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APPENDICE Á SESSÃO N.° 12 DE 23 DE OUTUBRO DE 1894 148-A

Discurso proferido pelo sr. deputado Eduardo Abreu, na sessão de 23 de outubro, depois de corrigido por s. exa.

0 sr. Eduardo Abreu: - Mando para a mesa uma nota de interpellação, e, chamo attenção de v. exa. para os termos, que se me afiguram correctissimos, em que ella está redigida.

Querendo arredar qualquer nota irritante, trato apenas da fórma como foi preso e expulso d'este paiz o sr. D. Nicolas Salmeron, que toda a camara conhece, que foi chefe d'estado da nação vizinha e ali presidente do congresso, que e um dos advogados mais distinctes, e professor da faculdade de direito da universidade de Madrid. É tambem o sr. Salmeron o mais notavel pensador e orador da peninsula iberica e cavalleiro de primorosos dotes no seu trato pessoal, publico e politico.

Conheço-o ha muitos annos, e nem eu nem o meu collega, que tambem tem a honra de tratar com aquelle cavalheiro, jamais lhe ouvimos a mais pequena phrase que não fosse de elogio a autonomia, á honra e dignidade de Portugal.

Estamos sentidos pela maneira por que foi preso e expulso aquelle cavalheiro, e por isso mandâmos para a mesa esta nota de interpellate, que o governo acceitará ou não, repetindo que nós pômos de parte toda a questao politica.

O sr. ministro do reino será juiz d'esta questão; se s. exa. tem provas testemunhaes, documentos, de que aquelle cavalheiro que vem a Portugal acompanhado de oito pessoas de familia, conspirava contra a independencia d'este paiz, o sr. ministro do reino terá em mim o seu maior amigo, um seu creado até se o quizer.

Fallo na melhor boa fé; tratando com aquelle cavalheiro, ouvi-o sempre considerando altamente a independencia d'este paiz.

Se o sr. ministro do reino, por altas rasões d'estado, teve motives para assim proceder, estou certo que s. exa. terá occasião de os apresentar a camara.