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tomei a minha responsabilidade, hoje entendo que devemos aproveitar-nos da experiência: a vida é a educação dos indivíduos e oxalá que os partidos se educassem, oxalá que todos aprendêssemos nas duras lições da experiência porque temos passado; oxalá que aillegalidade não fosse mais invocada como uma virtude para os que vencem, oxalá que a experiência de opiniões uma vez provada sem resultados profícuos, não fosse invocada com o titulo exclusivo do nosso único merecimento. E não cuidem os illuslres Membros desla Assembléa que lhes faço uma aceu-sação; éuma defeza, porque os que defenderam uma medida em uma época, não estão provados de a impugnarem em outra diÍTerenle.
E verdade que os princípios são eternos, mas a applicação varia; é verdade que os princípios são verdadeiros, mas é lambem certo, e a historia de todas as nações mostra, que aquelles homens que mais fortemente impugnaram certas medidas, foram os primeiros a adoptal-as quando reconheciam a sua necessidade.
E também verdade, que examinando a historia desses povos a que nós muitas vezes alludimos, ali achamos que os homens do caracter mais distincto fazem approvar medidas que até alli tinham combalido.— Não vemos nós no Parlamento inglez o Duque dc JFellinglon quetendo-se opposlo áemancipação dos Calholicos veio em outra época apresental-a como um aclo da sua administração para que ella fosse approvada . Mas porque?... Porque esse homem, como elle disse, linha lido medo da guerra civil. — Grande cousa é saber ter medo; também é uma virtude politica. Sim, Sr. Presidente, esse Capi-lão, que não teve medo diante dos homens mais valentes; que não receou enconlrar-se com o primeiro Heroe desta época, leve medo da guerra civil, e por isso transigiu com o espirito, ou opinião contraria á que em outra época elle tinha ; e o Duque é chamado o Duque de Ferro. — Outro homem lambem, da coragem civil mais dislincla, outro homem que apresentou mais tenacidade e força, Casimir Perricr apresentou em 1830 um projeclo para a abolição da hereditariedade do parialo, declarando que reconhecia que a medida era má, mas que cedia á opinião publica.
Sr. Presidente, é necessário atlender á opinião publica, é necessário não digo fazer-lhe sacrifícios, porque eu não enlendo que seja fazer sacrifícios o seguir as intenções do paiz. — Eu sou moderado, eu aprecio'as idéas moderadas, mas a moderação é necessário que se revisla de um caracler, para que cífectivamenle o seja ; para haver moderação é necessário que ella seja possivel, é necessário que ella nunca queira praticar o que é impossível, ou pelas cir-cumslancias, ou pela opinião geral do paiz; ser moderado' é ser do seu tempo, ser moderado éser da opinião da maioria da sua nação, e ainda que o homem retirado dos negócios politicos possa conilemnar a marcha de entre elles no seu paiz, não pôde ser homem publico senão marchando de accordo com a opinião do seu paiz.
Sr. Presidente, as nações são a agglomeração de indivíduos que tem interesses, que lem opiniões diversas, que constituem um capital commum. O mesmo são os partidos, quando elles comprehendem um ' grande numero de indivíduos, e que se ligam por ideas, e por factos, e não sc diga que eslas mesmas Si,ssu» ]SI." ];>.
opiniões não devem ser representadas no Parlamento, porque na minha opinião todas as diíTcrenles cõrcs politicas devem ser representadas, porque de todas ellas se compõe a nação. — Em 1837 existiu um Parlamento aonde não havia senão dois indivíduos de uma cór politica, e então pareceu-me isso tão mal, como mal me parece em 1848 ver tantas cadeiras vasias deste lado da Assembléa. (Uma voz: — Isso é a minoria da nação.) O mesmo se disse em 1837. — Mas então aponlava-se para o lado opposlo. Quando o Sr. Gorjão perguntou naquella época se os parlidos estavam representados no Parlamento na proporção que lá estavam fora?... Disseram-lhe que sim, e disseiam mal. Sirva-nos a experiência. Não se commelta duas vezes o mesmo erro.
Quem tem lido, e estudado um pouco a nossa historiados últimos tempos vê que os partidos morrem, porque não satisfazem á situação do paiz, e que o partido que morre, é porque eslava doente.
Sr. Presidente, fez-se uma eleição geral neste paiz depois de graves acontecimentos; essa eleição trouxe quasi uma unanimidade : examinemos alé que ponlo essa quasi unanimidade pôde considerar-se como a legilima, como a regular expressão da vontade nacional que foi chamada a emittir a sua opiniãoj no Collegio eleiloral. Houve eleições, e os excludos queixaram-se altamente, houve proleslos, houve declarações, houve recursos, em uma palavra houve um clamor da parte dos que foram excluídos, porque oforam mal; masdiz-se — Que novidade! Todos aquelles que são vencidos nas eleições fazem o mesmo.— Dir-me-hão que ainda não houve um partido vencido, ou uma fracção que não recorresse aos mesmos argumentos — com uma differença porém, que uns se queixam de factos de gravidade que pôde importar uma condemnação, outros se queixam sem fundamento, e se por acaso assim não fosse, provava o argumento de mais, provava que nunca ninguém se podia queixar com razão. Ora é verdade que nas outras nações vemos queixar do resultado da urna, por exemplo, na França queixam-se do resultado eleitoral; mas de que se queixam? Queixam-se de o Governo ler dado um estanco de tabaco a uni eleitor, de ter dado um painel para uma Igreja, ou de ler dado um sino para uma Parochia. Ora aqui está a grande corrupção! Sr. Presidente, estávamos bastante adiantados, senão houvesse entre nós queixa senão por o Governo dar um estanco, um sino, ou um quadro, mas os parlidos queixam-se d'ontros actos, queixam-se porque lhes tolheram os recursos naturaes que tinham para trabalharem : mas, diz-se, em todas as eleições se tem diclo sempre o mesmo, mas isto mesmo prova dc mais, como já disse, porque então nenhum partido tinha nunca razão. É preciso vêr até que ponto, e em que conta se acham os partidos; se differe d'nquella em que se queixam os partidos vencidos.