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130 DIARIO DA CAMABA DOS SENHORES DEPUTADOS

facil, mas tão bem disposto, como aquelle a que presidiu o illustre deputado. (Apoiados.}

Ora se eu quizesse aggraval-o, e não quero, perguntaria á sua consciencia como é que o illustre deputado correspondeu a essa confiança que em si depositaram. Perguntaria a s. exa. como se converteu a opinião do paiz ao cabo de doze ou treze mezes da sua gerencia. Perguntaria se essa corrente, que então só voltára contra os partidos organisados, entendendo que elles eram um mal, se essa corrente, depois de ter acolhido tão fagueiramente o illustre deputado, não foi a mesma que depois, em onda impetuosa, precipitou o governo, apurando-se que da sua administração ficaram apenas os sacrificios impostos aos funccionarios publicos pela lei de 1892, os sacrificios impostos aos portadores da divida interna, pela mesma lei e mais nada, absolutamente mais nada. (Vozes: - Muito bem.)

Era grave a situação? Era.

E porquê? Porque encontrava diante de si um deficit que, assim affirmou, na pouco, o illustre deputado, nem se podia calcular, dizendo-se ser de 10:000 contos, e achando-se depois que era de 15:000.

Mas a situação não era grave só por isto; era grave porque, em virtude do adiantamentos successivos feitos pelo governo a bancos, a companhias, a entidades de toda a natureza, o thesouro se achava depauperado dos elementos de que absolutamente carecia para, fortalecidas as suas reservas, afrontar e vencer as difficuldades com que deparava. Que fez o illustre deputado para fortalecer as reservas do thesouro, para liquidar as operações que o tinham sangrado, para reembolsar os adiantamentos que se havia feito?

Cite-me um. Absolutamente nenhum!

De tudo isto, que podia representar erros de administrações passadas, erros que, accumulados n'um momento dado, ameaçavam subverter o paiz, qual foi o que corrigiu?

Nem um só!

Não é isto uma simples phrase minha; tenho aqui apontados os bancos, as companhias, as differentes emprezas, a que o thesouro fez adiantamentos, e d'estes nem um sequer foi liquidado por aquelle governo!

Não direi que lhe faltou a boa vontade, muito menos que lhe faltasse a competencia; longe de mim o proposito de desmerecer o illustre deputado; se o pretendesse fazer, nem o paiz, nem a camara mo consentiriam, porque s. exa. tem os seus creditos por tal fórma firmados que não são palavras menos justas que o podem derrubar da posição, que alcançou á custa do seu trabalho e do seu talento. (Apoiados.)

Se entrei n'este terreno foi para dizer que o tempo não está para retaliações; que não é azado para estereis jogos floraes, que não é com elles que se melhora a fazenda publica.

Se fallei em actos de administração do illustre deputado o da sua gerencia, não foi para concluir que ella era melhor ou peior do que a actual; foi simplesmente para chegar á conclusão, unica que verdadeiramente nos interessa, de que a situação economica e financeira é hoje, sem duvida, mais promettedora, o que representa, ao mesmo tempo, um incentivo e uma esperança.

Quando se procurava amesquinhar-nos lá fóra, quando não falta, todos os dias, quem procuro desmerecer tudo o que fazemos e alcançamos, entendi eu que, como ministro da fazenda e como chefe do uma situação politica, devia, não amesquinhar a gerencia do illustre deputado, mas pôr fim relevo, no que têem de bom, os resultados já obtidos.

Man s. exa., realmente, obriga-me a fazer confrontos que eu não queria fazer.

S. exa. fallou nos bancos do Porto, para censurar que se tivesse procurado resolver as questões que affectavam praça e embaraçavam as suas transacções, com
grave risco o inconveniente para todos; e lembrou o illustre deputado que quando a conjunctura era mais grave, quando o momento era mais afflictivo e as circumstancias mais apertadas, quando, emfim, era necessario restabelecer o credito na cidade do Porto, e indispensavel, por isso, acudir-lhe com providencias efficazes, s. exa. lhe offereceu... o seu apoio moral!

Se eu fizesse á camara declaração similhante o que julgaria ella de mim!

S. exa. ora presidente do conselho, era ministro da fazenda; a cidade do Porto reclamava em circumstancias dolorosas, via-se illaqueada por difficuldades de momento, e quando era necessario auxilial-a de vontade, porque é valorisando os nossos centros productores e commerciaes que poderemos retemperar as nossas forças economicas e financeiras (Apoiados.) s. exa. offereceu-lhe, por junto... o seu apoio moral!

Não sou eu que o digo; confessou-o o illustre deputado, e eu poderia bem dizer do discurso de s. exa. depois d'esta confissão: por mim estou vingado. (Apoiados.)

Depois falloi-nos s. exa. largamente da questão que se suscitou ácerca do regimen da divida externa. A camara viu que foi esse um capitulo em que não entrei. Tem paginas tão desagradaveis, traz recordações ainda tão recentess na nossa memoria e tão dolorosas para o nosso sentir, que não quiz fazer confrontos com s. exa. n'essa questão, as fel-os o illustre deputado, e isso me obriga a acompanhal-o.

Como procedeu s. exa., quando chefe do uma situação, no tocante á questão mais grave, mais complexa que tinhamos, a do regimen da divida publica?

Em relação á divida interna lançou 30 por cento de impostos, não digo com o nosso applauso, mas com o nosso apoio franco e sincero, (Apoiados.) com a acceitação de toda a opposição, porque representava um sacrificio que a nação tinha de fazer. Ninguem lhe poz objecções, nem lhe Levantou difficuldades.

Para a divida externa, o que pedio ao parlamento, foi que lhe votasse uma auctorisação a fim de negociar um convenio. Votou-se-lhe essa auctorisação; encetou as negociações do convenio com plena liberdade; ninguem lhe noz restricções, ninguem lhe levantou embaraços. Não se he perguntava, dia a dia, o estado em que iam as negociações, e sobretudo não se inventavam nem se apregoavam factos que podessem ferir o credito do paiz, (Apoiado») ou sequer a acção serena do negociador. Ampla liberdade.

Mas em certa altura o illustre deputado, quando o convenio estava feito, rompeu-o. Foi um acto ousado de administração. Entendeu que era justificada essa medida, e tomou d'ella a responsabilidade. Não sou eu que o condemno por isso. Mas depois de ter auctorisado a negociação do convenio, depois de o ter rompido, fazendo uma crise dentro do governo, em virtude da qual saiu exactamente um dos seus companheiros mais prestimosos, o sr. Oliveira Martins, depois de ter assumido as responsabilidades da questão, tomando nas mãos a pasta da fazenda, o que fez s. exa.? Ateou a conflagração, levantou conflitos e reclamações de toda a ordem, e quando essas reclamações chegaram ao momento mais agudo, quando se traduziram em notas diplomaticas mais vigorosas, quando por consequencia a situação se tomou mais aguda, retirou-se do governo para que resolvessemos nós as difficuldades que elle creara! Não é isto verdade?

O sr. Dias Ferreira: - Peço a palavra para explicações.

O Orador: - Quando o illustre deputado saiu, em fevereiro de 1893, estavam pendentes, como s. exa., ha pouco, reconheceu, notas diplomaticas, graves e serias da parte de dois governos fortes e poderosos, precisamente na questão da divida externa e foi n'essa conjuntura que o illustre deputado se retirou do poder. É um facto.

S. exa. tinha reduzido o juro ao terço em oiro, é certo,