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que o não tão; tâo navios que teem uns poucos de homens a bordo, mas não se acham em meio armamento. Entende-se que um navio vai em meio armamento, quando leva parle da sua artilheria no porão, e assestada somente aquella de que precisa para o serviço que vai desempenhar, para se livrar de um corsário, etc. Ora eu nâo sei qual é o pensamento da Commissão quando diz — uma fragata ou uma nâo em meio armamento; — se dissesse — uma fragata em meio armamento —uma náo em meio armamento— muito bem; mas a palavra ou parece que importa uma igualdade de circurnstancias; parece que a despeza e a mesma com uma não ou com urna fragata. A despeza de uma náo ern meio armamento deve importar aproximadamente em 18 contos de réis; mas a de uma fragata no mesmo estado deve ser muito menor pcomo podemos então dizer — uma fragata ou uma náo em meio armamento? O Projecto do Governo dizia duas fragatas, sendo uma em meio armamertto — e note-se bem, que, dizendo islo aquelle Projecto, não quer dizer, que o Governo não possa armar uma náo; pôde, porque lá está o paragrafo que diz (Leu.)
Por consequência já se vê, que pôde o Governo armar uma náo, se entender que deve arma-la; diminuo a despeza em oulra parte, earma a náo; mas o que senão deve c votar no Projecto uma expressão destas — uma náo ou uma fragata. Ainda mais, Sr. Presidente, segundo o quadro apresentado pelo Governo ha pouco, apparecem embarcados actualmente 93 Officiaes de Marinha; mas no numero de navios marcados no Projeclo que se discute, segundo as lotações que lhes correspondem, acho que lhes pertencem unicamente 84 Officiaes; quero dizer, hão de se desembarcar 9 Officiaes ! .... Não me parece ser esle o pensamento que a Camara lem seguido em objectos desta natureza; o pensamento que a Camara tem seguido, não tem sido o dc despedir gente do serviço e pô la na rua; entretanto a Camara fará o que entender, cu pela minha parle não concordo em que se ponha fora do serviço activo este numero de Ofliciaes, porque enlendo que são ainda poucos para as incumbências que teem a desempenhar.
Sr. Presidente, nós estamos n'um eslado pouco li-songeiro; toda a gente o sabe, e eu não quero ceder agora a esta disposição natural, que lodos temos para exaltar as nossas glorias antigas, e mostrar-a nossa decadência moderna ; éesta uma marcha muito trivial, e cu não quero segui-la. Toda a genle sabe o ponlo a que nos levou a nossa Matinha; nós já fomos muito no mundo civilisado — fomos muitíssimo, fomos uma das primeiras Nações da Europa, e hoje não somos nada!... Mas eu ía caindo na
mesma censura que linha notado......Ha dois ou
Ires annos tínhamos nós um navio de guerra estacionado nas costas do Brasil, e hoje não lemos nenhum !.... Ein Montevideo, onde é necessário defender a propriedade e os interesses dos Súbditos Portuguezes (porque ha lá muitos) no estado desgraçado daquella Republica, não ternos nem um vaso de guerra!.... Tambem não temos um vaso de guerra nos Açores. —Não fallo nos portos das Nações da Europa, porque ahi ha muito tempo desgraçadamente que não temos nenhum navio. Temos apenas uma pequena escuna em Cabo Verde ; temos em Moçambique apenas um brigue, (em Moçambique, que tem mais de 200 Iegoas de desenvolvimento de cos-Vol. 6." — Maio—1818—Si.ssÀo N." 13.
lai...) Mas nâo temos nenhum vaso em Inliauibn-t ne, Quilimane, e Lourenço Marques, finalmente, em uma iinmcnsidade de pontos, onde ha Commercio Portuguez c commercio estrangeiro. Temos em Angola uma Estação que na minha opinião não édemasia-da ; — é opinião minha; entendo que não é demasiada, e entendo que se nós não podemos ter navios armados cruzando ns diversas costas, sulcando diversos mares, senão podemos ao menos mostrar o Pavilhão Portuguez nas nossas Colónias, então deixemos de ter Marinha, e ahi temos urna grande economia; mas parece-me que não é desle modo que se devem considerar questões desla ordem ; é necessário avaliar quaes são as necessidades do Eslado, e depois de reduzidas ao eslriclamenle indispensável^ volar a verba correspondente do Orçamento.
Sr. Presidente, a falia de navios de guerra em diversas partes é de summa importância. Eu já estive n'uma Colónia nossa, onde chegou um brigue de guerra inglez, fundeou, deixando o ferro a pique, locou a postos, descobriu as baterias de terra, e não havia quem lhe respondesse, estava apenas alli uma insignificante escuna que fez o seu dever, mas um dever que era completamente inútil, porque era uma escuna que tinha uma só peça contra um brigue, que tinha vinte, e com uma tripulação- triplicada. -O brigue inglez teve a arrogância de fazer islo, e disse depois que foi alli encarregado de fazer certas perguntas ao Governador, mas não é assim que se costuma fazer perguntas; islo nâo é perguntar, é aggre-dir. Porém ainda ha mais, um brigue inglez (e sobre esse objecto ainda hoje pende uma questão diplomática) chegou a uma Possessão nossa, parle da guarnição saltou em terra, arrancou a Bandeira Portugueza d'onde eslava, pisou-a aos pés diante dos soldados que lá estavam, destruiu completamente a Feitoria que se linha mandado fazer por conta do Governo,-e não houve navio nenhum que lhe respondesse. S. Ex." o Sr. Duque de Saldanha sabe (porque por diversas vezes tem dirigido a Repartição dos Negócios lís-trangeiros) que pende uma questão diplomática sobre este objeclo com a Inglaterra: mas estas questões não se resolvem diplomaticamente; estas questões re-solviam-se lendo um navio naquella paragem; porque se lá estivesse, o brigue inglez nâo se atreveria a en-xovalhar-nos como enxovalhou completamente; entretanto em vez dc procurarmos evilar que taes factos se repilam, estamos a diminuir no Orçamento migalhas que se hão de dar a homens que vão lá fora sustentar o decoro da Nação! . . Nâo é este o modo de fazer economias; voto conlra similhantes economias, não voto senão por aquellas que comportarem as necessidades publicas, e, quando se Iractar do Orçamento, eu apresentarei diversas verbas importantes que se podem cortar nos differentes Ministérios sem detrimento do serviço ; mas cortar aquellas que devem ser applicadas para os que hão de ir sustentar o decoro e a integridade da Nação, isso não approvo eu.
Sr. Presidenle, parece-me que já lenho fallado de mais, enão sei se já excedi a hora que está marcada para se tractar desle objecto; alguns Srs. Depulados lêem pedido a palavra, lambem a pediu o Sr. Ministro da Marinha, estimarei muito ouvi-los, e reservo-me para depois pedir novamente a palavra, afim de responder aos argumentos que se fizerem em [opposição aquelles que tive a honra de apresentar.
O Sr. Ministro da Marinha: — Sr. Presidente,