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ouvi fallar da eleição de Aveiro e de um Protesto sobre ella, desejava, como pertencendo á Commissão que deu o seu Parecer sobre esta eleição, que o Sr. Avila tivesse a bondade de me dar uma idéa do que acabou de dizer.

O Sr. Avila: — O Sr. Presidente deu conhecimento á Junta Preparatoria de que estava sobre a meza um Protesto relativo á eleição de Aveiro: ora aqui ha duas coizas a fazer, ou deixar o Protesto sobre a meza para poder ser consultado pelos Membros desta Junta, ou manda-lo á respectiva Commissão: eu intendia que era mais conveniente que se mandasse á Commissão fazendo-se o seguinte: como estão dados para ordem do dia outros Pareceres, quando se chegasse á eleição de Aveiro, se a Commissão ainda não tivesse podido apresentar o seu Parecer, continuava a discussão sobre outro Circulo: supponhamos que este Protesto era de pouca monta, a Commissão dava hoje o seu Parecer, quando chegassemos á discussão da eleição de Aveiro, podiamos entrar nesse debate; e se a Commissão não tivesse ainda dado o seu Parecer, era porque o Protesto era de alguma importancia; isso mesmo provava a necessidade de ser examinado pela Commissão, e esta Junta mostrava aos requerentes que o direito de petição não era uma irrisão: desta maneira satisfazia-se tudo e não havia a menor demora na discussão.

O Sr. Alves Martins: — Estou de accordo com O illustre Deputado, e é provavel que a Commissão dê o seu Parecer antes de se chegar á discussão da eleição de Aveiro.

Resolveu-se que o Protesto fosse remei tido á Commissão, para sobre elle dar o seu Parecer.

O Sr. Conde da Louza (D. João): — O Sr. Visconde de Monção encarregou-me de communicar a esta Junta, que por motivo de doença não comparecia hoje é. Sessão.

O Sr. D. Rodrigo de Menezes: — Pedi a palavra para communicar a esta Junta que o Sr. Deputado Ottolini não comparece hoje á Sessão por incommodo de saude.

Aproveito tambem esta occasião para perguntar a v. Ex.ª se unia disposição regimental da Camara transacta está ou não em vigor. O Sr. José Estevão na Camara passada propoz que os Srs. Deputados que pedissem a palavra, declarassem, se era pro ou contra para fallarem alternadamente, e a practica mostrou que este methodo era util, ora se elle está em vigor, não tenho nada que dizer; mas se não o está, desejo mandar para a Meza uma Proposta neste sentido. (Vozes: — Isso é para quando o Camara estiver constituida.)

O Orador: — Nesse caso reservo-me para então apresentar a minha Moção.

Continuando aproveito tambem esta occasião para pedir a v. Ex.ª que a Meza se dirija officialmente aos Srs. Deputados eleitos pelo Continente e que não mandaram até hoje as suas escusas, convidando-os a virem tomar o seu logar nesta Casa, porque desde o momento em que a Junta Preparatoria se constituir em Camara, não podemos funccionar sem o numero de 79 Srs. Deputados; e como até hoje ainda se não reuniram mais do que 68, 69, 70 e 71 que é o maximo que se tem apresentado, por isso mando para Meza a seguinte:

Proposta: — Proponho que se officie aos Srs. Deputados, que ainda se não apresentaram na Camara, para que venham occupar as suas cadeiras, pela necessidade que ha de numero para se constituir a mesma Camara. — D. Rodrigo J. de Menezes. Não foi admittida á discussão.

ORDEM DO DIA.

Continuação da discussão do Parecer da 1.ª Commissão de Verificação de Poderes.

O Sr. Presidente: — Na ordem da inscripção segue-se o Sr. Nogueira Soares com a palavra.

O Sr. Nogueira Soares: — Como o que eu tinha a dizer é pouco mais ou menos o mesmo que expoz o Sr. Justino de Freitas, e não querendo tornar tempo á Junta, peço a v. Ex.ª que dê a palavra ao Orador que se segue, que é o Sr. Antonio da Cunha, inscrevendo-me de novo para fallar, quando me competir.

O Sr. Cunha Sotto-Maior: — Sr. Presidente, declaro que acceito com repugnancia a palavra, porque tendo idéas sobre o Systema Representativo muito differentes das professadas pelo Governo, é-me muito desagradavel fallar, estando completamente desertos os bancos dos Srs. Ministros. Intendia e intendo que os Srs. Ministros devem estar nas suas Cadeiras; esta opinião é perfeitamente constitucional e parlamentar, e não conheço nem reconheço em ninguem delegação para responder pelo Ministerio. Estimaria que o Sr. Nogueira Soares tivesse usado da palavra, para vêr se durante o tempo, que S. S.ª estivesse fallando chegava algum dos Srs. Ministros. Mas como a minha má sorte quer que eu seja em tudo contrariado, direi o que tenho a dizer. Os bons desejos e empenho que v. Ex.ª mostra pela regularidade dos nossos trabalhos; a cor dura do seu caracter, e a benevolencia com que me tracta, impõe-me o rigoroso dever de me conduzir nesta discussão de fórma tal, que não desmereça da estima com que v. Ex.ª me honra.

Sei que dois dos Srs. Ministros não podem vir á Sessão por motivos de molestia; e se a attenção não fosse em mim um principio de educação, bastavam os sentimentos de humanidade para não ir aggravar a enfermidade de S. Ex.ª Tractarei só da questão eleitoral prescindindo de outra qualquer que possa ir ao leito dos valetudinarios apoquentar-lhes a pouca saude.

Seguindo o exemplo do meu nobre amigo e Collega, o Sr. Corrêa Caldeira, aproveito esta occasião para dar com toda a lealdade os meus sinceros agradecimentos aos Eleitores de Béja, que pela segunda vez me fizeram a honra de eleger seu Representante. Se até aqui a fidelidade era em mim simples como o instincto; de hoje avante será illustrada como a razão, forte como um sentimento, e sujeita como a obediencia.

Sr. Presidente, não desejo por fóra desta Casa ninguem, e ainda que tivesse esse desejo e essa vontade faltavam-me as forças para a execução; mas eu que fui testemunha, eu que ouvi accusar severa e desapiedadamente os Governos passados pela ingerencia nos Processos Eleitoraes, não posso levar a minha indifferença a ponto tal, que me esqueça da interferencia mais que escandalosa que o Governo exerceu na actual eleição. Não ha exemplo nos nossos fastos parlamentares, sujos e emporcalhados como são, de tanto escandalo, de tanta indignidade, e de tanta corrupção. O Governo já confessou a sua interferen-