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explicação do Sr. Leonel Tavares; disse que não entendia, como eu entendi o principio demissorio; por ser este ministerio o que a nação queria, e que achava seria o unico capaz de fazer a sua felicidade......

O Sr. Presidente: - Acho, que tem dado uma satisfação, tão completa, que podia ceder de mais explicações; eu peço por obsequio ao Sr. Deputado que não continue.

O Sr. Seabra: - Não posso deixar de obzequiar a V. Exca.

O Sr. Leonel Tavares: - Eu disse hontem, e repeti hoje, que a nação interessava, em que fosse demittido qualquer empregado, que demorasse ou empecesse a marcha do Governo, e isto pela doutrina, e confissão feita pelo ministerio passado, que consistia, em que os empregados despachados por elle, eram homens da sua confiança, homens destinados, para sustentar o sistema d'esse ministerio: sistema que tinha sido reprovado, pela nação inteira: estas palavras não foram ditas em lingua moura, foram ditas em portuguez, que todo o mundo entende, como lhe é possivel; o que eu não sei, é como das minhas palavras, duas ainda agora, se me queiram attribuir aquellas que eu não disse; palavras que não sou capaz de dizer; eu entendo, que o ministerio actual pode fazer bem; mas hão heide dizer, que seja o unico capaz de o fazer: que disse eu, que se possa entender de tal maneira? Serei eu, por ventura; algum homem, que aqui ou em alguma parte, haja de sustentar pessoas?........Sr. Presidente; eu não sei, que se me possa attribuir similhante caracter; eu sou homem capaz de sustentar aquillo que eu entender, que é util ao paiz; se João for homem, que vá....que vá.... que vá.... por um caminho, que eu entenda, que é conveniente ao meu paiz; eu apoiarei a João; mas se me parecer, que vai hoje, pelo caminho conveniente, e que ámanhã se affasta d'elle tambem eu heide affastar-me, e tomar outro, que me parecer conveniente, para lhe sahir ao encontro; isto foi o que eu disse; não sei, para que se me hão de inverter as minhas palavras; teu já inverti por ventura as palavras d'alguem? Já attribui a alguem, o que não dissesse? Não: então para que se me faz a mim? Outra vez repito, eu não disse tal, não sou capaz de fizer, o que se me atribuiu; se João tomar um bom caminho hade ser ajudado por mim; se for por outro caminho, eu procurarei outro por onde lhe vá sair ao encontro; esteja certa a Camara d'isto, e esteja tambem certa a nação, que para aqui me mandou.

O Sr. Seabra: - Eu não tenho interesse em perverteras palavras do Sr. Deputado.

O Sr. Presidente: - Não acabaremos com isto? Um Sr. Deputado diz que fim; outro diz que não; ora pois terminemos esta questão, se é que a isto se pode chamar questão.

O Orador: - Eu me cinjo ás palavras do Sr. Deputado; nem outra cousa pode ser a minha intenção; tomo este principio tal qual elle o apresentou, e que a meu ver julgo não se dever admittir; eu procurarei não inverter as palavras do Sr. Deputado; fallarei sómente sobre o principio demissorio. Sr. Presidente, o grande fim da sociedade...

O Sr. Presidente: - As minhas intenções são as melhores possiveis; porem o Sr. Deputado tem dado uma explicação tão completa, que já podia ceder da palavra.

O Orador: - Eu cedo da palavra; em outra occasião declararei o meu pensamento sobre aquella opinião: sou amigo da ordem, e do interesse publico; cedo para outra occasião.

O Sr. Barjona: - Eu tenho a palavra sobre a ordem.

O Sr. Presidente: - Se eu faltar alguma vez á justiça, levante-se a Camara toda contra mim. A palavra não pertence ao Sr. Barjona. Agora segue-se o Sr. Aguiar.

O Sr. Aguiar: - Eu sou obrigado a declarar, que quando disse, que o Sr. Ministro da fazenda sairá da Camara na occasião em que o Sr. Gomes de Castro ía responder-lhe, não foi minha intenção offendello, ou censurallo, mas só referir um facto, e ninguem ousará de certo dizer, que o facto não é verdadeiro: é verdade, que antes de sair, o Sr. Ministro da fazenda declarou, que o faria, porque negocios de interesse publico o chamavam ao thesouro. Não dou esta satisfação ao Sr. Deputado, que não tendo nenhum direito de lançar o odioso sobre mim, interpretando as minhas intenções, o pretendeu fazer: eu não costumo dar satisfações a este Sr. Deputado nem preciso dar-lhas; dou a devida explicação a esta Camara, e ao Sr. Ministro da fazenda; a Camara se lembrará de que hontem, quando eu tratava de impugnar os principios anti-constitucionaes de S. Exca., reconheci a sua probidade, e a sua honra.

O Sr. Soure: - O nosso regimento permitte explicações pessoaes: nas Sessões passadas concedeu-se isso tambem; mas só depois de se julgarem discutidas as materias, porque é a maneira de se darem com mais sangue frio: nós temos muito pouco tempo; o estado da nossa fazenda, a justiça, o interesse dos menores, tudo reclama nossos cuidados; se nós vimos para aqui só para darmos explicações, e para tratar de frioleiras, e ninharias, é melhor que nos vamos embora para nossas casas. (Apoiado, apoiado, apoiado.)

O Sr. Presidente: - Agora é que pertence a palavra ao Sr. Barjona.

O Sr. Barjona: - Quero fazer um requerimento; quando eu requeri que se pozesse á votação, se se devia lançar, na acta aquella declaração, ou requerimento do Sr. Aguiar, se se tivesse proposto estava esta discussão acabada: rogo portanto a V. Exca., que sem admittir mais discussão ponha á votação. Se se ha de lançar na acta aquella declaração.

Vozes: - Votos, votos.

O Sr. Leonel Tavares: - Ha de lançar-se na ata, o que disseram todos os Srs. Deputados, que fatiaram a este respeito.

O Sr. Aguiar: - Pretende-se, que se se fizer na acta menção de um principio anti-constitucional emittido, nesta Camara por um ministro da Corôa se faça igual menção desse principio emittido por um Deputado; mas permitta-se dizer, que esta pretenção é inadmissivel; um Deputado é livre nas suas opiniões; o mesmo não acontece a respeito dos ministros; estes são responsaveis, e para se lhe pedir conta dos seus actos podem pedir-se-lhes quaesquer explicações, e exigir-se, que se escrevam, para dellas se conservar memoria.

O Sr. Presidente: - O Sr. Ministro da fazenda tem a palavra.

O Sr. Ministro da Fazenda: - Eu julgava-me dispensado de responder, depois que hontem fallou o Sr. Ministro do reino: elle explicou as palavras, que me escaparam; e eu vejo que se comdemnam as idéas porque se confundem as palavras: é um motivo, que dei, entre outros, e que não devia dar; exige-se em principio, as palavras, que me escaparam por acaso: se eu fosse um orador acostumado no luso da palavra, eu teria separado aquellas que não convinham, e as poderia ter reclamado, em tempo opportuno; mas eu fallo rapidamente; occorre-me uma idéa, exprimo-a immediatamente: occorreu-me aquella; exprimi-a; mas logo accressentei, que não era aquelle o principal motivo; não me lembra, que podia reclamar; mas torno a repetillo, disse que aquelle não era o principal motivo: na verdade é preciso ser muito ignorante, para não se saber que nos Parlamentos não se invoca o nome do Rei, ou Rainha: todavia insiste-se, que umas palavras, que escaparam, constituem um principio?...

O Sr. Presidente: - É preciso que declare, por honra da verdade, que o Sr. Ministro, quando fallou, estava como fora de si, porque quem falla em publico, quasi sempre lhe acontece isso: isto é um facto praticado dentro desta Camara; eu o vi, porque elle faltava para mim, que quando fallou estava em tal estado, que mal podia ligar o seu discurso.

VOLUME II. LEGISLATURA I. 14