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Houve já Governo, Sr. Presidente, que vendo isto se conservasse com os braços abertos e os ouvidos Cerrados ao clamor que se levantava a este respeito? O Governo de então antecipou-se ao começo do acto eleitoral pela manifestação da sua política, re-eonimendando ás auct.oridades administrativas que conservassem o campo neutro para se guerrearem lealmente todos os partidos, e esse Governo, Sr. Presidente, quando lhe constou que o Administrador de um Julgado excedera as attribuições que lhe eram conferidas por Lei, quando viu que elle se li-, nhã separado dos termos qne se lhe tinham marcado, e que tinha tomado uma ingerência iilicila nas eleições, esse Governo demittiu»o : em Bragança, quando foram queimadas as actas eleitoraes, o Administrador Geral,que ahi estava, abbreviou quanto pôde o processo destes escândalos, e o Ministro do Reino louvou o seu procedimento: etí tenho aqui a copia dessa Portaria (leu-a).

Sr. Presidente, houve ou nào houve violências nasactuaes eleições? Derramou-se força armada pelo paiz, houve ferimentos, houve roubos de urnas. .. são fabulosos os acontecimentos deArcozello? Pois Sr. Presidente, ainda que parte destas cousas todas não sejam verdadeiras, e o seja só a terça pariu-delias nào teve ainda o Governo uma voz, não leve ainda um., acto publico, uma demonstração de qualquer ordem, na sua imprensa, nos seus actos administrativos, na Gamara já depois que está aberta, não houve uina única voz legitima contra simi-Ihanta procedimento!! Eu acho que este facto e inaudito 5 que é único, que nunca aconteceu, e que não pôde acontecer, porque nào pôde sustentar-se em pais nenhum um Governo em amizade estreita com a anarchia.

Disse-se «mas o Governo e generoso, sabe de immensos empregados que não votaram com elle, e comtudo tem-os conservado nos empregos—• ;> Sr, Presidente, o Governo sabe que apesar de lodosos artifícios que faz para constranger a consciência dos eleitores, muitos votaram com a opinião, .mas a prova da generosidade do Governo está n'urn facto que um illustre Deputado já aqui ennumerou, e que eu vou repetir; Houve um Secretario de uma Recebedoria que por virtude dos despachos desous superiores passou uma certidão de que pagavam verbas de decima taes e taes indivíduos: com esta certidão pôde instaurar-se recurso ao Conselho de Districto, e o Conselho de Distrirto não teve remédio senão incluir na lista dos Eleitores aquelles indivíduos; em virtude disto perdeu o Governo dous Eleitores em uma Assernbíéa a respeito de cuja eleição tinha grande empenho : porém o Cidadão que interpôs este recurso tomou os papeis que erarn um processo completo, e levou-os: ao Recebedor quix-se fazer o processo, por elle ter passado uma certidão; mas esta certidão estava junta ao processo que o recorrente tinha instaurado ; e este., por que o não tinha, porque o rasgou, porque o não quer entregar, obriga-se judicialmente a apresentar esse processo que e findo, que é seu porque o pagou: e eis como o Governo que não atlende aos acontecimentos de Lamego, o Governo que despre-sa os acontecimentos do Porto, o Governo que deixa as Auctoridades fazer correrias por todo o pau, que deixa ir sargentos obstar ao soborno da urna; este Governo que não vê isto, mostra-se tão sollí-

cilo em punir um homem, que commette o excesso de exigir d*um particular um papel que e'seu.

Sr. Presidente, eua que paiz se fizeram nunca eleições como as que actualmente se fizeram em Portugal? Em.nenhum, são de espécie nova. Em Inglaterra é isso um acto muito livre, e debatido somente pelos partidos; no meio delles não appa-rece a Auctoridade Publica, e a tropa ? Oh í Sr. Presidente, em que lugar daquelle paiz appareceria um sargento dizendo que hia vigiar a urna e obstar ao soborno? A tropa, (todos os Srs. Deputados o sabem) e' mandada duas milhas para fora das localidades aonde se fazem as eleições, um dia antes que ellas comecem , e só volta um dia depois de acabadas; e se o Secretario da Guerra desse ordens em contrario desta disposição comtnetlia um crime de Lesa-Magestade.

Em França ?! ... Quando se fiseram em França eleições desta natureza ? Nos tempos mais reaccionários!., nesses tempos o mais a que se chegou foi a falsificar as listas eleitoraes: esta fraude, e outras de igual ordem , d^ram tanto escândalo no paiz que foi necessário cessar essa política reaccionária, e succtíder-lhe um Ministério de doutrinas differentes: só eòta fraude se julgou uma grande oífensa aos princípios cotistitucionaes , toda a Nação se escandalizou cotn ella, e empregaram-se todos os meios para a cohibir: vogou por muito tempo na Assedíbléa Franceza , para remédio daquel-ía fraude, a ide'a de julgar criminosos, não só as Auctoridades Administrativas que incluíssem nas listas eleiloraes os Cidadãos que não eram.eleitores, mas também o Cidadão que tendo sido recenseado, e tendo a consciência de que não era eleitor, ia votar; por muita* transacções se concordou ern que o» eleitores fossem ajuramentados ? dessem o seu juramento se estavam ou não bem recenseados ; e isto é o que se pratica ainda agora. Sr. Presidente, acaba de fazer-se uma eleição em França, e por ventura lê-se em algum jorna! que tivessem marchado, e contra-marchado tropas, que tivessem apparecido destacamentos, que houvesse demissões ? Nào Srs., veio a imprensa fazendo as suas publicações; de um lado e outro se disse muita cousa ; mas d'aqui não se passou, não appare-ceu nem urna só accusação ao Governo por ter feito ou tomado uma medida extraordinária a este respeito,