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224 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

dem publica; lá fóra é o instigador de tumultos e desordens.
Vozes: - Prove isso.
(Susurro.)
O sr. Presidente: - O sr. deputado não póde dar explicações no meio d'este tumulto.
O sr. Arouca: - V. exa. acha que as palavras proferidas pelo illustre deputado são correctas? Peço a v. exa. que nos responda, para sabermos o que havemos do fazer.
O sr. Marçal Pacheco: - Retire o sr. deputado essa palavra.
O Orador: - Não retiro nada.
O sr. Lopo Vaz: - Insinuações d'esta natureza, ou se provam, ou se retiram. (Apoiados.)
A opposição protesta contra tal accusação. Se porventura o illustre deputado tem alguma prova em contrario, apresente-a; e senão tem, ao sr. presidente, em cuja imparcialidade confio, compete pedir ao sr. deputado que retire a phrase. (Apoiados.)
O Orador: - No outro dia...
O sr. Arouca: - Não é no outro dia; é preciso que o sr. presidente diga se as palavras proferidas pelo sr. Laranjo são ou não correctas.
O sr. Presidente: - O sr. Laranjo está no uso da palavra; estou certo de que s. exa. nas phrases que proferiu não teve intenção de offender a s. exa. (Apoiados.)
O sr. Arouca: - S. exa. diz-nos que somos amotimadores lá fóra e não nos offende? (Apoiados.)
Nós tomâmos a liberdade de não deixar fallar o sr. Laranjo, emquanto não explicar aquellas palavras. (Apoiados.)
O sr. Presidente: - O sr. Laranjo é quem tem a palavra.
O Orador: - Eu não sei se posso faltar. Realmente a minha situação é a seguinte: Quando eu começo a fallar, quando solto uma phrase, os illustres deputados dão-se por offendidos. Um dia.. .
Uma voz: - Ahi vem uma historia.
(Susurro).
O Orador: - Os illustres deputados, que contam tantas historias, não consentem que eu conto uma? (Apoiados.)
Vozes: - Agora não conta.
O sr. Presidente: - Se os illustres deputados querem que o sr. Laranjo dê explicações é preciso que o escutem. Nós me obriguem, pelo tumulto, a levantar a sessão.
O sr. José de Azevedo Castello Branco: - Nós o que queremos é que o sr. deputado explique a phrase ou a retire.
O Orador: - Os illustres deputados estão offendidos por uma palavra, que pela sequencia natural do discurso, teria, provavelmente uma explicação que o serenaria; polo menos não os deixaria tão agitados e por tal fórma; mas tomaram esta resolução não me querem ouvir Parecia-me conveniente que a opposição fosse tão serena como nós como, quando os ouvimos. (Muitos apoiados.) Ainda hoje os ouvimos dizer á maioria - que ella simplesmente tinha amor a estas cadeiras; (Apoiadas) ainda hoje ouvimos d´ahi a palavra carnavalesco!...
O sr. Arroyo: - O sr. presidente não chamou ninguem á ordem.
O Orador: - De maneira que a logica do sr. Arroyo e dos illustres deputados, seus collegas é a seguinte: quando elles fallam, só o sr. presidente póde chamar á ordem; quando nós fallamos, podem s. exa. chamar-nos á ordem a nós!... (Apoiados.)
O sr. Arouca: - Isto não acaba assim, havemos de seguir outro systema Preciso saber se o sr. Laranjo retira ou não retira as palavras que a opposição julga offensivas: e nas mãos de v. exa., entregues á sua honra e cavalheiro; deixamos esta questão.
O sr. Presidente: - Se s. exa. permittissem que o sr. Laranjo continuasse a usar da palavra, daria sem duvida explicações com as quaes s. exa. ficariam satisfeitos; mas s. exa. não consentem que falle!
O Orador: - Estava eu dizendo, que se os illustres deputados quizessem ser um pouco mais serenos e me quizessem ouvir em silencio, não seriam necessarias todas estas explicações.
Ora, os illustres deputados querem que eu retire umas palavras que proferi e nem elles já sabem quaes foram!
(Susurro.)
O sr. Presidente: - Peço ordem. Quem tem a palavra é o sr. Laranjo.
O Orador: - Eu fallava do partido regenerador, que lá fóra é representado tanto pelos srs. deputados, como pelos seus correligionarios. (Apoiados.) Visto que s. exa. atacam n'esta casa o partido progressista e os agentes do governo, tambem eu estou no meu direito dizendo o que penso do partido regenerador. (Apoiados.)
(Ápartes.)
Eu não sei que modo boja de se provar, de só explicar ou de se retirar qualquer cousa com estas interrupções. Querem os illustres deputados que eu me exprima por gestos? (Apoiados.)
Eu disse que o partido regenerador era mantenedor da ordem aqui, o instigador da desordem lá fóra. Foram estas as minhas palavras.
Vozes : - Prove, prove.
O Orador: - Pois provo. Não é preciso, para um partido ser promotor de desordens, que os deputados que o representam escrevam cartas, ou digam directamente a um ou a muitos individuos que façam esta ou aquella desordem. Basta, por exemplo, que os jornaes d'esse partido propaguem noticias falsas a respeito de propostas do governo, ácerca de tumultos e desordens em umas localidades, e com essas noticias incitem outras a tambem se agitarem.
Vozes: - Prove, prove.
O Orador: - Ahi têem, por exemplo, como prova, o supplemento de que aqui li parte.
O sr. Amorim Novaes: - É um jornal legitimista, não é regenerador.
O Orador: - Mas esse jornal faz agora amavel companhia a s. ex.ªs, e dou-lhes os meus parabens por isso. (Apoiados - Riso.)
Ah: têem tambem a Gazeta do Portugal, que está todos os dias gritando: ávante com a agitação; ahi têem o Jornal do commercio, que diz lá para fóra que o paiz está em sobresalto e que foram Apunhaladas sentinellas.
Uma voz: - Os regedores de Braga são tambem regeneradores ?
O Orador: - Não sei se são regeneradores; é possivel que o sejam, porque muitas vezes este governo cáe no erro de nomear regeneradores, mesmo para empregos de confiança. (Apoiados.)
A Gazeta de Portugal, jornal do sr. Serpa, chefe de uma fracção importante do partido regenerador, exporta para o paiz o para o estrangeiro...
Vozes: - Exporta para o paiz?
O Orador: - Sim, sr. Franco Castello-Branco; sim, illustres purista da lingua, a quem, mesmo no maximo ardor das discussões, não escapa nenhuma palavra menos correcta ou menos propria; repito e não corrijo a phrase - exporta para todo a paiz e para o estrangeiro, - porque, dentro do mesmo paiz, póde-se exportar e exportar-se effectivamente do uma terra para outra. (Apoiados.)
O sr. Marçal Pacheco: - V. exa. diz que a opposição que está n'esta casa, não promove as desordens lá fóra ?
O Orador: - Eu começára a fallar do partido regenerador quando me referia ao tratado de Lourenço Marques. Diza que o partido regenerador se apresenta como mantenedor da ordem aqui, e lá fóra, nos seus jornaes, ou por