozes: - Muito bem, muito bem.
O sr. Alfredo Brandão: - Mando para a mesa o seguinte requerimento:
(Leu.)
V. exa. comprehende bem quaes são os sentimentos que me animam ao formular este meu requerimento, e por isso comprehende tambem qual a urgencia quo tenho em que v. exa. lhe mande dar prompto expediente, para eu, como portuguez e como representante do meu paiz, poder pagar um divida de gratidão que o requerimento suggere.
E, já que estou com a palavra, e é mesmo o primeiro dia que sáio de casa, por motivo de doença, quero aproveitar a occasião para fazer a seguinte declaração, que não sei se será parlamentar, mas se o não for, o crime não será de gravidade. É a seguinte: Por motivo de doença não assisti á ultima reunião no centro do partido progressista, mas se tivesse assistido teria approvado a moção apresentada n'essa reunião pelo digno par e meu amigo o sr. marquez de Rio Maior, o tel-a-ia approvado com a consciencia o convicção de que praticava um acto de inteira justiça.
Tenho dito.
O requerimento que apresentou é o seguinte:

Requerimento

«Requeiro que, pelo ministerio dos negocios estrangeiros, seja enviada a esta camara, com a possivel brevidade uma nota dos actos do dedicação e serviços prestados a Portugal pela Austria, França e Hespanha, ou por qualquer outra nação, com respeito ao actual conflicto com a Inglaterra. = O deputado, Alfredo Casar Brandão.
Ficou para segunda leitura.

O sr. Julio de Vilhena: - (O discurso será publicado na integra, e em appendice a esta sessão, quando s. exa. o restituir.)
O sr. Pinheiro Chagas: - (O discurso será publicado na integra, e em appendice a esta sessão, quando s. exa. restitua as notas tachygraphicas.)
O sr. Marianno de Carvalho: - Eu não pedi a palavra para criticar nem mesmo para apreciar o programma do sr. presidente do conselho ao apresentar ás côrtes os novos ministros. Tempo virá em que possamos discutir largamente não só esse programma, mas a maneira como tiver sido executado.
Menos pedi a palavra para apreciar a escolha dos ministros. Eu podia tambem queixar-me de alguns dos ministros; mas assim como n'este momento entendo que a occasião não é para discursos, entendo tambem que não é occasião de queixumes.
Não sei se alguem me offendeu; o que sei n'este momonto é que estão ali portuguezes, e que eu tambem o sou. (Muitos apoiados.)
Tambem não preciso responder ao discurso do sr. Dias Ferreira no que tem de injusto para o ministerio que já não existe, porque lhe respondeu eloquentemente o sr. Lobo d'Avila; pedi apenas a palavra trazido á discussão contra minha vontade, porque, repito, a occasião não é para discursos, por uma phrase do sr. Pinheiro Chagas e por outra do sr. Julio de Vilhena.
A phrase do sr. Pinheiro Chagas é que não acceita a responsabilidade dos actos do ministerio progressista e do sr. Barros Gomes.
Nós não precisâmos que ninguem tome a responsabilidade dos actos do sr. Barros Gomes, nem do ministerio progressista; tomamol-a nós todos. (Muitos apoiados.)
Ao sr. Julio de Vilhena não preciso dar uma resposta assim.
S. exa. soltou algumas phrases justamente maguado pelo insuccesso da sua iniciativa, phrases que se fossem mal interpretadas poderiam causar um penoso effeito dentro e fóra do paiz.
Conte o governo que o patriotismo da nação não lhe ha de faltar. (Muitos apoiados.)
Conte com isso o lembre-se o sr. Julio de Vilhena que a situação hoje não é a mesma que no momento em que emprehendeu o estabelecimento das missões civilisadoras na Africa. S. exa. tinha então um pensamento que o paiz podia ou não partilhar, podia ser ou não util, mas não estava sob o peso de uma affronta como está hoje, e o seu primeiro dever acima do economias, de reformas, de retaliações partidarias, acima de tudo o seu primeiro dever é desaffrontar-se como for possivel no primeiro momento, e por todos os meios. (Muitos e repetidos apoiados.) Esta é para mim a primeira questão, não ha hoje outra. (Muitos apoiados.)
Tenho concluido.
Vozes: - Muito bem.
(S. exa. não reviu as notas tachygraphicas.)
Vozes: - Deu a hora.
O sr. Presidente: - A ordem do dia para amanhã é na primeira parte a eleição da lista quintupla para os supplentes á presidencia e vice-presidencia e em seguida darei a palavra aos srs. deputados que quizerem usar d'ella.

Está levantada a sessão.

Eram seis horas da tarde

O redactor - Rodrigues Cordeiro.