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E, que ha um mal, e que este mal não e o resultado do excessivo producto da propriedade. Também se disse, que este mal não era só de três an-nos para cá, mas mais antigo. O que eu acabo de dizer prova o contrario; que e de um anno para cá, ou menos d'um anno: em Setembro davam Í5 tostões, e a colheita foi muito maior.

Sr. Presidente, eu não direi, que a causa da depreciação dos productos agrícolas no Paiz seja só devida ao contrabando : estou persuadido, que muitas causas concorrem para isso; mas não se me diga, que é devida em parte ao contrabando, e que elle senão faz na Beira Baixa : e onde o ha em maior escalla. Se o Sr. Deputado tem razoes para saber aíguma cousa a este respeito, por ter estado em Castello Branco, eu também sou da Beira Baixa, e já estive servindo um Jogar em Castello Branco. Nesse tempo era tanto o contrabando, não só em ,cereaes , mas em farinha, que eu mesmo fui juiz d'uma causa de contrabando de mil arrobas de farinhas, cuja causa pôde ver no Supremo Tribunal de Justiça, onde se acha, porque a Relação confirmou a minha sentença. Mas não é só isso: todos os dias se me dizia ~— lá entraram hontetn á noite 50 carros por tal sitio: diziarn-me ate os lo-gares de Castello Branco , em que estavam depositados os cereaes. Não sei se isto ainda existe; mas sei , que ouço dix.er aos negociantes da Beira Bai-xá, (ainda o ouvi hontern a um, que e' amigo do Sr. Deputado), que a maior parte do trigo, que comprava, era de contrabando d*Hespanha; e não são cargas de burro, são cargas de bois com muitos moios. Saiba mais o Sr. Deputado, que ate' as padeiras conhecem a differença dos cereaes d'Hespa-hha aos nossos. Demais, e igualmente sabido, que a Beira Baixa produz muito pouco trigo; o mais que dá é centeio, cevada, e algum milho: entretanto Castello Branco, e outras terras da Província estão sempre cheias de trigo.

Sr. Presidente, é innegavel , que o contrabando e imrnenso no nosso Paiz. E direi mais ao Sr. Deputado, que está muito pouco informado. Em 1842 houve uma escacez immensa de cereaes; na Beira Alta apenas bouve o necessário para três mezes; e entretanto, em todo o anno, não só não recebeu trigo para consumo, mas ate o mandou para o Porto ; o que piova, que era trigo de contrabando.

Disse o Sr. Deputado, que não havia contrabando d'azeite. Oh ! Por Deos, ha o mais possível, quanda lia mais abundância d'azeite nas Províncias limítrofes d'Hespariha, o azeite da Beira Baixa desce consideravolniente , e e' a isso, que eu attri-buo principalmente a causa da actual depreciação do azeite naquella Província ; porque ha dous an-nos tem havido uma colheita abundante na Estremadura d'Hespanha.

Mas, Sr. Presidente, eu não quero fatigar a V. Ex.a e a Camará: seja qualquer a causa do facto, que ninguém contesta , o que quer o Sr, Deputado pela sua proposta e faze-la conhecer; porque depois fácil e' dar-lhe d remédio. — Por consequência não posso deixar deapprovar a proposta do Sr. Deputado com todas as forças. Se for este o ultimo acto, que pratiquemos a bem do Paiz, seja elle d'approvaçâo de todos — seja elle um testemunho, de que temos a peito os seus interesses materiaes. Approvo pois a proposta e a urgência, (apoiados} VOL. 1.'—JANEIRO —1845.

O Sr. J. M. Grande: «— Sr. Presidente, a discussão que tem tido logar nesta Casa, prova, que a prosperidade do nosso Paiz, tão apregoada pela imprensa periódica, é uma prosperidade fantástica, e' um romance que o Paiz não pôde acreditar, (apoiados)

Sr. Presidente, tanto da parte direita, como da esquerda, assim como do centro desta Camará, se tem levantado uma voz unanime proclamando n decadência espantosa do Paiz, e a terrível miséria em que está o Povo — no meio d*uma abundância fictícia. — O Sr. Deputado Albano por maig que perlendeu correr um ve'o sobre este estado lastimoso da nossa agricultura, não pôde faze-Io, e viu-se forçado a concordar no facto e ale' a produzir provas em seu favor, vio-se forçado (quem o diria?) a concordar essencialmente com uma proposta ca-hida dos bancos da opposição. (apoiados)

Em vista pois desle facto mais convincente do que muitos argumentos, havemos nós os representantes do Paiz declinar um tão sagrado dever, e commetle-lo indifTerentemente ao Governo! Veremos espectadores irnpassivos, os males do Povo e quando os podemos remediar addiaremos o remédio? Que papel representamos então aqui? Qual e' a nossa missão? Mandaram-nos a este logar só para indultar o Governo? São os governantes ou os governados os nossos constituintes? Somos Deputados do Governo ou da Nação ? Neste caso fechem-se as portas deste Parlamento, porque somos inúteis, somos até perjudiciaes á Nação, se nós não podemos acudir aos seus males.

Eu fiquei estupefacto , quando ouvi aqui a um Sr. Deputado, que esta Camará não lendo mais que dois mezes para funccionar, nada pôde fazer a esle respeito, e então o Governo que o faça, a obrigação não e do Governo (apoiado) é sua (apoiado) é nossa (apoiados) (O Sr. Albano: — Peço a palavra, isto e' de mais.) Eu não me dirijo ao Sr. Deputado pessoalmente , combato as asserções que aqui apresentou, asserções miseráveis, que não po-dcd) deixar de obrigar-me , representante do Povo, a estigmatisa-las , e a arroja-las para fora desta Casa , onde jamais deviam ter sido proferidas! Com-nielter ao Governo aquillo que nos cumpre fazer? Renegar assim a religião do nosso mandato! — O Sr. Deputado para tornnr de nenhum effeito uma proposta, que veio do lado da opposição só porque a considerava uma censura ao Governo, cahio no mesmo inconveniente, e ousou fazer ainda ao Governo uma mais acre censura, recomendando-lhe, que faça o que devera ler feito para merecer o nome de Governo.

O Governo não tem feito o seu dever que é administrar, e visto que o Governo não soube ou não pode occorrer a estes males, somos nós, os naturaes zeladores dos interesses nacionaes, que devemos remediá-los.

Havemos nós ir daqui para os nossos lares apre-sentar-tno-nos ante os nossos constituintes e dizer-lhes := o dever que nós tínhamos de remediar os vossos infortúnios, decSinain<_-ln tão='tão' pelos='pelos' _...='_...' e='e' suicidar-se='suicidar-se' uma='uma' assim='assim' ostentando='ostentando' do='do' males='males' apoiado='apoiado' í='í' sr.='sr.' p='p' pôde='pôde' esta='esta' paiz='paiz' camará='camará' possível='possível' não='não' indifferença='indifferença' egoisti-ca='egoisti-ca' presidente='presidente' _='_'>

Disse-se, que as causas que eu tinha apresentado como motivo da decadência dos géneros, não