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Como ia dizendo, a policia preventiva, que tào forte se apresentou nos outros pontos, diminiu no Porto; as patrulhas da Guarda Municipal diminui-rarn, porque alguma força delia tinha ido para dif-feientes Concelhos fazer as eleições , e era preciso que riào apparecesse muita, para que outra policia encarregada de a supprir podt-sse fazer o resto, ou melhor exercer o seu officio de cacetar. Assim em a noite de 4 de Junho, quando o Capitão Veiga ia para sua casa , tendo o infortúnio de ser encontrado, e reconhecido por um bando de caceteiros, gritaram esle.i logo—mata, mala que é o Veiga,-—e cacetadas Iliederam, e elle foi logo ferido. Refugiou-se em uma venda, que estava aberta , e senão fosse a sua coragem, de certo perdia a vida um homem , que tantas vexes a tinha exposto nos combates, por que á venda foi de novo acommetter todo o tropel dos cacel«;iros. Estava elle a braços com um desses caceteiros, quando appnreceu uma' patrulha, que por essa occssião o salvou; mas note-se, que por mais que tocassem os apitos, nenhuma outra acudiu. K então sabe V. Ex.a quem o salvou ? Foi o Capitão Guilherme da Guarda Municipal, e dois cidadãos seus amigos, dos quaes sinto não me lembrarem agora os seus nomes para 05 nomear. Todos esles cidadãos receavam muito poder conduzi-lo são, e salvo , isto é, com vida , porque elle já estava ferido; e só poderam em fim leval-o para o Quartel da Guarda Municipal, aproveitando habilmente o momento, em que os caceteiros estavam todos cuidando desalvar um dos seus companheiros, que tinha sido preso em flagrante delicio ; aquelle, que lucta» vá com o Capitão Veiga, quando a patrulha chegou. E este indivíduo.foi imrm-dialamente posto em liberdade, e foi unir-se logo aos outros para continuar a espancar os cidadãos pacíficos: e o Capitão Veiga foi por rnuito favor do Offlcial da Guarda Municipal, que estava de dia, mandado para casa sob sua palavra , com obrigação de se apresentar no dia seguinte !

Negar-se-ha que o Sr^ Passos José foi na manhã do dia ô corrido a cacetadas desde o Largo da Lapa ate' o de Santo Ovidio, e também por um bando de caceteiros? Negar se-ha que teria ahi perdido a vida, se alguns Officiaes o não livrassem? Negar-se-ha que nenhuma força de linha excepto aquelles Officiaes, nem da Guarda Municipal, acudiu aoSr. Passos José'? Negar-se-ha, que a única arma que o Sr. Passos José tinha comsigo era a Carta Cons» litucional? E essas barbaras cacetadas no Sr. Passos José também seriam por elle provocadas?

Sr. Presidente, quando o Sr. Passos José chegou á Lapa, nem gente havia, que elle podesse provocar; porque era muito cedo, e só lá encontrou postados os caceteiros salvadores, que â força de cacete, e pelo atrocissimo espancamento do Sr. Passos, deviam salvar para o Ministério as eleições, que se iam fazer n.a Lapa. E quem conhece o Sr. Passos José, sabe muito bern , que esse pacifico, e tolerante cidadão, esse virtuoso Português, esse desinteressado patriota, esse homem verdadeiramente VOL. 1."—JULHO —1842.

liberal, e' incapaz de provocar a quem quef que seja,

Negar-se-ha, que no acto de ô espancarem foram presos dois caceteiros? Presos em Santo Ovidio, e devendo ser entregues ao Administrador desse Julgado, ao Sr. Antero, filho do Sr. Albano, porque este Magistrado Administrativo não protege a impunidade, não lhe foram os presos apresentados. Pois negar-se-ha que elles foram mandados para o Administrador do Julgado de Santa Cattoarina, para serem logo solto*, o que não succederia se fossem para o Administrador do Julgado de Santo Ovidio? Negar-se-ha, que effecli vá mente foram postos logo em liberdade , e que foram logo continuar no desempenho do seu importante officio ?

Negar-se-ha , que mais dois cidadãos (os Srs. Limas) foram também perseguidos pelos caceteiros desde a Lapa até o fim da rua do Almada? Negar-se-ha, que passando assim, acossados pelos seus perseguidores, pelo quartel de um, ou dois corpos de linha, soccorro alg-um lhes foi prestado? (P^ozes: — Nega-se, sim senhor). O Orador :-~- Nega-se, porque tudo se nega; mas nem por isso estes factos deixam de ser verdadeiros, e lá estão consignados nos Jornaes do Porto, onde não ha Jornal que sustente os princípios políticos que eu professo. Nega-se ; mas o que aconteceu, sabe-se muito bem , e eu o vou dizer. Aconteceu , que depois destes cidadãos estarem já na sua casa, depois de se terem n&lla íe» chado , e depois de terem manifestado a resolução* • de ahi se defenderem até á ultima, se lhes cqllòéòu.' então uma guarda á porta. E aconteceu mais xjue essa meaina guarda lhes foi tirada á noite, quando mais precisa lhes era.

Sabe V. Ex.a o que resultou destes espancamentos? Resultou exactamente o que se queria que resultasse: os Eleitores Opposionistas sumiram-se, por-.que tinham amor á vida; e a eleição fez-se depois na melhor ordem possível, com a mais inteira liberdade, e quasi sem divergência.

Entraram na urna 611 listas, e os candidatos do Governo obtiveram 602 votos. Eis aqui a razão» porque se deram cacetadas, e ofnnparaque se deram. Nas outras Assembléas houve mais alguma diffe* fença ; mas também muitíssimo pequena. Não foram portanto as eleições do Porto grandemente legaes?? Não podem por conseguinte offerecer-se para norma de todas as outras ?!!

E negar-se-ha também, que no dia dois de Junho foi mandado um destacamento da Guarda Mu* nicipal para Villa do Conde? O destacamento com-prehendeu bem qual era a sua missão ^ -e desempe* nhou-a fielmente. Logo no dia 4 um cidadão pacifico, mas que tinha o gravíssimo crirne de trabalhar nas eleições contra o Governo, deveu á sua pro-pia fuga o não ser espancado pelos Municipaes!

Chegou finalmente o dia 5, o dia fixado para a formidável batalha , e as mais acertadas disposiçõe» foram tomadas.

Nem os pobres Veteranos de Villa do Conde ficaram em ociosidade. Esses foram postados ú entrada da Villa, tendo algum dos agentes eleitoraes á sua frente: parte do destacamento da Guarda Mu* nicipal acompanhou desde sua casa até á Igreja, que era o campo do combate, o famoso General da acção (e este era o Administrador do Concelho) ahi uma parte do mesmo- destacamento occupou as des«