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232 DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

O governo cumpriu effectivamente o compromisso que tomara.

O governo tinha-se compromettido, respondendo ao sr. Henrique de Macedo, a que as cortes seriam convocadas durante o anno passado; e o mesmo digno par queria que o governo se compromettesse tambem a que as reformas constitucionaes ficassem feitas no anno de 1884, ao que o governo respondeu, pelo meu órgão, que me compromettia a reunir a camara nesse anno, e reuniu-as.

Foi isso o objecto da minha conversação com o illustre deputado, mas declarei que não me podia comprometter a que as reformas políticas fossem votadas em 1884.

Esta declaração não foi feita officialmente na camara dos pares, mas constituiu o assumpto de uma conversação com o illustre deputado que acabou de fallar, e sinto que uma conversa particular, embora sobre assumptos públicos, fosse trazida para o debate. (Apoiados.)

O sr. Emygdio Navarro: - Uma conversa ácerca de assumptos politicos com o chefe de um partido não é particular.

O Orador: - Fico sabendo que não posso conversar sobre política com os meus amigos que pertencem ao partido progressista, porque nesse partido tambem tenho amigos, e sinto que a declaração do illustre deputado me minha das minhas boas relações com elles. Poderei conversar com esses meus amigos ácerca do sol ou da lua, ácerca do bom ou mau tempo, mas nunca sobre política. (Riso.) (Apoiados,)

Eu não accuso, defendo, e a posição é diversa. Como defeza tenho direitos como os não tem a opposição, mas não uso delles.

E verdade tudo quanto diz o illustre deputado. Eu estava na idéa de reunir as cortes em novembro, e tanto estava, que foram convocadas para 5 desse mez. Houve depois disso circumstancias de que sú o governo é que pôde, bem ou mal, ser juiz e que o levaram a adiar as curtes para 15 de dezembro.

Ora, o illustre deputado não deixava ao governo o direito de adiar as cortes, embora nada estivesse pactuado a esse respeito o sim affirmada a liberdade de acção tanto para a opposição como para o governo.

Se aqui ha alguma falta da minha parte será a de não ter comprehendido bem o cavalheiro com quem tinha fallado; e a esse respeito eu direi só uma cousa.

O illustre deputado não estava então em Lisboa, e eu pedi a um membro do partido progressista dos mais auctorisados de entre a grey, que lhe fizesse constar os motivos que eu tinha para assim proceder; mas não tive resposta.

A pessoa a quem fiz o pedido está presente.

Já vê, pois, a camara que não faltei a nenhum dever de delicadeza; podia ter errado no procedimento que tive, mas não faltei comtudo ao meu dever, nem á devida lealdade.

Estes eram os pontos principaes que tinha a tocar em resposta ao illustre deputado.

A camara comprehende bem, que, graças a Deus, nem a saúde me falta, por ora, póde faltar-me amanhã, nem a força e o vigor com que costumo entrar nas discussões, me impedem de continuar; podia continuar a fallar ainda, uma ou duas horas, mas a camara é que não póde continuar a ouvir-me.

Digo como o illustre deputado que me precedeu: não faltarão occasiões em que tome ainda a palavra em defeza dos actos do governo, se tanto for necessário; não devendo alem disso esquecer que tenho seis collegas, que são todos parlamentares experimentados e das primeiras espadas nestas luctas.

E a proposito disto direi ao illustre deputado, que prefiro antes escolher ministros entre os sábios do que escolhel-os entre os ignorantes. (Apoiados.)

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem.

(O orador foi cumprimentado por muitos srs. deputados.)

(S. exa. não revê os seus discursos.)

O sr. Presidente:-A ordem do dia para amanhã é a continuação da que estava dada.

Está levantada a sessão.

Eram cinco horas e um quarto da tarde.

Redactor - S. Rego.