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DIABIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

Discursos do sr. deputado Julio de Vilhena pronunciados na sessão de 18 do corrente, e que deviam ler-se a pag. 72, col. 1.º e pag. 76, col 2.º d'este Diario

O sr. Julio de Vilhena: — Disse hontem o sr. Luciano de Castro que os homens novos que entraram n'esta casa abdicaram as suas doutrinas de liberdade, para se abraçarem a um partido conservador e reaccionario, e n'essa occasião pedi a palavra para protestar com toda a força das minhas convicções contra as phrases proferidas por s. ex.ª

Eu não assisti á votação que hontem teve logar na camara, porque o estado melindroso da minha saude não m'o consentiu, mas entendi então e entendo hoje, depois da aggressão de s. ex.ª, que me corre a obrigação de justificar-me perante o paiz e perante o parlamento, da posição que tomei ao entrar na vida publica, filiando-me no partido regenerador, e abraçando plenamente as idéas d'elle.

Folgo immenso que as phrases proferidas pelo illustre deputado tenham dado occasião a que todos os homens novos que tomaram assento nas cadeiras parlamentares explicassem as suas opiniões politicas. E folgo, porque nenhum de nós quer obscuridades no seu procedimento como homens publicos. (Apoiados.)

Emquanto a mim, declaro que não abdiquei as minhas opiniões de liberdade, adoptando o credo do partido regenerador, porque entendo que este é o partido realmente progressista. (Apoiados.)

Não pense o sr. Luciano de Castro que pertendo magoar o partido historico, não está isso na minha indole nem no meu caracter, mas o que eu não posso é desfazer os factos da historia contemporanea, que sufficientemente conheço, factos pelos quaes me determinei a pôr de parte o partido historico para abraçar as idéas do partido a que pertenço.

Quer s. ex.ª saber as rasões que me impelliram a alistar-me n'este de preferencia aos outros que militam na politica actual? Eu tenho a franqueza sufficiente para o declarar n'esta occasião solemne em que me obrigam a manifestar o meu pensamento politico.

Filiei-me no partido regenerador abandonando o partido historico, porque o partido historico é progressista nas palavras mas é reaccionario nos factos (apoiados); porque para mim a verdadeira politica não consiste em dessiminar programmas pelo paiz, em proferir phrases sonoras e ostentar declamações oratórias. A verdadeira politica para mim é a politica de acção, de factos, de energia, de vitalidade. (Muitos apoiados.)

O que vejo eu no partido historico? Uma serie de contradicções. N'um dia expulsa as irmãs de caridade; mais tarde vangloria-se de as ter expulsado, e ao mesmo tempo proclama como uma das glorias do seu programma a liberdade da associação! Pois se esse partido considera como ponto fundamental da sua doutrina a liberdade da associação, como é que se vangloria ao mesmo tempo de ter expulsado uma associação religiosa? Sejam ao menos coherentes, e depois intimem a mocidade parlamentar a que abrace as suas idéas. (Apoiados.)

O partido historico proclama-se abertamente descentralisador nas palavras; mas nos factos consagra a mais acrysolada centralisação. O illustre deputado censurou o partido regenerador por não apresentar uma reforma administrativa, liberal, descentralisadora; mas quem folhear os archivos parlamentares ha de ver que não existe reforma alguma administrativa da iniciativa do partido historico, em que se traduzam os principios proclamados por s. ex.ª Foi o illustre deputado que nos seus programmas pom-