O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

( 165 )

todo o seu crime: tal e, Sr. Presidente, a causa de toda a sua monstruosidade!

Não me demorarei par muito tempo a defendera Coallisão, porque nem ella tem de que se defenda. Os Srs. Deputados da maioria , que tão fortes ca-lumnias lhe assacam, que tantos esforsos tem feito para a apresentar como uro monstro horrendo, como um ajuntamento tendente a destruir todas as formulas constilucionae» , e a abalar o Estado desde os fundamentos, esses Srs. Deputados de certo não estão convencidos disso. Para o estarem seria mister, que ignorassem a natureza, e os fins de si-milhanles associações; e elles lêem ideas precisas, e claras do que é uma Coallisào. Oh. ! Sr. Presidente, não se vi» em 1839 em França unidos todos os lados da Camará dos Deputados para fazerem opposição ao Ministério Mole, e contra elle vence-^ rem as eleições? Não se viu alli Mr. Bcrrier, representando o principio da Legitimidade, ou de Henrique 5.° a trabalhar na lucta eleitoral d'accordo com Mr. Garnier Pagcs, que representava os princípios Republicanos? Não se viu o mesmo grande Orador da extrema direita combatendo ao lado de Mr. Maugiiin, que representa 09 princípios da extrema esquerda] Não se viu Mr. Odillon Barrot representante da esquerda , e Mr. Thiers resprescn-tando o centro esquerdo ligados com Mr. Guizot (actualmente Ministro dos Negócios Estrangeiros) representando o centro direito? R se nessa Coallisào se achavam unidos os elementos dos mesmos princípios, que o illustre Deputado entende, que aqui só para destruição da sociedade &e poderiam juntar; e todavia ninguém a appellidou de monstruosa: porque razào, porque motivo monstruosa «e ha de chamar a que se formou em Portugal ?

Faziam parte daquella domaria oppostos á actuai Dynastia de França : havia nella homens de princípios republicanos , que, por mais que se invente, não se devisam nesta monstruosa Coallisào ; porque não se pôde provar, que algum de seus Membros os tenha sustentado. É é esta a Coallisào monstro ! !!

Sc em França houve essa coallisão de differentes homens, representando differenles princípios, com o fim de conseguirem uma eleição, em que o Ministério não tivesse a maioria, com o objecto principal de derrubar esse Ministério : porque razão para o mesmo fim , e pelos mesmos princípios não seria possível - formár-se aqui outra, que não seja monstruosa? Principalmente quando os differenles elementos, de que ella se compõe, conseguindo o fun principal das eleições, ficam representando o que até alli representavam ? Pois ha por ventura alguma incompatibilidade para que aquelles, que separados representavam diversos princípios, depois de unidos para o fim communi das eleições, e da opposiçào ao Ministério actual, continuem a representar osmesmos princípios da supposla Legitimidade, da Carta Constitucional, e da Constituição de 38?

Com tudo agora devo dizer, que estou intimamente convencido de que ninguém na Coallisão ré-psesenta os princípios da Constituição de 38, quero dizer, para ressuscitar essa Constituição. Para introduzir no novo Pacto Fundamental alguns princípios da Constituição de 38 , sim , Sr. Presidente, ha lá quem por esse modo a represente. Eu mesmo, YOL. 1.°—JULHO —1842.

quando a occasião se apresentar, pela forma que * Carta Constitucional prescreve, terei também a propor, que alguns piincipios daquella Constituíçã-» se introduzam na Carta, que nos rege. Mas pela minha parte aproveito esta occasião para declarar muito altamente, que é injustíssima toda a accusação tendente a demonstrar, que alguém tenta ressuscitar o Código de 38. Não, Sr. Presidente, não ha deste lado revolucionários , que tal queiram revoluciona» riamente fazer; nem por tanto ha quem na Coal-lizão represente a Constituição de 38, senão, como acabo de dizer, para se introduzirem na Carta alguns princípios daquella Constituição, que se julgarem de maior conveniência publica; e eu, Sr. Presidente, tenho todo o direito de ser acreditado no que digo, porque ate hoje ainda não faltei aos princípios políticos. Tive acoragem de declarar neste mesmo logar, que não linha concorrido para a Revolução de Setembro, de que foi consequência a Constituição de 38; que se estivesse em Lisboa me opporia com todas as minhas forças a esse movimento; mas que depois de praticado o facto, e vUio, que o tinha abraçado, lhe havia de ser leal. Cum-. pri a minha palavra : e se houvesse de se combater em Lisboa pela Constituição de 1838, eu havia de ser um dos combatentes Do me«mo modo, e peias mesmas razões, tendo ella deixado de existir, não quererei novas revoluções para substituir esse Parto á C«rta Constitucional; porque assim como nHle se podiam introduzir as modificações, que fossem necessárias, ou mesmo substituil-o sem se recorrer aos meios illegaes, tumultuados, e revolucionários, assim também agora só pelos roei tis legaes se devem inserir em o Pacto, que nos rege, princípios da Constituição de 38, ou quaesquer outros.

Espero portanto ser acreditado nesta minha declaração: em quanto regeo a Carta, não quiz. nem queria que ella se destruísse: depois que se proclamou a Constituição de 1838, também de nenhum modo queria que ella fosse derribada : agora que a Carta é de novo a Lei de Estado, sou outra vez Cartista; e tenho dado bastantes demonstrações, (seja-me permittido faltar de mim neste momento) tenho dado bastantes demonstrações disso , ou de que «ou mais capaz de defender a Carta, que muitos daquel-les, que se denominão hoje grandíssimos Cartistas. (Apoiados).

Mas, Sr. Presidente, voltando ao assumpto, digo eu: em França acabadas as eleições de qup fatiei, ficaram todos esses Partidos que se juntaram, no mesmo estado em que se achavam antes delias. E então por que não acontecerá em Poftugal a mesma cousa?... Por que se ha de presistir na pretenção de fazer crer, que a Coallisão foi creada unicamente para destruir os princípios Constitueiónaes? E' o contrario disso:, foi para manter esses princípios, para a conservação delles na sua integridade e puresa, que homens de diversas crenças reuniram seus esforços para combaterem uma Administração, que os não observa. Mas basta de Coallisão.