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minha opinião a esse respeito, mas já que esse Estabelecimento existe, faço votos, e votos muito sinceros para que prospere, e espero que ha de prosperar conciliando nós quanto podermos os interesses do Paiz com os interesses desse Estabelecimento; e estou persuadido que os illuslres Cavalheiros que mais zelam, e que lêem por venlura obrigação dc zelar nesla Casa os interesses do Banco, não podem deixar de convir em todas as indicações que levem a este resultado; estou convencido de que o hão de fazer, mesmo no inleresse do Paiz e da ordem publica, a qual não podemos separar de maneira nenhuma da discussão que nos oceupa, e que no meu entender lem uma grande relação com ella. Talvez que dê mais desenvolvimento a estas ideas na continuação do meu discurso, sem contudo ferir de maneira nenhuma as conveniências, que lambem sei que se devem respeitar.
Todos nós sabemos a historia dos Bancos, e a maneira porque têem vindo a esses Estabelecimentos de tanta ulilidade grandes fatalidades, que têem pesado não só nelles, mas nos Paizes onde têem existido: sabemos, por exemplo, a historia do Banco chamado de França, instituição de Napoleão, no qual incluiu todos os Bancos que existiam aquelle lempo, fazendo um fundo de 45'milhões; metade deste fundo foi convertido em escriptós do Thesouro, c a outra em delegações sobre ns Recebedorias geraes; isto fez subir os fundos públicos, o Banco julgou-se em um grande estado de prosperidade, vieram as transacções com o Governo, e a poucos passos o Banco de França, que, se por ventura se conformasse mais com as regras próprias destas instituições, effectivamente podia ler caminhado em uma estrada segura e prospera, sem o saber tor-nou-se repentinamente um instrumento financeiro.
O Banco de Inglaterra teve a mesma sorte, e teve a mesma sorte porque pagou cara a graça que Piti lhe concedeu da prorogação do praso dos seus privilégios; em troco dessa graça vieram os empréstimos que aquelle Ministro exigiu para as despezas da guerra, pelas quaes deu ao Banco um conhecimento com juro e verdade, mas com juro que não,era exigível: isto fez com que o Banco de Londres não podesse pagar aos portadores dos seus Papeis de credito as importâncias nominaes, quando por outra parte o Governo estava fazendo todas as suas despezas com bilhetes do Thesouro, que dava aos fornecedores; o Banco viu-se pois obrigado a recorrer ao Governo, e o Governo e o Parlamento, de cuja maioria Pitt dispunha, decretaram que o Papel do Banco não tinha depreciação nenhuma, e foi decretado isto por um Governo e por um Parlamento, que deviam ao Banco 22 milhões de libras esterlinas: o Banco de Inglaterra tinha-se convertido lambem em instrumento financeiro, e d'ahi nasceu a ruina delle; quiz-se remediar as consequências do mal com a extravagância (podemos chamar-lhe assim) de decretar que os Papeis de credito do Banco não tinham depreciação, quando o facto provava o contrario; mas a queda foi inevitável. Por consequência as negociações com o Governo vieram a produzir a ruina desse Estabelecimento, corno lambem tinham produzido a do Banco de França.
Islo que eu tenho trazido, e para provar (pie não convém figurar os males que soffrem estes Estabelecimentos, -a que chamamos Bancos, como provindos da sua facilidade em satisfazer ás urgências do Estado em varias das dilferentes circumslancias, em que o Paiz se pode achar; estes males provêm da pouca SkssIo Ní* 13.
prudência, da poupa circumspacção que por ventura ha em avaliar os justos inleresses, que podem vir aos Bancos do emprego dos seus capitães; se porventura a gerência dos Bancos de França e Inglaterra tivessem lido islo em vista, esses dois Paizes não teriam soffrido os males que lhes resultaram da perda daquelles Estabelecimentos, ou da fatalidade que lhes veio em virtude do desejo de se conservarem interesses que se julgaram perennes, e talvez tão peren-nes e tão inesgotáveis quanta era a imporlancia desses mesmos inleresses.
Nâo é só a historia do Banco de França, nâo é só a historia do Banco de Inglaterra que se devia ter em vista, é lambem a historia anterior a essa, é também o que se passou em Paris em lempos mais antigos. Ninguém ignora o que aconteceu com o Banco de Law, desse Economista que reduziu a agiotagem a systema (quando fallo em agiotagem, nâo se entenda que uso de uma expressão que seja ignominiosa, que offenda alguém, e' a denominação que a Sciencia lhe tem dado, e a agiotagem e' um trafico tão licito como outro qualquer trafico — Apoiados), todos sabem que a ainbjção dos grandes lucros não só fez com que os capitalistas de Paris empregassem no jogo dos fundos lodos os seus capilaes, mas chamou aquella' Capital os homens indinheirados dos Departamentos, os homens mesmo da propriedade, que a venderam para ir empregar no jogo dos fundos públicos os capilaes em que a convertiam. Ora o emprego por esle modo dos capitães estanca todas as fontes de riqueza publica, dá cabo da industria, dá cabo do commercio, dá cabo mesmo da industria- agrícola !.¦ . Esses lucros acabaram n'um momento, e de um dia para o outro viram-se reduzidos á pobreza e á miséria, homens que até então contavam com uma grande fortuna !... (O Sr. A. Albano:— E verdade.) Foi por consequência o em-piego inconsiderado dos capitães, foram os lucros excessivos que satisfaziam a ambição de todos quantos possuíam capitães, que trouxe aquelle Paiz esta fatalidade, esla desgraça que devia ter servido de lição a todos os Governos, e a todos os Estabelecimentos desla ordem. (Deu a hora) Como acaba de dar a hora, peço a V. Ex.* que tenha a bondade de me reservar a palavra para amanhã, por isso que, pode-se dizer, que estou ainda no principio, do que lenho a dizer, f Apoiados)
0 Sr. Presidente: — Fica reservada a palavra ao Sr. Depulado. A Ordem do Dia para amanhã, na primeira parte, é a eleição dos Membros que hão de fazer paite da Commissão Mixta. A Commissão, por parle desla Camara, deve ser composta de 14 proprietários e 4 supplentes, por consequência as listas devem conter 18 nomes, devendo servir de supplentes os 4 menos votados. Depois disso ha de decidir-se o Requerimento do Sr. Mendes de Carvalho, por isso mesmo que já passou o praso votado pela Camara para se discutir aquelle Requerimento; — é sobre ser dado para ordem do dia o Projecto N.° 8, respectivo ao Terreiro Publico. Na segunda parte continua a discussão do Projecto N.° 34, e supplementarmente o Projecto N.° 33; e na ultima parle estando presentes os Ministros respectivos, ha-de-se tractar das Inlerpellações. Eslá levantada a Sessão. — Eram quatro horas da tarde.