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SESSÃO N.º 9 DE 18 DE JANEIRO DE 1897 65

Existe na Trafaria uma ponte que está em tão más condições de segurança, que ameaça proxima e immediata ruina.

O sr. Costa Pinto: - Apoiado.

O Orador: - Em virtude d'isso mandei estudar a reconstrução d'essa ponte, e os engenheiros que procederam a esse estudo opinaram porque não se fizesse reconstrucção, visto estar em pessimas condicções de segurança, mas por que se fizesse uma nova ponte. A nova ponte se for feita sobre estacas metallicas custa 7:000$000 réis, e se for feita sobre estacas de madeira o seu custo é de 2:100$000 réis approximadamente.

Sobre este projecto mandei que fosse ouvido o conselho superior de obras publicas e minas e a opinião d'este corpo consultivo; é que a obra é indispensavel e urgente, e que deve fazer-se sobre estacas metellicas por que se for feita sobre estacas de madeira dentro de pouco tempo estará absolutamente destruida

Em conformidade com o parecer do conselho superior de obras publicas e minas, mandei que se fizessem com urgencia os respectivos estudos, e portanto, creio que n'este ponto estão satisfeitos os desejos do illustre deputado.

O sr. Costa Pinto referisse ainda a outro assumpto...

O sr. Costa Pinto: - Referi-me ao assoreamento da doca do Porte Brandão.

O Orador: - Relativamente a esse ponto não tenho conhecimento de que existe no meu ministerio reclamação alguma, mas se os interessados quizerem mandar alguma representação, eu estudarei o assumpto e tratarei de o apreciar pela fórma mais conveniente aos interesses d'aquella localidade. São estas as explicações que posso dar ao illustre deputado.

O sr. Boavida: - Pedi a palavra para mandar para a mesa uma proposta, que vae tambem assignada pelo illustre deputado e meu prezado amigo, e collega, o sr. dr. Mendes Lima, na qual pedimos que seja lançado, na acta um voto de sentimento pela morte do insigne cathedratico e antigo parlamentar, o sr. conselheiro Francisco Antonio Rodrigues de Azevedo, de quem fui discipulo e admirador, e de quem tive a honra de ser amigo pessoal, tendo por isso occasião de apreciar os elevados dotes de caracter, espirito e coração, que o distinguiam.

Se V exa. me permitte, leio a proposta, em que vão compendiados os principaes considerandos, que este assumpto me suggeriu.

A proposta é do teor seguinte:

Proposta

Propomos que na acta das sessões d'esta camara se lance um voto de profundo sentimento pelo fallecimento do conselheiro dr. Francisco Antonio Rodrigues de Azevedo, que, alem de ter sido par do reino, eleito pelos estabelecimentos scientificos foi tambem lente distinctissimo da faculdade de theologia na universidade de Coimbra, em que revelara, a par de um talento extraordinario, raras faculdades pedagogicas e disciplinadoras de trabalho, sendo por isso considerado com justiça, e sem contestação, um dos professores mais eruditos, eloquentes e austeros, ornamento da propria faculdade e gloria da mesma universidade.

Se no exercicio do magisterio no primeiro instituto scientifico do nosso paiz, prestou relevantissimos serviços á igreja e ao estado, não são de menor monta os que na tribuna sagrada prestara á litteratura e oratoria christãs, em que excedera os proprios mestres, segundo o testemunho unanime de quantos escutaram a sua palavra convicta á eloquente, ou leram os seus discursos correctos e inspirados, que são modelos no seu genero.

Por todas estas considerações, propomos ainda, que familia do illustre extincto se transmitia a expressão da nossa condolencia, enviando-se-lhe a copia respectiva da acta da nossa sessão. = Os deputados, Antonio José Boavida =José Mendes Lima.

O sr. Presidente do Conselho (Hintze Ribeiro):- Associo-me por parte do governo ao voto de sentimento que acaba de ser proposto pelo fallecimento do sr. dr. Rodrigues de Azevedo que conheci pessoalmente e que todos apreciavam como sendo um distincto professor da universidade e ao mesmo tempo um dos mais brilhantes ornamentos da tribuna sagrada.

O sr. Santos Viegas: - Pedi a palavra para declarar a v. exa. e á camara que muito particularmente me associo á proposta apresentada pelo sr. Boavida.

Tive a honra de ser tambem discipulo d'esse vulto singular, que deu brilho á Universidade de Coimbra, e tenho ainda como rasão particular o ser elle quem me levou á pia baptismal, e portanto ser meu padrinho.

Não fiz essa proposta, apesar de talvez a dever fazer, porque desejei proceder em harmonia com o que se costuma praticar n'esta casa, que só lança na acta votos de sentimento pela morte dos pessoas que n'ella tiveram assento.

Fui consultar os annaes d'esta camara, e não encontrei incluido na lista dos deputados em epocha mais ou menos afastada, o nome d'esse prestantissimo varão, em cujo peito, hoje sem vida, rivalisavam o amor pelo seu paiz, o nunca desmentido interesse pelo respeito do estabelecimento scientifico, de que era uma gloria.

Não fiz, portanto, a proposta, mas associo-me da maneira mais sentida e sinceramente á esse voto de profundo pezar, não só como discipulo que fui d'elle e seu admira-lo mas ainda pela rasão especial, que acabo de indicar. Deve vestir-se de luto a Universidade, é em especial a faculdade, de que foi o mais notavel ornamento, e punge-me que no saimento funebre, de quem tanto a inaltecêra, não soasse a voz entrecortada de soluços e lagrimas dos que lhe succederam na missão augusta do ensino theologico, (Apoiados.) commemorando os seus dotes, as suas e os serviços, que todos lhe deviam!

Eu sou dos que mais admiravam a sua vigorosa intelligencia e vastissima illustração, porque de perto convivi com esse gigante da sciencia, que honrando a Universidade dentro e fóra do paiz, honrou tambem a nação, em que nasceu, e para cujo engrandecimento sempre trabalhou. (Apoiados.) Associo-me, portanto ao voto de pesar pelo fallecimento do conselheiro Rodrigues de Azevedo.

Tenho dito.

Foi approvada a proposta.

O sr. D. José Gil: - Mando para a mesa uma justificação de faltas e uma representado dos terceiros distribuidores dos telegraphos-postaes do districto de Evora em que pedem para serem elevados á categoria de segundos distribuidores com o respectivo vencimento.

Vão publicadas no fim da sessão.

O sr. Fratel: - Agradece as explicações dadas pelo sr. ministro dos negocios estrangeiros, mas observa que só ficou com á certeza de que se deu divergencia de opiniões entre os commissarios inglez e portuguez.

Insta de novo com s. exa. para que trate de conseguir ama delimitação definitiva de Manica, á fim de se evitar que aconteça o que se está dando em Macequece, sentindo que sobre este assumpto não obtivesse do nobre ministro informação alguma.

(O discurso de s. exa. será publicado na integra guando devolver as notas tachyqraphicas.)

O sr. Ministro dos Negocios Estrangeiros (Luiz de Soveral): - Pedi a palavra a v. exa. para declarar ao illustre deputado, que a delimitação do territorio de Manica está sujeita a arbitragem e que, portanto, o governo não tem meio nenhum possivel de apressar essa delimitação.

O sr. Fratel: - Accentuar que os inglezes, segundo in-